Homenagem
no Prêmio Mourão que não Bambeia para a Mestra Juremeira Dona Alaíde de
Benedito Fumaça
No XII Kipupa Malunguinho, realizado dia 24
de Setembro de 2017, homenageamos com muita honra e alegria a Mestra Juremeira
Dona Alaíde do Mestre Benedito Fumaça. Juremeira com mais de 70 anos de Jurema,
ela mora em um sítio bem reservado e distante na cidade de Caruaru, em Pernambuco.
Uma quilombola, agricultora, herdeira dos saberes ancestrais de seus pais e
avós, uma grande religiosa tradicional.
Soube de sua existência através de seu
sobrinho carnal, o juremeiro e babalorixá Pai Cacau, que me contou um pouco da
história dessa velha mestra e nos deu a possibilidade de conhecê-la
pessoalmente, inclusive fazendo a difícil tarefa de convencê-la a sair de seu
recluso terreiro para vir às matas sagradas de Malunguinho para receber esta
homenagem. Pai Cacau, um bom juremeiro, a partir de sua sensibilidade me
provocou a incluir essa mestra no Mourão, e eu, por entender sua grande
importância não titubeie e a incluí sem sequer pestanejar. Senti em meu coração
o tamanho da luz dessa mulher linda que nos abençoou com sua vinda ao Kipupa,
nos possibilitando conhecê-la e mostrá-la ao mundo.
Para nós do Quilombo Cultural Malunguinho,
dar visibilidade e fortalecer essas jóias raras da nossa tradição, é uma missão
de primeiro escalão. Respeitar a ancestralidade e a antiguidade dos verdadeiros
e verdadeiras mestres e mestras vivos da Jurema Sagrada é um orgulho para nós,
que acreditamos que temos muito a aprender com essas lideranças antigas de
nossa religião. Precisamos de mais e mais pessoas velhas que possam com sua
sabedoria nos abençoar e ensinar, pois nossa tradição precisa ser salva, e com
excelência, são os mais velhos que tem o que nos mostrar (o caminho) e educar.
Mestra Alaíde é um Patrimônio Vivo da Jurema,
cujo o Estado precisa reconhecer e salvaguardar. O Povo de Caruaru tem em suas
terras um lindo diamante negro, de força e luz, uma curandeira, uma rezadeira,
uma mestra dos saberes tradicionais da medicina da Jurema, uma discípula muito
antiga do Mestre Benedito Fumaça, que com seu cachimbo abençoa a vida de centenas
de pessoas que a procura.
Com muito carinho, convidei o Juremeiro Pai
Freitas do Rio Grande do Norte, discípulo e consagrado ao Mestre Benedito
Fumaça para entregar o Mourão que não Bambeia, pela pertinência de sua luta e
engajamento religioso na Jurema. Ele também é Mourão do Quilombo Cultural
Malunguinho e recebeu essa glória de homenagear com cânticos sagrados essa
mestra que nos inspirou à todas e todos por mérito.
Vamos celebrar a existência de uma pessoa
como ela. Agradecer a Pai Tupã e Mãe Tamain por ela ser nossa guia nos caminhos
da vida. Obrigado à espiritualidade e a força da Jurema.
Obrigado à Adriano Lima do Gambiarra Imagens
por ter feito esse material tão lindo e necessário. Este vídeo ficará na
memória do Povo da Jurema como um documento que registra a existência da Mestra
Alaíde na terra. Vamos fazer um documentário maior. Ela merece e nós
precisamos. Como sempre você é providencial na percepção do que é importante
para ser registrado na nossa caminhada de luta. Axé e que Malunguinho lhe abra
todos os caminhos e abençoe mais ainda seu olhar através das lentes das
câmeras.
Salve a Jurema Sagrada!
Salve a fumaça!
Salve Mestra Alaíde!
Salve Malunguinho!
Salve Benedito Fumaça!
Sobô Nirê Mafá!
Alexandre
L’Omi L’Odò
Quilombo
Cultural Malunguinho
alexandrelomilodo@gmail.com
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