Malunguinho tem sua história e prática religiosa registrada pela primeira vez em livro
Janeiro de 2023 iniciou com boas notícias para o avanço da compreensão da Jurema no cenário intelectual e consequentemente para o povo de terreiro. O lançamento do livro “Malunguinho – pressupostos juremológicos para sua compreensão na Jurema Sagrada” foi uma contribuição acertada do juremeiro, historiador e mestre em ciências da religião Alexandre L’Omi L’Odò, que reuniu nesse livro/ensaio, parte de sua pesquisa de mais de 20 anos sobre o Reis Malunguinho, seu guia espiritual e personagem da história por liberdade do povo negro de Pernambuco.
Financiado com recursos próprios, o livro é uma edição da Casa das Matas do Reis Malunguinho e do Quilombo Cultural Malunguinho, lançado oficialmente na Festa de Reis, em 08 de Janeiro de 2023, em celebração aos 194 anos da morte do grande Reis Malunguinho, o primeiro e mais importante líder da história do Quilombo do Catucá.
Livro ainda em suporte primário. Foto de Monique Silva.
O trabalho que foi muito bem estruturado tem em seu conselho editorial o Dr. em antropologia Marcus Barreto (USP) e o mestre em educação Henrique Falcão (UFRPE/FUNDAJ), ambos pesquisadores no campo da Jurema que contribuíram na correção e direcionamento de alguns tópicos do texto.
Esse trabalho é um convite para conhecer Malunguinho. Entrar em suas veredas e mistérios, conhecer sua história e prática ritual, mergulhar nos seus saberes e mais profundos dados científicos que contribuem para sua ampliada compreensão. O autor, que vem escrevendo e publicando artigos sobre Malunguinho em congressos nacionais de história entre outros âmbitos acadêmicos, abriu mão de parcela significativa de seus estudos para dar ao povo de terreiro a oportunidade de qualificar seus saberes históricos étnicos culturais sobre essa fundamental divindade da Jurema.
Preparação dos trabalhos... Fumaçada. Na imagens, estatuetas do Reis Malunguinho. Foto de Monique Silva.
É uma obra inédita. Um texto necessário para o avanço da religião. A partir do método da juremologia, L’Omi, oportuniza todas, todos e todes à estudar com fácil leitura aspectos necessários para o amadurecimento como discípulo e conhecedores da cultura e religião. É um texto aberto para todes interessades.
Distribuído em baixa escala, a obra que ainda está em suporte simples (impressão encadernada), aguarda patrocínio para realizar uma publicação à altura do conteúdo altamente qualificado do texto. Afinal, publicar no Brasil ainda é um desafio para escritores. Contudo, a compreensão do historiador é que conhecimento não deve estar guardado, mas sim, compartilhado, de acordo como manda o Reis Malunguinho, que instrui a partir de sua fumaça sagrada que a “sua história já foi calada demais para se manter trancada”...
O livro ainda não está à venda, aguardando o melhor momento para sua disponibilização pública. Seu acesso pode ser concedido na biblioteca do terreiro Casa das Matas do Reis Malunguinho com agendamento para visitação desse espaço educativo afro indígena.
Juremeira Valéria de Chiquinho do Maranhão e seu esposo recebendo o livro. foto de Monique Silva.
Artista pástico Lourenço Gouveia (@xilogeek) recebendo com alegria o livro. Foto de Monique Silva.
Dona Zezé, antiga membro dos terreiros, mulher de fé e filha de Malunguinho, recebendo muito agradecida a obra. Foto de Monique Silva.
Greyce Pires, advogada desde Portugal, lendo as primeiras páginas. Foto de Monique Silva.
Ekeji Aline Brito de Oyá, recebendo o esperado livro. foto de Monique Silva.
Para quem teve a honra de ganhar a primeira edição, fica o gosto de quero mais, quando a obra for lançada em suporte adequado e distribuída nacionalmente, com suas ampliações necessárias, teremos à disposição uma peça que falta na construção dos saberes tradicionais e populares de terreiro no país.
Segue algumas iamgens da Festa de Reis:
Abertura da Jurema. Foto de Monique Silva.
Reis Malunuginho Exu/Trunqueiro. Foto de Monique Silva.
Firmação do Reis. Foto de Monique Silva.
Mestra Têca de Oyá triunfando na gira. Foto de Monique Silva.
Obé Iná e Fabrício de Iyemojá firmando. Foto de Monique Silva.
Reis Malunuginho dançando seu tradiconal coco com suas afilhadas. Alegria estampada em todas. Foto de Monique Silva.