Alexandre L'Omi L'Odò com as alunas Gessylene Leite de Oliveira (à esquerda) e Aldiene Ferreira da Silva (à direita) que defenderam o TCC sobre a Jurema Sagrada.
Pedagogias
do pluralismo e da luta contra o racismo e intolerância
Hoje, dia 30 de junho na faculdade UVA - Universidade Vale do Acaraú, no
centro do Recife, foram defendidos três TCC’s - trabalhos de conclusão de curso
de licenciatura em pedagogia sob a competente orientação da professora
doutoranda Ana Carolina Coimbra.
Os trabalhos abordaram de forma muito bem
construída questões ligadas as tradições de matrizes indígenas e africanas,
numa perspectiva de fortalecimento da lei federal 11.645/08, que obriga o
ensino da história da África, dos afro descendentes e indígenas nas escolas.
Fui convidado pela professora, para estar
presente neste importante momento que marcou sua despedida da faculdade, já que
ela partirá para aprofundamentos de seus estudos em um doutorado em Portugal,
tratando de pesquisas ligadas aos indígenas do Nordeste de Pernambuco. Também,
fui um dos entrevistados no trabalho de suas alunas que abordou a Jurema
Sagrada, e por estes dois motivos jamais deixaria de estar presente neste
momento que no meu ponto de vista se tornou histórico devido a sua importante
representação na reversão dos valores acadêmicos perante a história dos negros
e negras e indígenas. Este tipo de contribuição é muito valiosa, e merece ser celebrada.
Os trabalhos apresentados foram:
1 – Salve a Jurema Sagrada! Respeito à
Diversidade Religiosa na Educação. Realizado pelas alunas Aldiene Ferreira da
Silva, Aparecida Jéssica Ferreira da Silva e Gessylene Leite de Oliveira.
2 – Historicidade do Povo Kambiwá: Lutas e
Resistência pela Identidade Étnica. Realizado pelas alunas Cineide Maria de
Lima e Josélia Nascimento de Amorim da Silva.
3 – Histórias Africanas e Afro Brasileiras:
Reconhecimento e Valorização para a Educação. Realizado pela aluna Elizabeth S.
Cruz Oliveira.
A noite foi das mulheres. Elas, professoras
agora formadas, vão dar caminho nas escolas a uma educação menos excludente e
racista. Seus trabalhos apresentados de forma brilhante e com conteúdo muito válido,
já indicam caminhos para um mestrado ou doutorado. Espero que elas sigam esta
estrada, pois precisamos de muitos mais exemplos na pedagogia de combate ao
currículo branco imposto pelo Estado.
Povo de terreiro, alunas e professora celebrando a vitória das defesas de TCC.
As análises (orientações estendidas) feitas
pela professora mestra em educação Maria do Carmo Oliveira, e também pelo professor
doutorando em história social Leandro Patrício enriqueceram a noite com
aprofundadas colaborações aos trabalhos apresentados. Foi rica demais a troca
de saberes. Presenciar noites raras assim para mim é sempre um prazer, já que
na busco na luta também dos meus irmãos e irmãs energias para reforçar as
minhas lutas, e assim foi.
O trabalho apresentado sobre a Jurema, trouxe
importante contribuição para as propostas de aula sobre diversidade religiosa. Elas
mostraram de forma firme o quão rica é esta religião e a sua contribuição
social cosmológica. Elas contribuíram na laboriosa missão de contribuir para
que a Jurema saia do ostracismo acadêmico ao qual foi colocada. Este TCC merece
respeito!
A professora Ana Carolina está de parabéns
por orientar trabalhos tão interessantes e importantes para todos e todas.
Realmente a missão de formar pedagogas capacitadas foi executada com primazia.
Professora doutoranda Ana Carolina Coimbra. Foto de Alexandre L'Omi L'Odò.
A UVA é uma instituição particular que tem
grande presença de estudantes de fé “evangélica”. Já ouvi inúmeras críticas à
práticas intolerantes destes e dessas que ali discriminavam as pessoas de
outras religiões. Acredito que a noite hoje, serviu para mostrar o quão grande é
a ignorância destes e destas. E que com informação e criticidade pode-se romper
a barreira espinhosa do racismo e da intolerância.
A presença de membros das religiões de matriz
africana e indígena (vestidos adequadamente e que também foram entrevistados),
além da pertinente presença do índio Fulni-ô Boró e sua esposa, tornou a noite
forte e cheia de axé e ciência. Encontros maravilhosos e ampliação de
horizontes para nossos povos. Senti-me contemplado em tudo, afinal, comungar de
dias como hoje nos faz ter esperança no futuro.
Parabéns professora Ana. Você mostrou e
continuará mostrando para o que veio! Sua missão é grande e você tem
competência para dar conta. Obrigado por estar junto na jornada da luta por
direitos iguais e respeito à diversidade. Obrigado também pelo cocá e quaquí,
adorei os presentes religiosos indígenas. Adorei também o aió que sua Alina indígena
me deu. Farei meus rituais com ele. Salve a fumaça!
#JuremanaEscola
#EducaçãoAntiRacismo
#PedagogiadaLibertação
Alexandre
L’Omi L’Odò
Quilombo
Cultural Malunguinho
alexandrelomilodo@gmail.com
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