Espaço internacional de discussão e troca de saberes. Local para estreitar nossas negras discussões e lucubrações sobre a Música Percussiva (Yorùbá/afro-descendente e nordestina) e as religiões das matrizes indígenas e africanas, além de todo o seu imaginário histórico, social, cultural e pedagógico. Local de exposição de vivências práticas com a religião negra!!!
Memória do II Kipupa Malunguinho - Divulgação no programa Sopa Diário da TVU
É sempre bom rever nossa luta nos primórdios da construção da revolução histórica do povo da Jurema. Rever este pequeno trecho do Programa Sopa Diário da TVU (de 24/10/2007) apresentado pelo amigo Roger de Renor, é reativar o calor da alegria dos velhos tempos de luta. Veja as nossas falas (minha e de João Monteiro) nos 2:50 do vídeo.
Não Imaginávamos que quase dez anos depois o Kipupa se transformaria no grande Encontro Nacional dos Juremeiros, unindo gente de toda parte dentro da mata sagrada da Jurema, o mítico Catucá... Hoje, o evento agregar mais de 3 mil pessoas entorno da figura história e divina de Malunguinho. Isso é motivo de orgulho para mim!
Crescemos e aparecemos... Muitas lutas, muitos desafios... Mas continuamos firmes na fé e no amor a nossa tradição religiosa da Jurema Sagrada. Com ela vamos até o fim!
Salve o Catimbó! Salve a Jurema Sagrada! Salve nossa Luta! Salve o Reis Malunguinho! Sigamos firmes! Sobô Nirê Mafá!
Hoje decidi realizar um trabalho que há alguns meses havia pensado. As constantes queixas de intolerância religiosa sofrida pelo povo de terreiro de Peixinhos sempre bateram na minha porta para que eu pudesse ajudar no que fosse possível... Sempre articulei e ajudei como pude, mas hoje rompi com a ausência do Estado e decidi eu, o Quilombo Cultural Malunguinho e a Casa das Matas do Reis Malunguinho agir! Crie a Campanha: INTOLERÂNCIA RELIGIOSA É CRIME! RESPEITEM O POVO DE TERREIRO! A campanha consiste em levar faixas com os citados dizeres e o número da lei de combate à intolerância religiosa à terreiros que estão sofrendo tais crimes. O primeiro templo a ser atendido pela campanha foi a Terreiro de Jurema do Preto Velho Trapiá, que está localizada na Rua da União, n.177, no bairro de Peixinhos/Olinda - Pernambuco. O Pai Aílton e família, que tem este terreiro desde 1972 no mesmo local, está sofrente constante intolerância religiosa por parte de recentes vizinhos evangélicos que os destratam quase que cotidianamente. Uma igreja também foi aberta por estes mesmos vizinhos quase de frente ao terreiro e os insultos nos cultos são constantes. A demonização das práticas de terreiro etc. São apenas uma das questões que estão sendo proferidas contra o Sr. Aílton, sua filha e esposa. A faixa colocada em frente ao seu Tereiro serve como aviso, para que estes vizinhos saibam que existem leis que podem puní-los perante seus atos. A mensagem contida na faixa serve como AVISO de que ninguém ali está sozinho ou desamparado... Vivemos em um dos Estamos mais racistas da federação. E infelizmente não temos uma política de respeito à Diversidade religiosa implementada em Pernambuco. O povo de terreiro está super desprotegido e quase sem representação política. Aliás, não temos representantes políticos eleitos para nos defender de fato! Temos que nos jogar na frente deste campo de batalha e lutar pelo nosso povo. Somos numa família só, e devemos nos unir contra os cruéis atos de intolerância religiosa que sofremos. A faixa pode ser algo pequeno perante a necessidade de reparação e proteção que temos. Mas já é uma forma de sinalizar que estamos nos organizando contra estes crimes. Nós não estamos desamparados completamente e estamos dispostos à vencer esta guerra absurda do racismo e do desrespeito ao sagrado do outro. Sigamos em frente POVO DE TERREIRO, somos nós por nós mesmo! Não vamos ficar parados! Onde estiver acontecendo a intolerância nos chamem que ajudaremos como podemos! DISK 100 e denunciem! E nos contactem que podemos articular formas de ajudar seu terreiro. Sobô Nirê Mafá! Firmes na Luta! Vamos dizer NÃO à Intolerância Religiosa! TEMOS QUE FAZER UM!
Alexandre L'Omi L'Odò
Membro do Comitê Nacional de Respeito à Diversidade Religiosa da Presidência da República
“ O projeto Sobô nirê:
Meu Labor da Mata” convida a todos para esta viagem de sons, o sagrado da
Jurema, os tambores, a criação de uma musicalidade que preserva a nossa memória
ancestral tantas vezes renegada. Abrimos as matas para você se deleitar com
este grande experimento musical da tradição oral ligada as religiões afroindigenas”
(Ricardo Nunes- Jornalista e Juremeiro)
Como
forma de preservar o patrimônio imaterial da Jurema Sagrada contido nas toadas
de louvação à Malunguinho, o Quilombo Cultural Malunguinho lança em parceria
com o Estúdio Peixe Sonoro, do Centro Tecnológico de Cultura Digital
(CTCD/ITEP) o projeto de CD intitulado Sobô Nirê- Meu labor da mata.Em comemoração ao mês da Consciência Negra
disponibilizamos três faixas para Download. Uma degustação especial desse grande projeto!
O
CD Sobô
Nirê- Meu labor da matacontém 14 faixas com um mix entre toadas
tradicionais e músicas inéditas com criações e arranjos que trazem a identidade
sonora de cada artista pernambucano integrante do projeto. O processo de captação, pós-produção e
finalização foi realizado no Estúdio Peixe Sonoro (CTCD/ITEP), a pesquisa
histórica e a articulação cultural artística ficaram a cargo do Pesquisador
Alexandre L’Omi L’Odò, Quilombo Cultural
Malunguinho. A produção musical esteve à cargo do músico Rinaldo Aquino, Ogan.
Este
projeto foi assinado como produção do Selo Fonográfico Peixe Sonoro, contando
com uma produção colaborativa entre o CTCD e os artistas convidados: Karynna
Spinelli, Bojo da Macaíba, Coco dos Pretos, Bongar, Lucas dos Prazeres e
Chinelo de Iaiá. Todos os artistas cederam os direitos autorais e de uso de
imagem e som para o projeto.
Malunguinho
era o título dado aos líderes quilombolas do Catucá. Ele, ou eles foram heróis negros,
líderes quilombolas que defenderam por mais de 30 anos o quilombo que se
localizava no que hoje geograficamente
compreendemos como Mata Norte de Pernambuco. No culto da Jurema Sagrada, estes
heróis transformaram-se em uma única divindade conhecida como Reis Malunguinho.
Este (estes) personagem da luta por liberdade dos negros e negras em Pernambuco
foi negado pela historiografia oficial e preservado como divindade na tradição
da Jurema, religião de matriz indígena do Nordeste do Brasil.
Este
registro inédito da oralidade dos terreiros integra o patrimônio imaterial dessa comunidade
tradicional e remonta as antigas lutas do Quilombo do Catucá. Acredita-se que
Malunguinho esteja entre entidades e divindades do culto da Jurema que tem a maior
quantidade de toadas para os mais diversos tipos de rituais. Por este motivo
torna-se necessário ampliar e provocar uma nova percepção, onde as toadas possam
ocupar espaço no cotidiano recontando a história dos povos afroindigenas a
partir de seus heróis e divindades.
Como uma suave brisa acolhedora do passado... minha madrugada foi o maior presente que poderia ter.
Um reencontro mágico com uma das pessoas que mais amei na vida, a minha primeira namorada...
Mais de vinte anos sem se ver e sem contato. Achei que jamais a veria outra vez. Minhas curiosidades eram inúmeras, as saudades eram grandes.
Emocionei-me profundamente. Este reencontro era tudo que mais queria. Afinal, sou do tipo que nao gosto de perder as pessoas que amo. Quero todos e todas perto. Amor é maior que sexo e questões de relacionamento tradicional homem/mulher. Compreendo o amor como a suprema força que rege minha vida. Que quer ter todas as pessoas boas perto para podermos compartilhar a vida de forma aberta, suave e consciente. Temos que estar juntos para trocar axé. Para trocar nossa alegria e ajudas...
Anos após anos de espera. Não uma espera angustiante, mas um desejo de saber como se passava aquela menina ariana de personalidade forte que tive o prazer de compartilhar uma das melhores fazes de minha vida, a infância e adolescência... Finalmente meu zap tocou e era ela me chamando de "Xando" como antigamente. Nem acreditei... mas vibrei de alegria. Vibrei tanto que sorri alto, dando numa agitada dobrada de tanta alegria.
Reencontrei parte de mim. Reencontrei parte de minha vida. Mais uma peça do meu grande quebra-cabeça foi encontrada e encaixada...
Fiquei tão feliz que chorei. Chorei de agradecimento. Pedi a bênção à Tupã e Olorun, pedi bênção à minha mãe Oxum. Pedi bênção ào meu Reis Malunguinho. Este foi um recado grande da espiritualidade. Foi um fundamento do Kipupa, foi um presente de paz.
Como diamante está em minha vida Masta. Minha Masta, a minha avó que só traz coisas boas para meu caminho. Silvia Dias (Masta) representa este espírito protetor e de abertura de caminhos para mim. Ela é de fato a meditação da alegria. Minha avó da alegria, que sabe me fazer feliz... foi ela quem proporcionou este reencontro. Foi ela quem que buscou na fonte esta alegria para meu espírito. Obrigado. Te amar já me garante um bem enorme nessa vida. Somos espíritos indissolúveis!
Ler: "Xando, é Flávia de Solange... Foi Masta que me deu teu fone, lembra de mim?" Foi a melhor coisa dos últimos anos. Estava mesmo precisando de uma alegria grande, para me dar mais força...
Daí conversamos horas seguidas. Matamos nossas curiosidades e relembramos os bons tempos. Contamos um pouco da vida de um para o outro e irmos muito juntos. Mexemos no baú das boas memórias... das fotos antigas e das histórias antigas... rsrsrsrs lembramos como éramos felizes. Como nosso passado era rico e alegre. Como nos fizemos bem... Foi bom demais!!!!
Foi tanta alegria que dormi às quatro da manhã quase sem sono. O destino por anos nos afastou de forma inexplicável. Hoje tivemos a chance se nós revermos. E vamos sim nos rever pessoalmente. Este momento romperá toda desconstrução que a distância não oportunizou realizar. Será um tombo no tempo! Vai ser massa!
Hoje ela é mãe de duas folhas e segue seu caminho na luta diária de todos nós. Ela também ficou profundamente feliz com este momento e fomos sinceros o suficiente para dizer que nos amamos. Que no passado fomos o primeiro amor um para o outro e que este sentimento perdura até hoje. Fomos inesquecíveis um para o outro. Isso foi um fato reciproco confirmado por ambos...
Sei que tudo mudou. Não somos mais os mesmos. Temos caminhos e vidas diferentes. Mas o importante foi saber que existimos no agora e que habitamos por toda vida um dentro do outro, como amigos puros e livres de amarras de padrões que poderiam falar pra nos ajudarmos e não reconhecermos nossas verdades mais intrínsecas.
Escrevi este pequeno texto para marcar o dia de hoje. O dia de uma grande alegria e contentamento para meu espírito. Finalmente te reencontrei. Esta missão nesta vida cumpri. Obrigado, você foi essencial para a construção de meu ser. Axé!
*na foto Flávia celebrando 16 anos de idade. Sempre com este olhar forte! Rsrsrsrs
1835 - 2015 Malunguinho Histórico e Divino, 180 anos resistindo!
Dez anos do maior encontro de juremeiros e juremeiras do Brasil. O Kipupa Malunguinho em sua décima edição, levará mais um ano para as matas sagradas do "Catucá" a alegria da fé do povo de terreiro, para celebrar o Reis Malunguinho, único líder quilombola a virar divindade na história de nosso país. Celebraremos os 180 anos de resistência da luta por liberdade do povo negro/indígena de Pernambuco. Com muito coco, ritual nas matas e muita troca de saberes, vivenciaremos coletivamente mais uma vez o hermanamento entre a religiosidade tradicional de terreiro e a cultura popular.
Informações básicas:
Dia 27 de Setembro de 2015 (Domingo)
Das 09 às 18h
Local: Matas de Pitanga II, Abreu e Lima/PE (Sítio de Juarez) "Catucá"
Como chegar?
O local do evento é um pouco complicado de chegar. Mas providenciaremos ônibus saindo da Igreja do Carmo do Recife às 7h da manhã. Valor da ida e volta para o mesmo local R$: 30. Bilhetes vendendo no box de Eliane dentro do Mercado de São José.
Para quem vai de carro ou em caravanas independentes o ponto de encontro é às 8h da manhã em frente a Prefeitura de Abreu e Lima. De lá sairá o comboio para o local do evento.
A estrada estará sinalizada com Banners. O local de entrada para chegar lá é na Avenida principal no Terminal dos Combeiros. Seguindo pelo bairro do Planalto entrando em Pitanga II. Não tem erro, é só seguir a sinalização e seguir o caminho sem entrar em nenhuma rua.
Terreiros e grupos podem organizar suas caravanas independentemente.
Qualquer pessoa pode participar.
Terreiros podem levar ilús e demais instrumentos, além de suas oferendas próprias e irem vestidos com roupas tradicionais da Jurema.
Convido todos amigos e amigas, afilhados e afilhadas e interessados à participar da palestra acima citada que acontecerá nesta segunda feira dia 21 de setembro de 2015.
Com muito orgulho, estarei dividindo a mesa com o professor Dr. Sandro Guimarães de Salles, que é um dos maiores, ou talvez o único, especialista na história do Acaes e de Alhandra.
Vai ser uma tarde de muita troca de saberes da Jurema Sagrada.
Parabenizo o Museu da Abolição pela iniciativa de levar discussões sérias sobre as tradições de matrizes indígenas ao grande público.
Vamos celebrar. São os 180 anos da morte do último Malunguinho, nada melhor do que discutirmos intelectualmente nossas questões históricas e culturais. Compareçam e chamem seus amigos e amigas.
Profundamente orgulhoso da participação de Dandara Marques no programa Altas Horas da Globo.
Ela levou todo processo de discussão, luta e de consciência negra para este Brasil racista, que insiste em acreditar em democracia racial. Representou-nos todos com total dignidade e sabedoria, maturidade e beleza.
Se já lhe admirava, agora que ganhasse todo meu respeito afroindigena-juremocandomblecista!
Celebra dez anos do Kipupa Malunguinho com grandes Mestres e Mestras da Jurema
O Quilombo Cultural Malunguinho divulga a lista dos homenageados do Prêmio Mourão Que Não Bambeia 2015:
É com muita honra que apresentamos ao grande público os homenageados dos dez anos do Kipupa Malunguinho - Coco na Mata do Catucá. O Prêmio Mourão que Não Bambeia é uma comenda dada a grandes representatividades de nossa Jurema Sagrada, e também para pessoas que contribuem na luta por nossos direitos. Pensado por mim a mais de cinco anos, este Prêmio tem homenageado pessoas que fortalecem a Jurema com responsabilidade sacerdotal e empenho nas causas de nosso povo.
Mourão, é um tronco de madeira de lei, que é colocado no centro de um terreiro para amarrar boi brabo ou cavalos indomáveis. Esta madeira forte, geralmente é de Pau Pereira, ou de outra madeira de lei como Pau Ferro etc. É conhecido por ser inabalável e jamais cair, suportado todo tipo de força externa. Ele jamais bambeia, ou fraqueja. ele sempre segura o tombo do que vier.
Portanto, o Prêmio Mourão que Não Bambeia representa a força inabalável da fé e da luta de nossos juremeiros e juremeiras, que resistem a toda forma de adversidade nos caminhos da fé e da prática religiosa da Jurema Sagrada. Premiamos também pessoas que nos ajudam a vencer os processos históricos de racismo e intolerância religiosa, como pesquisadores, políticos e ativistas sociais dentre outros.
Nossos honrosos homenageados deste ano são:
Juarez Ferreira - O maior parceiro do Kipupa Malunguinho! Ele é o líder comunitário de Pitanga II e dono do local onde realizamos o evento. Ele foi um enviado de Malunguinho para fazer toda esta história acontecer. Ele tem uma história linda de luta pela área rural onde mora e é um grande guerreiro da fé na Jurema e em Malunguinho, divindade de quem é filho na Jurema. Sabe tudo da mata. É um grande agricultor e membro do QCM. De Juarez teríamos inúmeras histórias lindas para contar... Ele é um verdadeiro mourão!;
Dona Leide de Sibamba - Juremeira das mais antigas vivas e grande mestra dos saberes da ciência. Dona de um dom espiritual muito forte, ela há mais de 60 anos preserva a Jurema dentro da tradição mais profunda possível. Pessoa tímida e de poucas palavras, detém visivelmente uma força que faz bem a centenas de pessoas que a procuram para curas etc. Ela também é a madrinha de Jurema de Alexandre L'Omi L'Odò (coordenador do evento);
Juremeiro Pai Gil Holder (pessoa que me inspirou a fazer este prêmio, depois de ter cantado a toada "mourão que não bambeia" para mim em uma longa conversa sobre a ciência da Jurema);
Professora Célia Cabral - grande lutadora das causas educacionais negras e indígenas na rede pública de ensino do Estado de Pernambuco. Ela também é membro do QCM e única professora a efetivar a lei Malunguinho 13.298/07 nas escolas;
Pai Beto do Mestre Zé Vieira - Juremeiro antigo e forte sabedor da ciência mestra, homem de longa trajetória no trabalho espiritual, exemplo de ética e moral dentro de nossa religião;
Juremeiro Toninho de Malunguinho - Parceiro do Kipupa Malunguinho desde os primórdios do evento. Nos ajudando todos estes anos a realizar com maior beleza nosso encontro nacional. Amigo fiel de fé e luta;
Pai Antonio Augusto, conhecido como Pai Tonho - Juremeiro e babalorixá dos mais sábios. Grande rezador e conhecedor dos saberes das ervas, é um parceiro do Kipupa desde o início, contribuindo com o avanço pelo respeito a Jurema Sagrada nos espaços públicos;
Pai Juremeiro Freitas do RN - Juremeiro de grande liderança de Natal/RN. Tem contribuído no avanço da Jurema Sagrada em todo Brasil com sua ciência abençoada pelo grande Mestre Benedito Fumaça. É um parceiro de lutas políticas e religiosas do QCM há alguns anos;
Pai Cicero Lima da Silva de Abreu e Lima - Grande juremeiro e babalorixá. Participou de todos os Kipupa's até hoje e é um parceiro do QCM nas lutas políticas por respeito a nossas religiões. Grande articulador político, tem desenvolvido há alguns anos a caminhada do povo de terreiro de Abreu e Lima. Município com maior índice de evangélicos de Pernambuco. É um grande guerreiro da ciência mestra;
Professor Dr. José Jorge de Carvalho - Grande antropólogo e etnomusicólogo, professor da UnB e coordenador do INCTI, é um dos maiores intelectuais do Brasil. Ele contribuiu de forma decisiva para a criação e implementação das Cotas Raciais para negros e indígenas no ensino superior. Também coordena o projeto mais entusiasmante de reversão epistemológica que o Brasil tem assistido, o Encontro de Saberes, que consiste em levar mestres dos saberes tradicionais para dar aula dentro das universidades como professores efetivos. Um projeto brilhante e que ajuda todo povo da cultura popular e das religiões de matriz indígena e africana.
Vamos celebrar os 180 anos da morte do último Malunguinho, e os dez anos do Kipupa muito bem acompanhados. Com pessoas de fato de ciência e valor! Sobô Nirê!!
Mestra Juremeira Mãe Biu de Alhandra Cantando para Malunguinho
Homenagem para Mãe Biu de Alhandra: Disponibilizo carinhosamente este lindo registro que fiz da Mestra Juremeira Mãe Biu de Alhandra, na ocasião da gravação do programa Entre o Céu e a Terra da TV Brasil no dia 02 de Julho de 2014, em Olinda, no Nascedouro de Peixinhos/PE. Ela canta para o Reis Malunguinho de forma muito linda e traz toadas inéditas até então para Pernambuco deste líder quilombola que virou divindade no culto da Jurema Sagrada. Que sua espiritualidade esteja sempre presente conosco, nos iluminando e comungando de sua grande ciência com todo Povo da Jurema. Vó Biu como também era conhecida, faleceu no último dia 16 de setembro de 2015 deixando uma grande tradição que tivemos oportunidade de vivenciar um pouco. Isso muito me orgulha. Que este breve registro fique na memória dos juremeiros e juremeiras de todo Brasil. Pois ela merece todas as nossas reverências. Salve a Jurema Sagrada e toda ciência da fumaça! Sobô Nirê! Assista aqui: https://www.youtube.com/watch?v=7SweT01z4AQ
Mestra Mãe Biu de Alhandra. Foto de Joannah Mendonça.
Falece a Mestra Mãe Biu de Alhandra
Grande Juremeira de nosso tempo
NOTA DE FALECIMENTO
É com profundo pesar que nós do Quilombo Cultural Malunguinho informamos o falecimento da grande mestra juremeira Mãe Biu de Alhandra. Que nos deixou aos mais de oitenta anos de idade vitima de AVC e outras complicações de saúde.
Ela faleceu hoje (16/09/2015) pela manhã cedo e será sepultada amanhã às 8h no cemitério de Pitimbu na Paraíba.
Mãe Biu foi uma das mais sábias mestras da Jurema que conheci. Mulher dona de uma força espiritual sem precedente e única juremeira a receber em vida o título de mestra pelo Ministério da Cultura em 2013. Elevando o nome da nossa religião à nivel Nacional. Recebeu do Povo da Jurema através do Quilombo Cultural Malunguinho o Prêmio Morão que Não Bambeia, ano passado em Alhandra.
Participou de diversos documentários, dentre eles a gravação do programa Entre o Céu e a Terra da TV Brasil.
Esteve presente em diversos momentos da luta pela preservação e reconhecimento da Jurema. Participou do primeiro encontro de Juremeiros de Alhandra em 2007, entre outros.
Sempre com sua fala forte e reza profunda, ela ocupava horas de nossos encontros com seus cânticos e orações. Era Lindo ver ela falar.
Quem esteve ao seu lado, ou tenha participado de alguma gira ou reunião de mesa pode sentir a grandeza dessa mulher, na sua ciência e na sua sabedoria.
Bebemos na sua fonte mais pura de saber...
Siga em paz mãe Biu, a senhora cumpriu bravamente a sua missão. E a sua Cidade estará sempre viva com a força dos senhores mestres e mestras, índios e caboclos da nossa fé.
Que a Jurema lhe receba para a continuidade de sua obra espiritual.
PARA O SEMINÁRIO MALUNGUINHO - 180 ANOS VIVO NA ALMA DE UM POVO
Comunicamos oficialmente que estão encerradas as inscrições para o seminário Malunguinho 180 anos vivo na alam de um povo. Ficamos muito felizes com a enorme procura por vagas de membros de terreiros de Jurema e candomblé, de pesquisadores e professores, alunos e alunas de universidades e interessados. Todas as universidades e faculdades de Recife enviaram participantes papa compor o público do seminário. Este fato nos fez comemorar um avanço importante: A academia esta a cada dia mais interessada em assuntos ligados ao povo negro e indígenas, também por questões ligadas as tradições de terreiro e pautas que tratem do racismo. O povo de terreiro também está ocupando boa parte das vagas. Isso nos fortalece a cada dia mais. Afinal estamos querendo avançar nas nossas discussões intelectuais e políticas, portanto, vamos ter um seminário rico em troca de saberes. As possibilidades estão todas abertas. Vamos aproveitá-las. Obrigado aos mais de 180 inscritos. O auditório só caberá no máximo 160... Mas podemos nos apertar e cedermos espaço para que todos sejam contemplados com as palestras de alto nível que vão transcorrer este dia 04 de setembro de 2015 na FUNDAJ. Estamos muito felizes. Vamos fazer um grande evento. Um grande seminário cheio de fumaça da Jurema sagrada. Cheio de axé e cheio de força do povo que deseja mudar o paradigma social do negro e do índio através da educação e da produção intelectual. Sobô Nirê Mafá Reis Malunguinho!
Alexandre L’OmiL’Odò
Coordenação Geral Segue programação completa:
Seminário
Malunguinho – 180 anos vivo na alma de um povo
Dia 04 de Setembro de 2015
Horário: 08 às 17h
Local: FUNDAJ – Fundação Joaquim Nabuco
Av. 17 de Agosto, 2187 – Casa Forte - Auditório Calouste Gulbenkian
1835 - 2015 Malunguinho Histórico e Divino, 180 anos resistindo!
Dez anos do maior encontro de juremeiros e juremeiras do Brasil. O Kipupa Malunguinho em sua décima edição, levará mais um ano para as matas sagradas do "Catucá" a alegria da fé do povo de terreiro, para celebrar o Reis Malunguinho, único líder quilombola a virar divindade na história de nosso país. Celebraremos os 180 anos de resistência da luta por liberdade do povo negro/indígena de Pernambuco. Com muito coco, ritual nas matas e muita troca de saberes, vivenciaremos coletivamente mais uma vez o hermanamento entre a religiosidade tradicional de terreiro e a cultura popular.
Informações básicas:
Dia 27 de Setembro de 2015 (Domingo)
Das 09 às 18h
Local: Matas de Pitanga II, Abreu e Lima/PE (Sítio de Juarez) "Catucá"
Como chegar?
O local do evento é um pouco complicado de chegar. Mas providenciaremos ônibus saindo da Igreja do Carmo do Recife às 7h da manhã. Valor da ida e volta para o mesmo local R$: 30. Bilhetes vendendo no box de Eliane dentro do Mercado de São José.
Terreiros e grupos podem organizar suas caravanas independentemente.
Qualquer pessoa pode participar.
Terreiros podem levar ilús e demais instrumentos, além de suas oferendas próprias e irem vestidos com roupas tradicionais da Jurema.
A Jurema
Sagrada como patrimônio imaterial do Brasil
Perspectivas
para um processo de patrimonialização
No
último dia 18 de Agosto de 2015, estive a convite do IPHAN, em sua sede em
Brasília para participar como conferencista na Capacitação Interna para Gestão
do Patrimônio Cultural dos Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiro,
apresentando uma conferência intitulada “Subsídios para preservação do
Patrimônio Cultural de Terreiros: aspectos da tradição Jurema”.
Palestra no IPHAN. Equipe do GTIT. Foto de Guitinho da Xambá.
O
GTIT – Grupo de Trabalho Interdepartamental para a Preservação do Patrimônio
Cultural de Terreiros, foi o organizador desta atividade que foi exibida ao
vivo via canal do youtube, com um grande grau de audiência, segundo os
organizadores.
Pude
apresentar a teologia da jurema com vasto material levado em Power Point e em
artigos científicos que eu mesmo já publiquei em congressos. Fotografias,
textos, vídeos, e muita discussão fizeram deste momento um dos mais ricos que
já pude protagonizar. Não poderia ser diferente. Afinal, eu fui convidado para
defender a Jurema Sagrada como patrimônio imaterial do Brasil, e para isso
naturalmente teria que ter um conteúdo à altura.
A
equipe do GTIT foi de uma sensibilidade imensa, me tratando super bem e dando
todas as condições para que eu pudesse expor tudo aquilo que venho pesquisando
e vivenciando durante toda minha vida. Foi uma experiência privilegiada.
A
invisibilidade e ostracismo que o culto da Jurema Sagrada foi acometido durante
tantas décadas, sobre tudo por causa da falta de interesse dos acadêmicos em
pesquisá-la e a falta de auto-estima do próprio povo de terreiro do Nordeste,
que vê ainda no Orixá a legitimação única de sua condição de sacerdote etc. está
sendo extinguida devido a momentos como este. Não podemos ser mais invisíveis.
Temos que ocupar todos os espaços que são para o povo de terreiro, sem vergonha
de nossas pertenças religiosas.
Ter
discutido a questão Afro-Indígena foi um dos pontos fortes desta palestra.
Afinal, compreendo que temos que transcender este ponto. Não se pode discutir
religiões de terreiro no Brasil apenas citando as de matriz africana. As
religiões de matrizes indígenas, como é o caso da Jurema e outras, existem e também
são fortes como as demais. Também, se buscarmos profundamente argumentos
científicos veremos que somos um povo afro-indígena, e que nossas práticas
estão completamente imbricadas. Isso naturalmente foi fruto do processo
histórico que vivenciamos, e que temos que respeitar.
A
Jurema tem uma cultura densa. Uma tradição ampla e cheia de elementos
belíssimos. Sua cosmologia e mitologia são grandiosas. Seus ritos complexos.
Sua forma de ser típica e tradicional. A Jurema tem fundamento e elementos
próprios que a dão sem dúvidas a condição de religião independente das demais.
Ela não é um apêndice da umbanda ou do “xangô de Pernambuco”, a Jurema é uma RELIGIÃO,
sem sombra de dúvidas! Afirmar isso infelizmente ainda é um processo necessário
de legitimação, afinal, alguns pesquisadores do passado a colocaram como
religião impura, misturada, degenerada e que seria na visão deles um apêndice
das demais, sem ter uma independência religiosa própria. Teremos que
desconstruir este processo que nos acarretou o ostracismo e a quase total
ausência de reconhecimento por parte das demais religiões de terreiro e da
sociedade. Este trabalho não é fácil, mas estamos conseguindo passo a passo
reverter esta injusta condição que os processos de opressão da história nos
forçaram a vivenciar.
O
processo de patrimonialização da Jurema é algo que deve ser celebrado por todos
nós juremeiros e juremeiras. Este é um reconhecimento importante que o Estado
brasileiro tem que nos dá. É apenas mais um dos tantos processos de reparação
que nosso povo tem que ser beneficiado. Sermos patrimônio imaterial do Brasil é
sinônimo de avanço para nosso povo que precisa a cada dia mais de elementos que
nos legitimem perante a sociedade para conseguirmos vencer o racismo e a
intolerância religiosa. Esta é uma construção legítima que merece nossos
aplausos.
Eu e Guitinho da Xambá.
Também
esteve presente o Guitinho da Xambá (do Grupo Bongar), representando a tradição
Xambá. Somos jovens que damos continuidade a luta de nossos ancestrais com muito
pertencimento e respeito, além de legitimidade. Sua palestra foi muito rica e
aprendi muito sobre a Nação Xambá, que eu tanto amo. Parabéns pela bela
apresentação.
Agradeço
muito à Jurema e ao Reis Malunguinho por me darem esta condição de defender
nossa religião. Isso me deixa muito feliz, afinal, ter a confiança das
entidades e divindades da Jurema é um privilégio. Compartilhar desta fumaça
sagrada é algo dignificante, ser juremeiro é uma honra.
Obrigado
a George Bessoni do IPHAN/PE que me indicou, seguimos juntos nestas lutas... Obrigado
a todos e todas do GTIT. Passamos um dia ótimo juntos. Produzimos bastante,
afinal três horas e meia de troca de saberes foi o mínimo que pudemos fazer
para dar conta de conteúdos tão esquecidos como são (ou eram) os pertinentes a
Jurema Sagrada. Rogo a todos os índios e caboclos, mestres e mestras, pajés,
caciques, trunqueiros, reis, divindades e entidades que faça com que a roda
continue girando e que consigamos fazer um grande trabalho real de catalogação
e registro dos bens imateriais e matérias da Jurema Sagrada.
Eu e Equipe do GTIT. Foto de Guitinho da Xambá.
Assistam
toda conferência no vídeo do youtube no início desta postagem.
Salve
a fumaça!
Sobô
Nirê Mafá!
“Quanto mais meu lírio cheira, é pau, é pau, é pau”!
Sacerdote juremeiro e do culto aos Orixás (Egbomi), é mestrando em Ciências da Religião pela UNICAP, graduado em licenciatura plena em História, pela Universidade Católica de Pernambuco - 2014.
É membro do Comitê Nacional de Respeito à Diversidade Religiosa da Presidência da República, e do Conselheiro de Políticas Culturais do Recife. Milita nos campos das políticas públicas.
Tem experiência na área de educação, com ênfase em educação social, artística, musical e afro indígena teológica. Desenvolve trabalhos nas áreas de pesquisa, reconhecimento e preservação de patrimônio imaterial.
Tem publicado artigos científicos sobre temas relacionados a religiosidade da jurema sagrada, nos âmbitos de sua teologia e história. Ensina língua, história e cultura yorùbá, do coco e da Jurema sagrada. Desenvolve carreira de artistas e produz filmes/documentários.
É coordenador geral do Quilombo Cultural Malunguinho e desenvolve projetos de pesquisas com povo de terreiro.
Realizador há 10 anos do Kipupa Malunguinho (encontro nacional dos juremeiros), tem estimulado uma movimentação política de fortalecimento do Povo da Jurema entorno de sua história e religiosidade.