12 anos de escravidão - Um filme que deve ser visto por todos, para sua educação e consciência humana
O vencedor do Oscar mereceu com certeza toda homenagem feita pela academia. Vamos celebrar povo negro. São tempos de reparação e de ampliar as discussões sobre as formas de combater o racismo.
Leiam o texto que escrevi quando da estréia nos cinemas em Recife:
Vou começar falando da profunda dor que senti hoje ao ver o filme 12 Anos de Escravidão...
Entrei no cinema animado, curioso e feliz. Ao lado dos irmãos Olavo Souza e Noshua Amoras... Conversas mil... Porém, no silêncio do cinema, após começar o filme, minha respiração ficou quase presa com tanta realidade cruel histórica a minha frente na tela...
O filme traz em si a dor profunda do rapto de negros e negras para o trabalho escravo (claro) nos EUA... Realidade histórica também conhecida amplamente no Brasil. A princípio, só mais um filme sobre escravidão... NÃO! O filme é de história. De história real. Nua e crua. Com contextos explícitos e subliminares que nos ajudam a pensar e criticar!
Pensei em tantas coisas no decorrer do filme, que nem lembro mais... Acho que minha emoção falou mais alto... Mais sei que senti muita dor. Muita tristeza e muita vergonha de tudo que está no passado dos brancos escravocratas... Vergonha mesmo... Total vergonha e impugnância. O filme nos revela fatos já conhecidos de muitos, porém, no teor do drama, está presente a forte mensagem de luta contra o racismo hoje. Racismo esse persistente e inteligente, que se transmuta e que segue o rumo da herança maldita deixada pelos escravocratas no mundo. Porém, este longa nos dá a condição de refletir... Dá para o racista se olhar, se observar... Ver como seus bisavós, tataravós... pensavam e agiam... Dá pra colocar a carapuça, dá para no mínimo abrir os olhos para os irreparáveis erros e ignorância...
Este filme foi feito para que mais e mais pessoas possam ver as verdades do passado e para não esquecerem do mal que foi feito aos negros e negras, e também aos indígenas por parte dos europeus.
Saí do cinema com vontade profunda de mandar todos que são contra as cotas irem pra PQP, e também de dizer que estes são tudo FDP. E que se fodam, pois não valem nada! (embora entenda que muitos falam isso por falta de conhecimento, e outros por ruindade mesmo) Pois quem sofreu tanta violência simbólica, mental, física e social como os negros (e ainda sofremos), merecem no mínimo a reparação completa dos males causados pelos imperialistas. E quem vai de contra esta lógica da reparação é racista e merece ir preso, por cometer crime inafiançável. Ao meu ver.
Realmente me senti mal após o filme... Quase nem almoço. Estou muito emocionado mesmo. E com razão.
Estou ainda sem muita inspiração para falar deste filme que me deixou chocado. Mas saibam que só me revigorou ter saído de minha casa pra mexer mais uma vez nessa ferida de dentro de mim e de todos. Me deu mais sentido na vida... Mais vontade de contribuir efetivamente na luta contra o racismo no mundo.
São muitas as pautas levantadas pelo filme. Nele podemos desenvolver inúmeras discussões etc. Indico que possamos ver e depois comentar na net para enriquecer as discussões.
Recomendo este filme para todos assistirem. Vale muito a pena. Quem é de terreiro tem que ver. Sair de sua casinha e pagar no shopping quanto for pra poder refletir mais sobre seu próprio racismo.
Obrigado a Andréa Mota pelo convite especial. Foi de muita valia.
Olavo e Noshua, a ligação de vocês hoje realmente não foi mera coincidência né!?
Salve a Jurema Sagrada. E que a fumaça também nos ajude a limpar o racismo de nos e do mundo.
Texto publicado em 17 de fevereiro de 2014 em minha página de facebook.
Alexandre L'Omi L'Odò
Quilombo Cultural Malunguinho
alexandrelomilodo@gmail.com
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