sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Atenção: Representantes de religiões de matriz africana recebem certificado - Uma crítica a fazer...


Atenção: Representantes de religiões de matriz africana recebem certificado
Uma crítica.

Bom pessoal postei aqui este vídeo para provocar uma discussão sobre o que se pode ver e ouvir nesse registro audiovisual. Nessa reportagem, da TV Globo Nordeste podemos presenciar falas que vão contra toda uma concepção de religião, principalmente as de matrizes africanas e indígenas, já que fica claro o posicionamento em tornar os terreiros em "pontos turísticos". Magoou-me muito ver que a vulnerabilidade de algumas de nossas sacerdotisas e sacerdotes, alimentam loucuras como essas, que a cada dia vem se forjando e proliferando em nosso Estado. O povo de terreiro tem que se conscientizar que relações "Casa Grande e Senzala", onde migalhas, como certificados sem nenhum critério são distribuídos, entre outras ações, só levam nossa comunidade religiosa ao mais profundo caminho da cegueira política e insuficiência em sua cidadania, além de colocar os religiosos em posição vergonhosa perante ao Estado, que de longe está preocupado com o avanço e o fortalecimento real desse público, nos vendo como meros objetos para manipulação.

Ainda ouço por alguns isso: “é melhor isso que nada”, ou “antes não existia na da dessas coisas para nosso povo, temos que aproveitar”. Mas na verdade, o povo de terreiro está sem rumo. Não consegue identificar qual o seu papel nesse jogo e muito menos consegue realizar críticas e autocríticas satisfatórias nos meios de discussão coletiva, e, isso é muito preocupante.

Sempre foi tradição do povo de terreiro resistir, lutar, alimentar milhares com seu axé e comida, dar caminho aos sem caminho e agregar. Hoje, em Pernambuco, assistimos um movimento altamente contraditório se formando, onde pessoas de dentro da religião, e outros recém-convertidos por interesses políticos, dão personalidade e ânima a um pensamento imergido no neo-colonialismo e na faculdade do embranquecimento, tornando-nos não representados, quando achamos que estamos sendo representados perante o “sistema”, anulando-nos, quando achamos que existimos...

Preciso ouvir o povo de terreiro se pronunciar, falar, berrar, se mover, se acordar... Pois, como seguem as coisas, creio que precisaremos de mais 500 anos para nos libertar das amarras cruéis do cristianismo e do ocidente que nos escravizou e escraviza com essas ações ditas “políticas do povo de terreiro”.

PS: desculpem o tamanho da tela do video, mas o código "embed", não me permitiu editar para ficar menor. Mas dá pra ver sem cortes o conteúdo da reportagem.

Alexandre L’Omi L’Odò.
Quilombo Cultural Malunguinho
alexandrelomilodo@gmail.com

4 comentários:

Antônio Carlos - Terreiro de Jurema Caboclo Jupiracy disse...

Acredito muito nessa consciência Alexandre L'Omi, o que vejo acontecer nesses eventos do CEPPIR, é a mais pura teatralização e pscopatia de nossa tradição. Não podemos permitir que uma gestão dita governamental se relacione dessa forma com o povo de terreiro.

Mas é bom lembrar que também tudo isso é culpa nossa, que não nos organizamos o suficiente para combater de forma estratégica tudo isso. O Estado não quer saber nem de negro nem de índio, só querem dominar o comer dinheiro com essas transações.

Acho bom ficarmos de olhos bem abertos, pois uma tradição de mais de 400 anos de formação religiosa não pode se aventurar a ter sua história marcada por essas doidisses.

Antônio Carlos.
Terreiro de Jurema Caboclo Jupiracy

Quilombo Cultural Malunguinho, Histórico e Divino disse...

A culpa na verdade são de certos "sacerdotes" e Sacerdotisas" que ainda não encontraram reconhecimento através de seu Axé e querem abrir esse caminho através de gestores despreparados, equivocados, manobradores, folcloricos, fanatizados,trairas e tudo sem conscistencia politica, teologica, cultural, etnica.
com tudo isso continuaremos a presenciar momentos deprimentes como esses que envergonham nosso estado, espero em malunguinho que o Homem dos belos olhos azuis desperte para ver qeu o CEPIR não é azul como seus olhos!

Luciano Andrade - RS. disse...

É triste ver essas falas. A do secretário de turismo foi deprimente. "Requalificar os terreiros"?? Kkkkkkkkkkkkkkkkkk. Parece até piada, e o pior é que existem pessoas que se acham boazinhas em estarem fazendo estas articulações.

Luciano Andrade - RS.

Sandro de Jucá - Sacerdote Bàbálòórìsá e Juremeiro disse...

Mas uma vêz assistimos o estado querer se aproveitar nos auto afirmado pela negatividade,Meu Terreiro não é Foclore nem vou abrir meu espaço sagrado, Para mas essa de monitoramento e controle,Terreiro não precisa de cestas básicas,agradinhos,Precisa ser realmente respeitada como todas as outras religiões,Vocês já viram o governo(Federal,Estadua,Municipal e até o poder Judiciário convidar um sacerdote de nossas pertenças religiosa para participar de eventos ? Só tem o Padre o arcebispo o Pastor e nada mais,Nossos Terreiros são portos de Religião e Cultura Não de um Turismo étnico sem noção, É pau guiné

Quilombo Cultural Malunguinho

Quilombo Cultural Malunguinho
Entidade cultural da resistência negra pernambucana, luta e educação através da religião negra e indígena e da cultura afro-brasileira!