Com proposta de ser um material introdutório e de cunho colaborativo, o livreto “Pontos da Mestra Paulina da Rede Rasgada: breve registro de sua história e toadas na Jurema Sagrada” nasceu com muita força e esmero metodológico, qualificado na pesquisa científica e com boa etnografia da tradição oral sobre essa Mestra.
Livretos impressos sobre a Mestra Paulina da Rede Rasgada. Foto de Monique Silva - @monie.ft
Esse material, que foi impresso e distribuído gratuitamente para os presentes na celebração religiosa da princesa Mestra da Casa das Matas do Reis Malunguinho, em setembro de 2022, foi o momento escolhido pelo sacerdote e acadêmico Alexandre L’Omi L’Odò para lançamento desse material escrito por ele como homenagem à sua Mestra, a própria Paulina.
Desde criança ela já o guiava. Com o passar dos tempos, foi se fortalecendo em sua corrente e há muitos anos orienta inúmeras pessoas através de sua matéria. A festa em homenagem à Paulina acontece anualmente como louvação ou como gira aberta ao público. Baseado no amor que tem a esta entidade, escreveu esse registro para fortalecer sua memória no mundo dos viventes com total aprovação dela própria.
O texto contém uma breve história da Mestra, introdução explicativa e um capítulo inteiro só registrando suas toadas ou toadas que comumente são cantadas por ela, faz-se urgente para o avanço dos estudos juremológicos, tendo em vista que quase não há história escrita sobre entidades ou divindades na Jurema. Malunguinho é uma das poucas divindades que se destacam no campo da ciência acadêmica, afinal, além de ter vasta pesquisa sobre sua história, é campo fértil para inúmeras pesquisas que estão em andamento, como o doutorado de Alexandre L’Omi e outres.
Paulina merece muita atenção no âmbito das investigações. Uma das entidades femininas mais importantes do catimbó merece amplo registro, teses e dissertações que tentem dar conta de seu imaginário e presença cotidiana nos terreiros. Até mesmo suas "deformações" culturais e religiosas feitas por parte dos “maus discípulos” merecem observação, já que seu nome é palco de grande especulação e transformação ao passar dos anos nos terreiros.
Esse livreto, que não tem a missão de ser a ultima palavra sobre a Mestra, tenta compilar a maior parte possível de seus cânticos sagrados. O autor, que compila esse material há anos, continua em busca de mais informações qualificadas para dar segmento a essa pesquisa que leva à frente com muita devoção e compromisso na desmistificação de Paulina.
Palmeira de Jardim (Areca bambu), principal altar da Mestra Paulina. Foto de Monique Silva - @monie.ft
Única (até onde sabemos) entidade que foi encantada no pé de palmeira (Areca bambu [palmeira de jardim]), colocando-se assim como uma das importantes plantas sagradas do panteão fitológico da Jurema, Paulina está “sentada (ou assentada)” no pé da Palmeira, e lá, de modo cosmológico, haveriam dois cabarés... Esses mistérios históricos, poéticos e juremológicos podem ser pensados nesse material que presenteia quem lê informações que vão fortalecer com certeza o conhecimento sobre essa maravilhosa mulher que ilumina o gongá de tantas casas.
Seus cigarros, champanhes, cervejas, cores votivas, o mel de suas palavras e sua rasgada forma de ser mulher livre, contrariando a moral e bons costumes da sociedade normativa merecem muito mais do que o autor oferta nesse material essencial para o crescimento da religião.
Dona Preta de Oxum recebendo seu exemplar. Foto de Monique Silva - @monie.ft
Monique Silva, a "fotógrafa mestra" recebendo seu exemplar. Foto de Diogo Gomes.
Mestra Têca de Oyá, uma das entrevistas para o trabalho recebendo seu livreto. Foto de Monique Silva - @monie.ft
Itaiguara, leitora assídua de conteúdos religiosos recebendo seu exemplar. Foto de Monique Silva - @monie.ft
O material aguarda publicação ampliada e não será no momento disponibilizado na internet. Contudo, quem desejar conhecer, procure o autor através do e-mail alexandrelomilodo@gmail.com para maiores informações.
O trabalho contou com correção do Ms. Henrique Falcão, e assessoria dos membros da Casa das Matas do Reis Malunguinho (@cmdoreismalunguinho).
Mestra Paulina da Rede Rasgada sempre será louvada em nossa Casa como Princesa Mestra Riá. Seu culto é muito antigo e merece todo respeito. Foto de Monique Silva - @monie.ft
"No pé da Palmeira, Paulina sentada... Mas ela é Paulina, da Rede Rasgada"! Foto de Monique Silva - @monie.ft
Salve Paulina, Mestra de luz, amor e muita força em nossas vidas. Vamos celebrar sua forma natural de ser e comemorar mais esse avanço para o povo de terreiro.
Fotos de Monique Silva (@monie.ft).
Alexandre L’Omi L’Odò
alexandrelomilodo@gmail.com
Quilombo Cultural Malunguinho
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