segunda-feira, 30 de março de 2020

Esquerda e Povo de Terreiro - um debate em crescimento



Esquerda e Povo de Terreiro - um debate em crescimento


Vídeo registra fala do sacerdote juremeiro, historiador e cientista das religiões Alexandre L'Omi L'Odò que em meio a palestra para o povo da umbanda de SP, no evento Vivência de Jurema em outubro de 2019, no Colégio de Umbanda Pena Branca, falou sobre a esquerda e o povo de terreiro. Tema polêmico e necessário para ser compreendido no campo da atual luta por direitos na nossa sociedade.

O palestrante reafirma que quem é de terreiro é de esquerda naturalmente, devido ao contexto histórico que está envolvido, e caso não se compreenda assim, busque uma religião que seja de direita e que esteja do lado dos ricos e patrões. Essa compreensão cresce entre os povos tradicionais e a cada dia mais e mais pessoas entendem a necessidade de se posicionar politicamente perante a retirada de direitos que acontece no Brasil hoje.
Assistam com atenção e deixem sua opinião.
#JuremaSagrada #Catimbó #CasadasMatasdoReisMalunguinho #QuilomboCulturalMalunguinho #VivênciadeJurema #Política #Esquerda #PovosTradicionais #SP #Umbanda #Candomblé #Axé #ExcluídosdaSociedade
Alexandre L'Omi L'Odò
Quilombo Cultural Malunguinho
alexandrelomilodo@gmail.com

sábado, 28 de março de 2020

A Jurema chamou o grande Mestre Liobino, patrimônio religioso e cultural de Igassí/AL

Mestre Liobino Joaquim, grande juremeiro de Igassí/AL.

A Jurema chamou o grande Mestre Liobino, patrimônio religioso e cultural de Igassí/AL

NOTA DE FALECIMENTO

A Jurema toda estremeceu, hoje, nos despedimos do grande e querido Mestre Liobino de (Igassí) Arapiraca/AL, juremeiro de grande valor e um dos últimos de sua geração - da geração dos antigos.

Há mais de um ano sofria com sequelas de uma série de derrames cerebrais que o deixaram totalmente sem movimentos no corpo e sem falar. Na altura dos seus mais de 80, cumpriu sua missão na terra com leveza e faleceu sem sofrimento.

Conheci o Mestre Liobino há alguns anos no terreiro de Jurema Fazendinha do Mestre Mané da Pinga, em Arapiraca/AL, casa de um de seus afilhados, o Pai Alex Gomes, querido amigo a quem estimo. Assim que o vi, percebi logo que estava frente à um patrimônio vivo, à um ser de transcendência enorme e de saber profundo... Seus olhos comunicavam isso e seu silêncio muito mais. Era de poucas palavras, mas pude conversar com ele por algumas horas afins e vê-lo fumar seu cachimbo miudinho, mas cheio de ciência. Pude aprender muito com a pouca vivência que tive com ele. Foi mágico presenciar a força de seu encanto.

Lió, como era mais conhecido, era bem idoso, com certeza mais de 80 anos. Homem negro do agreste alagoano, era mestre de pife e de zabumba, tocava divinamente seu lindo instrumento. O assisti tocar com sua banda formada por homens também idosos. Fez muita alegria das festas nas noites das celebrações dos interiores. Novenas, procissões, forrós, tudo mais, era com ele e grupo. Fora também agricultor familiar. Plantava tudo que comia e adorava a roça. Desde menino era assim sua vida e até o fim seguiu o aprendizado de seus pais. Feijão, legumes e frutas, tinham que ser de sua rocinha, senão ele não gostava, como me revelou.

Grande sabedor das ciências da Jurema, pouco gostava de falar da religião, contudo, na arte do catimbó sabia muito. Ele era como uma casa de abelha que trabalha sem ninguém ver, mas pude assisti-lo trabalhar em mesa de Jurema... O vi “receber” o mestre Bernardo Velho, de quem era discípulo. Uma visão incrível e poética, pois as melodias e cânticos sagrados da Jurema que conhecia (e não eram poucos), tinham uma beleza ampla de inundar o coração de luz. Era bonito demais ouvir certos cânticos... Até hoje reverberam em meu juízo: “vem pra trabalhar meu mestre, vem pro juremá meu mestre”. As toadas me transportavam para lugares lindos...

Tenho certeza que os senhores mestres o aguardavam com alegria. De lá, da Cidade Mestra Maior, ele poderá nos ajudar mais do que ajudou em vida. Quando ouvirmos seu pife de prata tocar, saberemos que é ele se aproximando pra nos curar. Ele nasceu mestre, morreu mestre e continuará sua missão, pois precisamos muito dele. Conhecia muito de ervas e curas... Com sua presença forte que transbordava saber, nos deixou com saudades, mas sabemos que ele de lá está feliz por ter reencontrado seus ancestrais mais queridos.

Vá na paz Mestre Liobino, voe leve nas asas da gaita mestra e no canto dos pitiguarís. O maracá hoje se cala, para amanhã triunfar te chamando novamente.

Os filhos e filhas da Casa das Matas do Reis Malunguinho lamentam sua perda e emanam orações para que sejas revestido de mais luz na cidade da Jurema. Obrigado.

#JuremaSagrada #Catimbó #MestreLiobino #BernardoVelho #Arapiraca #Igassí #Alagoas #BandadePife #PatrimônioVivo #PaiAlexdeZédaPinga #cidadeMestra #AlexandreLomiLodò #Paz #Instagood #Fé #MestresdaJurema

Alexandre L'Omi L'Odò
Casa das Matas do Reis Malunguinho
Quilombo Cultural do Reis Malunguinho
alexandrelomilodo@gmail.com

Maracatu Nação do Reis Malunguinho em sua primeira participação na Noite para os Tambores Silenciosos de Olinda 2020



Maracatu Nação do Reis Malunguinho em sua primeira participação na Noite para os Tambores Silenciosos de Olinda 2020
Nossa Nação recém nascida no campo da cultura popular teve a honra de participar pela primeira vez da tradicional Noite para os Tambores Silenciosos de Olinda, momento de celebração à memória ancestral de todo povo negro e indígena que lutaram com todas suas forças para que estivéssemos aqui hoje. Para todas e todos os participantes de nosso maracatu, foi uma honra enorme comungar com as mais de dez nações que por ali passaram abrindo religiosamente o carnaval 2020 de Olinda. Esse ato de grande significado, atrai a proteção para os dias de Momo e comunica ao mundo espiritual e encantado que estamos aqui, prontos para receber as graças dos Eguns, Orixás e entidades e divindades da Jurema Sagrada. Esse registro feito por Adriano Angola Lima do Gambiarra Imagens, conta um pouco de nossa história e documenta nosso primeiro cortejo na celebração que acontece há 19 anos. Aproveitem esse mini documentário, ficou realmente muito bom e merece ser conhecido por todas e todos que apreciam as culturas de raiz. Agradecemos à AMO – Associação dos Maracatus de Olinda pelo apoio e recepção. Damos um obrigado especial ao Maracatu Maracambuco pelo apoio dado à nossa corte e ao Maracatu Leão Coroado, que nos apoiou também nessa batalha. Obrigado à todas e todos filhos e filhas da Casa das Matas do Reis Malunguinho pela total entrega no fazer do Maracatu. Aos que estruturaram tudo comigo e aos que vieram no dia participar, à todas e todos meu profundo agradecimento. Sigamos firmes na nossa luta e defesa dos valores que cremos. A bandeira do Quilombo do Catucá jamais será esquecida. A luta continua Malunguinho!!! Axé e salve a ciência mestra. Sobô Nirê Mafá! Trunfa Riá!

Alexandre L’Omi L’Odò
alexandrelomilodo@gmail.com
Sacerdote responsável e Mestre de baque

Quilombo Cultural Malunguinho

Quilombo Cultural Malunguinho
Entidade cultural da resistência negra pernambucana, luta e educação através da religião negra e indígena e da cultura afro-brasileira!