Matéria digitalizada do Jornal do Commercio de 14 de Janeiro de 2013, Caderno Dois.
Catedral recebe água de cheiro - Lavagem do Bonfim de Olinda
A cerimônia, que acontece há 30 anos, é uma reverência a Oxalá, orixá que no sincretismo religioso corresponde a Jesus Cristo.
No lugar da Igreja do Bonfim, que está interditada por causa de rachaduras, adeptos do candomblé realizaram simbolicamente na tarde deste domingo a lavagem dos degraus da Catedral da Sé, em Olinda. A cerimônia, que acontece há 30 anos, é uma reverência a Oxalá, orixá que no sincretismo religioso corresponde a Jesus Cristo.
Para o babalorixá Alexandre L’Omi L’Odô, que há uma década participa do cortejo, a mudança no local era indesejada mas acabou sem alterar o sentido da festa. “A Catedral da Sé é a igreja de São Salvador do Mundo, que também é uma representação de Jesus Cristo”.
Como tem um adro maior, na opinião dele, a Sé deve ser mantida como ponto de partida da lavagem no próximo ano. “A parada, com louvações na Igreja do Bonfim, manteve o propósito da festa”, considera o babalorixá, do terreiro Ilê Yemanjá Ogunté, de Água Fria, Zona Norte do Recife.
Assim como na Lavagem do Bonfim da Bahia, desde 1773 em Salvador, pais e filhos de santo vestidos de branco jogaram sobre os fiéis água de cheiro. O cortejo desceu ao som dos atabaques pela Ladeira da Sé. Da Rua do Bonfim, seguiu pela parte baixa do Sítio Histórico até Vila Popular, onde está o terreiro de Raminho de Oxóssi, um dos idealizadores da cerimônia.
Centenas de pessoas assistiram à lavagem, iniciada às 16h. O casal Antônio Lopes de Souza e Neide Medeiros Gomes Lopes aproveitaram para dançar. “É uma cerimônia muito bonita e o ritmo é contagiante.”
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Bom pessoal, diferente do que afirma a matéria, não sou babalorixá. Estou até bem próximo de receber os direitos que a tradição me reserva, pois já tenho quase 10 anos de iniciado ao Orixá Oxum. Quando tiver de ser será... Portanto, peço desculpas aos irmãos e irmãs do axé, pois não foi minha intenção passar esta imagem na matéria. Infelizmente jornalistas ainda não compreendem nossas nomenclaturas sacerdotais, e por isso, por muitas vezes colocam termos que não entendem. Bom, escrevo estas linhas apenas pra justificar esta questão necessária, pois jamais me prevaleceria de um cargo sacerdotal no candomblé para me beneficiar de forma falsa. No mais, a matéria está muito legal e positiva para nossa religião que sofre toda forma de opressão racista. Axé e salve a fumaça.
Alexandre L'Omi L'Odò
Quilombo Cultural Malunguinho
alexandrelomilodo@gmail.com
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