quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Homenagem no Prêmio Mourão que não Bambeia para a Mestra Juremeira Dona Alaíde de Benedito Fumaça



Homenagem no Prêmio Mourão que não Bambeia para a Mestra Juremeira Dona Alaíde de Benedito Fumaça

No XII Kipupa Malunguinho, realizado dia 24 de Setembro de 2017, homenageamos com muita honra e alegria a Mestra Juremeira Dona Alaíde do Mestre Benedito Fumaça. Juremeira com mais de 70 anos de Jurema, ela mora em um sítio bem reservado e distante na cidade de Caruaru, em Pernambuco. Uma quilombola, agricultora, herdeira dos saberes ancestrais de seus pais e avós, uma grande religiosa tradicional.

Soube de sua existência através de seu sobrinho carnal, o juremeiro e babalorixá Pai Cacau, que me contou um pouco da história dessa velha mestra e nos deu a possibilidade de conhecê-la pessoalmente, inclusive fazendo a difícil tarefa de convencê-la a sair de seu recluso terreiro para vir às matas sagradas de Malunguinho para receber esta homenagem. Pai Cacau, um bom juremeiro, a partir de sua sensibilidade me provocou a incluir essa mestra no Mourão, e eu, por entender sua grande importância não titubeie e a incluí sem sequer pestanejar. Senti em meu coração o tamanho da luz dessa mulher linda que nos abençoou com sua vinda ao Kipupa, nos possibilitando conhecê-la e mostrá-la ao mundo.

Para nós do Quilombo Cultural Malunguinho, dar visibilidade e fortalecer essas jóias raras da nossa tradição, é uma missão de primeiro escalão. Respeitar a ancestralidade e a antiguidade dos verdadeiros e verdadeiras mestres e mestras vivos da Jurema Sagrada é um orgulho para nós, que acreditamos que temos muito a aprender com essas lideranças antigas de nossa religião. Precisamos de mais e mais pessoas velhas que possam com sua sabedoria nos abençoar e ensinar, pois nossa tradição precisa ser salva, e com excelência, são os mais velhos que tem o que nos mostrar (o caminho) e educar.

Mestra Alaíde é um Patrimônio Vivo da Jurema, cujo o Estado precisa reconhecer e salvaguardar. O Povo de Caruaru tem em suas terras um lindo diamante negro, de força e luz, uma curandeira, uma rezadeira, uma mestra dos saberes tradicionais da medicina da Jurema, uma discípula muito antiga do Mestre Benedito Fumaça, que com seu cachimbo abençoa a vida de centenas de pessoas que a procura.

Com muito carinho, convidei o Juremeiro Pai Freitas do Rio Grande do Norte, discípulo e consagrado ao Mestre Benedito Fumaça para entregar o Mourão que não Bambeia, pela pertinência de sua luta e engajamento religioso na Jurema. Ele também é Mourão do Quilombo Cultural Malunguinho e recebeu essa glória de homenagear com cânticos sagrados essa mestra que nos inspirou à todas e todos por mérito.

Vamos celebrar a existência de uma pessoa como ela. Agradecer a Pai Tupã e Mãe Tamain por ela ser nossa guia nos caminhos da vida. Obrigado à espiritualidade e a força da Jurema.

Obrigado à Adriano Lima do Gambiarra Imagens por ter feito esse material tão lindo e necessário. Este vídeo ficará na memória do Povo da Jurema como um documento que registra a existência da Mestra Alaíde na terra. Vamos fazer um documentário maior. Ela merece e nós precisamos. Como sempre você é providencial na percepção do que é importante para ser registrado na nossa caminhada de luta. Axé e que Malunguinho lhe abra todos os caminhos e abençoe mais ainda seu olhar através das lentes das câmeras.

Salve a Jurema Sagrada!
Salve a fumaça!
Salve Mestra Alaíde!
Salve Malunguinho!
Salve Benedito Fumaça!
Sobô Nirê Mafá!

Alexandre L’Omi L’Odò
Quilombo Cultural Malunguinho
alexandrelomilodo@gmail.com

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