domingo, 24 de fevereiro de 2019

Bloco dos Catimbozeiros, evocando o respeito à diversidade religiosa nas ladeiras de Olinda

Estandarte oficial do Bloco dos Catimbozeiros. Saída dia 04/03 (segunda de carnaval, ao meio dia do Largo do Amparo.

Bloco dos Catimbozeiros
Release

Bloco fundado por Alexandre L’Omi L’Odò, sacerdote juremeiro da Casa das Matas do Reis Malunguinho em 2019. Esse bloco tem a pretensão de ser uma das vozes do povo de terreiro no Carnaval de Pernambuco. A tradição da Jurema e do candomblé tem como uma de suas importantes práticas os rituais preparatórios para o carnaval, sendo assim, todas as manifestações de cultura popular que estejam ligadas ao sagrado afroindígena, cumprem um severo ritual comprometido com as entidades e divindades dos panteões religiosos dessas duas tradições. Esses ritos pedem proteção, paz, segurança, livramento de tudo que é de ruim nos dias de Momo. Então, temos nas ruas, abertamente, contatos com símbolos e objetos sagrados, preparados para cumprir a missão de defesa e prosperidade para os blocos, agremiações, maracatus, afoxés, bois, la ursas, etc.

O catimbó, em termos gerais, é a mesma coisa que a Jurema Sagrada, uma religião de matriz indígena do Nordeste do Brasil, que está presente em todo estado de Pernambuco, sendo em Recife e Região Metropolitana, a religião mais presente nos terreiros, sendo mais de 70% das casas, como aponta o senso realizado em 2010 pelo MDS e UNESCO. Esse termo, é profundamente estigmatizado na nossa sociedade, sempre ligado à coisas ruins, ao mal e à bruxaria. Não há consenso teórico que determine o significado desse termo indígena, contudo, o povo de terreiro sabe que catimbó é o ato de fumar cachimbo, ou o próprio cachimbo, elemento fundamental no culto da Jurema.

Para mudar a lógica de que nós somos o mal e educar nossa sociedade racista, o Bloco dos Catimbozeiros vai às ruas para levar alegria, fumaça, fé e proteção para o carnaval. Com muito catimbó, coco, maracatu e a presença ilustre do Calunga Gigante do Reis Malunguinho, as ladeiras de Olinda vão ser sacralizadas com todo axé e ciência do povo de terreiro, que tem em sua tradição, praticar o bem coletivo e curar os males de quem precisar.

A idéia é simples. Nos reunirmos em frente a Casa das Matas do Reis Malunguinho, todas e todos que são de terreiro, levando algum elemento religioso ligado à Jurema, como cachimbos, maracás, etc. Usar as roupas tradicionais e sair às ruas levando a bandeira da paz e da luta contra toda forma de racismo religioso. No meio deste contexto, depois de cumprimos nossas obrigações nas ladeiras de Olinda, claro que celebraremos sambando muito coco de roda, maracatu, mazurca e tudo mais que faz parte da tradição de terreiro, em frente à Casa das Matas do Reis Malunguinho.

Serviço:

Saída dia 4 de Março ao meio dia em ponto. O bloco será acompanhado pelo Maracatu Nação do Reis Malunguinho e o Calunga Gigante do Reis Malunguinho, ambos estreando nas ladeiras de Olinda.

Local: Casa das Matas do Reis Malunguinho - Rua de São João, n° 340, Largo do Amparo, Guadalupe/Olinda.

Ao final, será servido o tradicional mungunzá e sambado o coco de roda com mestres e mestras da cultura popular em frente ao terreiro.

Contatos: 81 99525-7119 (Tim e Sapp) – Alexandre L’Omi L’Odò, sacerdote responsável.

Alexandre L’Omi L’Odò
Sacerdote da Casa das Matas do Reis Malunguinho
alexandrelomilodo@gmail.com

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Entidade cultural da resistência negra pernambucana, luta e educação através da religião negra e indígena e da cultura afro-brasileira!