O Conselho Estadual de Cultura divulgou, no último dia do ano, a lista com os mais novos Patrimônios Vivos de Pernambuco. O Caboclinho Sete Flexas de Água Fria, o Teatro Experimental de Arte de Caruaru (TEA) e Selma Ferreira da Silva, a Dona Selma do Coco, foram os nomes escolhidos na edição deste ano. Ao todo, a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) recebeu 102 candidaturas de mestres e grupos populares. Apenas 10 não atingiram os critérios estabelecidos para concorrer às vagas garantidas pelo edital deste ano.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
RPV - Lei do Registro do Patrimônio Vivo 2008, infelizmente não foi desta vez para o grande Mestre Galo Preto.
O Conselho Estadual de Cultura divulgou, no último dia do ano, a lista com os mais novos Patrimônios Vivos de Pernambuco. O Caboclinho Sete Flexas de Água Fria, o Teatro Experimental de Arte de Caruaru (TEA) e Selma Ferreira da Silva, a Dona Selma do Coco, foram os nomes escolhidos na edição deste ano. Ao todo, a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) recebeu 102 candidaturas de mestres e grupos populares. Apenas 10 não atingiram os critérios estabelecidos para concorrer às vagas garantidas pelo edital deste ano.
"O racismo é um fenômeno estrutural na sociedade brasileira e afeta as possibilidades de inclusão dos negros e negras na sociedade. Os movimentos negros conquistaram o reconhecimento publico de que o racismo está presente nas relações sociais e é um fator fundamental de desigualdade. O caminho do Brasil para a democracia e a cidadania demanda que o racismo e outras formas de iniqüidade social sejam abolidas no nosso cotidiano, por isto, posicionar-se e combater o racismo é compromisso inerente a uma proposta de governo popular, democrático e solidário".
Vimos já de algum tempo construindo propostas para todo o Brasil, tratando da dimensão racial nos seus mais diversos matizes. Através de intenso trabalho de pesquisa, debates, formação de grupos temáticos, plenárias, seminários regionais e grupos de estudos, realizado por cidadãs e cidadãos que acreditam na construção de um modelo quilombola de ser, no desejo e na esperança de construir um estado, um país e um mundo com justiça racial e social. Importante destacar que, desde 1967, o Brasil participa e é signatário dos Acordos, Tratados e Conferências Internacionais, contra o Racismo, as Discriminações Raciais, religiosas e Xenofobia.
Estamos em meio a um turbilhão de mudança sócio cultural e principalmente de visão de mundo, o acúmulo de conhecimento aliado aos avanços sociais não nos permite retroceder, conseguimos alterar a Lei Federal 9.394/1996 modificada pela Lei 10.639/03 e complementada pela Lei Federal 11.465/08 que inclui a obrigatoriedade na rede pública e privada do ensino da temática "História afro-brasileira e indígena".
O Estatuto da Igualdade Racial representa a partida legal da nossa reparação dos direitos negados às etnias que foram marginalizadas e excluídas de políticas públicas que favorecessem o exercício pleno da cidadania, esta conquista sempre foi causa de grandes lutas da história pernambucana através de ícones do porte de Zumbi dos Palmares, Dandara, Malunguinho líder quilombola, Lelia Gonzales, Florestan Fernandes, José Mariano, o poeta Solano Trindade e o Almirante Negro João Candido recentemente anistiado.
A criação da SEPPIR, a construção de vários outros estatutos, o desenvolvimento dos conselhos a partir do governo do presidente Luiz Inácio LULA da Silva nos diz, em muito, do acerto de lutarmos pela aprovação do nosso Estatuto ainda nesta gestão do governo LULA.
A idéia da Carta de Pernambuco é chamar a atenção para importância em aprovar o Estatuto da Igualdade Racial da forma que foi apresentada pelo Senador Paulo Pain. Sem os discursos que tentam macular o significado das cotas, sem os retrocessos impostos aos quilombolas e sem retirar o fundo nacional de promoção da igualdade racial.
Assim, conclamamos a todos e todas legisladores, vereadores (as), deputados (as) estaduais, federais e senadores (as), e demais membros do Poder Executivo, Presidente da República, governadores (as), prefeitos (as) e demais membros de outros poderes, sociedade civil organizada de todo o estado de Pernambuco, Norte e Nordeste do Brasil e demais regiões, comprometidos com a democracia, com um governo popular, democrático e solidário, que se aliem a esta luta para que a sociedade brasileira veja reparada a dívida imensa que temos com a população brasileira, negra e não negra.
Saudações Quilombolas.
Casa de Passagem;
CEN;
Centro Espírita Yemanjá Itambé-PE;
CNTSS
Comissão de Mulheres da ALEPE;
Diretório Municipal do PT Recife;
Diretório Regional PT-PE;
Espaço Cultural Badia;
FEMECOAL Abreu e Lima;
FERU Olinda;
Fórum de Mulheres Mercosul;
Gabinete da Prefeita de Olinda;
Gabinete Dep. Estadual Isaltino Nascimento;
Gabinete Dep. Tereza Leitão;
Gabinete do Vereador Marcelo Santa Cruz;
Gabinete do Vice Prefeito de Olinda;
GRAC- Pina;
GT Raciall CEHAB;
Ilê Axé Obakossô Ogodê;
lIê Axé Ônin Sabá;
ILÊ AXÉ OXALUFÃ ;
lIê Ojú Obá;
Ilê Oyá T’Ogùn;
Instituto Jovem do Brasil;
Intecab/PE;
Maracatu Estrela Brilhante;
Maracatú Porto Rico;
Mestre Galo Preto;
MNU - Paulista;
MNU- Jaboatão dos Guararapes;
MNU-PE;
Movimento das Entidades de Águas Compridas e Adjacências;
Movimento Negro Socialista- PSB;
Movimento LGBTT-PE;
Movimento Quilombola;
Quilombo Cultural Malunguinho;
OTM- Organização Trajetória Mundial;
Ouvidoria da Mulher de Olinda;
Rede de Mulheres de Terreiros de Pernambuco;
SANEAR;
Secretaria Estadual de Combate ao Racismo do PT/PE;
Secretário Estadual das Cidades de Pernambuco e Membro da Executiva Nacional do PT;
Setorial da Igualdade Racial;
Setorial da Igualdade Racial;
SINDSPREVI CUT-PE;
SINDUR/PE
SNCR-PT/PE;
Terreiro Xambá;
Terreiro Iyemanjá Ogunté (terreiro de Mãe Lú);
Entre outros(as).
Alexandre L'Omi L'Odò.
Quilombo Cultural Malunguinho
qcmalunguinho.blogspot.com
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
III Kipupa Malunguinho, Coco na Mata do Catucá 2008, unindo Nações!
Entidades como MNU (Movimento Negro Unificado), Rede de Negras, Negros e Afro LGBTT - RNAF/GGP, CEPPIR/PE, Festa da Lavadeira, Ação Cultural, Rede Nacional de Matriz Africana dos Pontos de Cultura, INTECAB/PE, UFPE, UNICAP, Prefeituras de Abreu e Lima e Recife, além dos Mestres Griôs (os Kimbandas de Malunguinho) do Quilombo Cultural Malunguinho.
Reunindo um público diversificado, entre sacerdotes dos cultos afro, pesquisadores, artistas, produtores, estudantes e pessoas interessadas, o evento teve saída as 8h da manhã do Nascedouro de Peixinhos em Olinda, Pátio do Carmo no Recife (2 ônibus) e em Paulista. Seguindo o comboio de Malunguinho via as antigas Matas do Catucá, na mata norte do Estado.
Juntando também pessoas das comunidades e povoados adjacentes, com a intenção de provocar o raciocínio e o reconhecimento do espaço, para a partir da ação cultural ali desenvolvida, eles olharem o antigo Catucá como espaço de vida, história e força espiritual, contribuindo para o fortalecimento do movimento contra o desmatamento da localidade, que anda a paços largos. A comunidade ali existente começa a vislumbrar e discutir novos rumos e perspectivas, a partir da movimentação dos Juremeiros e Juremeiras que ali afirmaram com a religiosidade de matriz indígena, o valor e a importância de tal espaço. Jamais estas matas serão as mesmas para os que ali vivem e resistem como povoado que lutou pelas terras que hoje tem.
No evento também foi o momento da gravação do documentário sobre Malunguinho, Histórico e Divino, pelos alunos da UNICAP, que estão finalizando o curso de jornalismo com o tema, (revelando nossa história de PE), os alunos João Júnior e Luiz entre outros coordenaram as gravações e o registro audiovisual do Kipupa.
Esteve presente também o documentarista Felipe Perez Calheiros, que também fotografou e realizou registros do evento, que também tem como pretensão, no futuro realizar um filme com o tema Malunguinho.
Eduardo Melo (criador e produtor executivo da Festa da Lavadeira, Ação Cultural, o maior evento de cultura tradicional e popular do Brasil), impressionado com a força do evento, colocou-se disposto a somar conosco forças na luta pelo resgate de nossa história e auto-estima com a religião da Jurema e o imaginário que cerca os “brinquedos” do homem do nordeste e do povo de terreiro do Brasil.
A dita “Cultura Popular”, é uma expressão viva e dinâmica do imaginário do negro e índio no Brasil. É um desdobramento do conceito de vida destes povos. O coco, a Ciranda, os Maracatu, Afoxés, dentre dezenas de outros Brinquedos, denotam que estes elementos são princípios fundadores do que conhecemos hoje como cultura brasileira, musica brasileira e identidade brasileira no mais profundo sentido dos termos fundidor e fundador.
A cerimônia religiosa ficou na regência do Babalorixá e Mestre Juremeiro Sandro de Jucá e da Sacerdotisa Iyalorixá e Mestra Juremeira Mãe Lúcia de Oyá T’Ogùn, que dês da fundação da tradição do coco do Catucá, o I Kipupa Malunguinho em 2006 foram protagonistas deste ritual religioso à memória e espiritualidade dos Malunguinhos que alí estão nas matas e nas mesas de Jurema de todo Nordeste.
Com a grande participação de diversos sacerdotes e sacerdotisas da Jurema Sagrada, o ritual ficou muito rico em loas e toadas (segmentos) de Jurema, que os mais de 200 Juremeiros e Juremeiras cantaram para saudar a união e a força espiritual que ali se fazia presente.
Vários foram os Mestres Juremeiros que vieram participar da cerimônia, Malunguinho (de Alexandre L’Omi L’Odò e outros), Zé Pretinho (de Ana de Oyá), o Grande Mestre Seu Curisco (de Mãe Lúcia de Oyá T’Ogùn), Mané Quebra-Pedra (de Beth de Oxum), Mestre buique (de Alexandre de Iyemojá), Zé da Hora, Mestre Caçador (de Ary Bantu), Mestre Zé Gaguinho (de Mãe Graça de Xangô), Mestre Manoel Maior, Mestre Pilão Deitado, Mestre Carlos, dentre muitos outros que não recordo-me agora. Foi tudo muito forte, e tanto as pessoas quanto a espiritualidade da Jurema Sagrada tiveram uma brilhante participação e ação afirmativa dentro da mata. Com as oferendas de fruta silvestres e litorâneas à Malunguinho, os Caboclos também foram muito saudados, pois Malunguinho também é caboclo, como expressa esta linda toada:
“Na mata tem um Caboclo
Todo vestido de pena
Este Caboclo é Malunguinho
Ele é Rei lá da Jurema
Na mata tem um Caboclo
Com uma preaca na mão
Esse Caboclo é Malunguinho
Não mexa com ele não”.
(da tradição da Jurema Sagrada de Pernambuco)
Após as cerimônias de entrada e louvação, adentrarmos a mata mais de 30 minutos a pé, chegando à clareira Cova da Onça, onde acontece a brincadeira. Todo brinquedo ficou por conta do Grande Mestre Galo Preto, comemorando 65 anos de coco e tradição no Brasil. Ao som da Embolada e do coco de roda, o evento na mata finalizou-se com o a cerimônia da alimentação coletiva. Com o já tradicional angu no dendê e a galinha também na iguaria, finalizamos o evento no lindo entardecer do Catucá às 17h.
O evento já está virando um marco de resistência, reafirmação, preservação e renovação dinâmica da tradição da Jurema no Estado, pois por ter um perfil único e exótico, atrai a cada ano mais pessoas interessadas na vivência e prática de suas próprias tradições que até então se encontravam adormecidas e desconhecidas pela ausência de informação.
O Kipupa Malunguinho é o povo de Terreiro olhando para seu universo, é o povo de terreiro unindo-se para construir novos rumos para a preservação e entendimento do que conhecemos como dia-a-dia da história viva de nossos antepassados que tanto lutaram para permitir que estivéssemos aqui hoje contando esta história.
Pelo olhar apurado e profissional da fotógrafa pernambucana e olindense Laila Santana, filha dos olhos da Oxum, coloco o resultado aqui do lindo registro realizado por ela. (Todas as fotos nesta matéria são de Laila Santana).
Agradecimentos especiais
Ao Deputadpo Estadual Isaltino Nascimento (PT), pelo grande apoio e consiceração dispensadas.
A Jorge Arruda, Secretário executivo da CEPIR (Comitê Estadual de Promoção da Igualdade Racial), E a todos os terreiros Participantes, em especial a casa de Mãe Tânia de Oxum pelo esforço desprendido.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
III Kipupa Malunguinho, Coco na Mata do Catucá 2008
III Kipupa Malunguinho, Coco na Mata do Catucá.
Tradição, cultura, discussão e Religiosidade em matas fechadas!
O Quilombo Cultural Malunguinho, convida para o III Kipupa Malunguinho, Coco na Mata do Catucá. Evento que leva para Matas fechadas do antigo Quilombo do Catucá (século XIX), o antigo Quilombo dos Malunguinhos, Palestras, Religiosidade da Jurema Sagrada e muito Coco de raiz, com os mestres e mestras de nossa cultura de tradição.
Informações gerais:
III Kipupa Malunguinho, Coco na Mata do Catucá.
Tradição, cultura, discussão e Religiosidade em matas fechadas!
Data: 26 de outubro de 2008
Local: Matas fechadas do Engenho Pitanga, Abreu e Lima – PE – Brasil
Horário: Saída as 7h da manhã.
Saída dos ônibus: Largo do Carmo, Avenida Dantas Barreto – Recife
Nascedouro de Peixinhos, AV. Brasília s/n, Peixinhos – Olinda
Contribuição: R$:10.00.
Programação: Palestra às 9h Tema: Acais, uma perspectiva de preservação da história da Jurema Sagrada do Brasil, a Jurema como Religião Primaz do Brasil.
Recital de Poesias Negras 10h45min.
Cerimônia religiosa (Gira de Jurema na mata, com sacerdotisas e sacerdotes, e índios ) 11h30min.
Descida de mata à dentro: Coco com os mestres e mestras: Mestre Galo Preto (www.myspace.com/mestregalopreto), Dona Elisa do Coco, Índios de Jatobá (Sertão de PE) e sacerdotes e sacerdotisas da Jurema Sagrada. 12h30min.
Volta do coco e alimentação (continuação do coco no sítio).
Retorno 17h.
Trajes: Mulheres: Saia Cumprida (colorida ou branca) e blusa a gosto (em cores claras ou colorida).
Homens: Calça cumprida e camisa (coloridas ou brancas), chapéu se possível.
*Na ocasião estaremos realizando a filmagem do documentário sobre Malunguinho, e algumas pessoas podem ser solicitadas a dar entrevista.
O traje na cor preta não será aceito.
Leve seu pandeiro e seu axé!
Juremeiros levar suas “Gaitas".
**Alimentação por conta do evento (comida típica da Jurema de Malunguinho).
*Leve sua água e seu lanche.
O *Kipupa Malunguinho, tradição criada em 2006 pelo Quilombo Cultural Malunguinho, com intenção de celebrar a memória do líder quilombola Malunguinho (em especial o João Batista, morto em 18 de setembro de 1835) em terras e matas de seu antigo quilombo O Catucá. Trazendo a representatividade das tradições culturais negras e indígenas brasileiras, o evento compõe uma experiência de troca de saberes e de contato com a sociedade e a religiosidade da Jurema Sagrada e o coco, com diversos artistas e mestres a realizarem o maior evento em matas fechadas do Brasil.
*(a palavra Kipupa, vem do tronco lingüístico do Kimbundo, uma das principais línguas faladas em Angola-África, e significa “agregação”, “união”, “coesão”, “encontro” de pessoas em prol de algum objetivo, que no nosso caso é a união e agregação de sacerdotes, artistas, acadêmicos, representantes políticos, estudantes e interessados para celebração e vivência, na memória, tradição e reflexão do papel do negro/índio na história e construção do país, reverenciando sempre a ancestralidade nossa).
Contatos e Produção: Alexandre L’Omi L’Odò e João Monteiro
Informações: + 55 81 8887.1496/ 9428.4898
Incrições: quilombo.cultural.malunguinho@gmail.com
Blog: qcmalunguinho.blogspot.com
(enviar: nome completo, RG, entidade (terreiro) e contatos).
Vagas limitadas!
domingo, 31 de agosto de 2008
NOVA VIDA AO NOSSO MESTRE SAUSTIANO. AXÊXÊ DA CULTURA PERNAMBUCANA!
MESTRE SALUSTIANO É A ALMA DE UMA IDENTIDADE CULTURAL, INDISCUTIVELMENTE INSUBSTITUÍVEL E INDELÉVEL DA MEMÓRIA COLETIVA E DA VIVENCIA ARTÍSTICA CRIATIVA E DINÂMICA DO POVO PERNAMBUCANO.
POVO ESTE QUE DA MESMA FORMA QUANDO PENSA EM PERCUSSÃO VÊ NANÁ VASCONCELOS COMO ÚNICA IMAGEM ASSOCIADA, VERÃO PRA SEMPRE E DIRETAMENTE A IMAGEM DO GRANDE MESTRE SALUSTIANO QUANDO FALAREM, PENSAREM, SONHAREM E ATÉ INFLAMAREM OS PEITOS COM O PATRIOTISMO AO CITAREM A CULTURA BRASILEIRA COMO ESTIGMA SANGUÍNEO NOSSO.
NA FORMA VERDADEIRA DA CULTURA QUE O BRASIL TEM, NA VERDADEIRA FORMA DE ARTE, NA VERDADEIRA FORMA DE VIVER ARTE E TRANSPIRAR CULTURA NORDESTINA, SEMPRE SERÁ LEMBRADO MEU PROFESSOR DOS ANOS 98 E 99 NAS ESCOLAS DE PEIXINHOS, MEU BAIRRO, A ENSINAR VIDA E DIGNIDADE, RABECA E O QUE É VERDADEIRAMENTE NOSSO PATRIMÔNIO E CULTURA.
AGRADEÇO A ELE E A EXISTÊNCIA A POSSIBILIDADE DE SER CONTEMPORÂNEO DE UM TEMPO QUE NOSSO ESTADO SE VIU NO TOQUE MOURO, CATIMBOZEIRO E RURAL DE SUA RABECA ENCANTADA.!
E NA NOSSA RELIGIÃO NEGRA, NO MEU XANGÔ, NO JEJE PERNAMBUCANO SAUDAMOS ASSIM OS NOSSOS ANCESTRAIS ILUSTRES QUE RENASCEM PARA UMA NOVA VIDA:
ÌYÁ MI ÁSÈSÈ! (MINHA MÃE É MINHA ORIGEM!)
BABA MI, ASÈSÈ! (MEU PAI É MINHA ORIGEM!)
OLÓRUN UM MI ÁSÉSÈ O O! (OLORUN É MINHA ORIGEM!)
KI NTOO BÒ ÒRÌSÀ À È. (CONSEQÜENTEMENTE, ADORAREI MINHAS ORIGENS ANTES DE QUALQUER OUTRO ORIXÁ.)
GBOGBO ÁSÉSÈ TINU ARA. (TODOS ÁSÈSÈ NO INTERIOR DE NOSSO CORPO...)
IBÁ MOJUBÁ MESTRE SALUSTIANO, A ORIGEM DE UMA NOVA ERA PARA A CULTURA PERNAMBUCANA. SALVE A NOVA VIDA.
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
O SILÊNCIO DOS MESTRES. Sobre a destruição de um patrimônio em Alhandra
Até meados do século XVII, toda história da Paraíba ocorreu ao sul da sua zona litorânea. Essa é, sobretudo, a história dos índios que lá habitavam e do contato destes com os colonizadores. Alhandra, antiga aldeia Arataguy, esteve diretamente ligada a esta história, tendo se tornado, em 1758, a primeira vila da capitania. Ao norte do referido município, está localizada a propriedade do Acais. Trata-se de uma das duas propriedades que pertenceram a tradicional família do último regente indígena do litoral sul da Paraíba, Inácio Gonçalves de Barros, pai da prestigiosa mestra Maria do Acais, falecida em 1937.
Contudo, quase um século após ter sido elevada à categoria de vila, Alhandra se manteve como aldeia indígena, como mostram documentos e diversos relatos da época, a exemplo do registro feito por Henry Koster¹, que por lá passou na primeira metade do séc. XIX. Os aldeamentos na região foram considerados oficialmente extintos em 1862. Trinta anos depois, contrariando os dados oficiais que proclamavam o desaparecimento dos índios, Joffily², em 1892, registrou a predominância do que chamou de “typo indígena puro”, que na Paraíba só seria encontrado na Bahia da Traição e em Alhandra.
O passado indígena, ao longo da história, foi perdendo suas referências. Parte desta memória, no entanto, foi mantida através do culto da jurema, fenômeno religioso, cuja complexidade vem desafiando historiadores e antropólogos. Para a comunidade de juremeiros de Pernambuco e Paraíba, Alhandra tem sido considerada o berço desta tradição. A propriedade do Acais, onde viveram os mestres descendentes do último regente dos índios da região, é considerada o símbolo maior do culto. Lócus de importantes estudos sobre o tema, a fazenda e seus moradores foram descritos, direta ou indiretamente, por nomes como Gonçalves Fernandes³, Roger Bastide[4], Arthur Ramos (5), além de pesquisadores mais recentes, como Vandezande (6), na década 1970, e Salles (7) nos ultimos anos.
O Lugar
O Acais é visitado freqüentemente por pesquisadores e religiosos, vindos de diversas partes do Brasil e até de outros países. A fazenda está localizada ao oeste de Alhandra, as margens da antiga estrada João Pessoa/Recife. Possui uma casa grande, um coreto e, na parte mais alta da fazenda, a capela de São João Batista. Por trás da capela, encontra-se uma escultura de um tronco de jurema, feita em concreto, na década de 1950, sobre o túmulo do mestre Flósculo, filho de Maria do Acais. Por trás da casa grande, vê-se uma das “cidades” da jurema mais antigas (consiste em um ou mais pés de jurema, considerados moradias dos antigos mestres), com aproximadamente um século de existência. No local, encontram-se raízes de antigas juremas, que são mantidas junto aos novos arbustos.
O silêncio
Nos últimos anos, após ficar desabitado, o Acais necessitou de reformas urgentes, tendo o coreto e parte da casa grande em ruínas. Com o falecimento da última proprietária, Maria das Dores, neta de Maria do Acais, os problemas aumentaram. A situação mobilizou pesquisadores, moradores da região e diversas entidades religiosas de João Pessoa e Recife (inclusive um deputado do PT de Pernambuco, que esteve na área acompanhado de vários juremeiros) empenhados na reforma e manutenção da propriedade. Neste mês de agosto, quando se revelou o novo proprietário da fazenda, com exceção da capela e o túmulo do mestre Flósculo, que estão localizados no lado oposto do resto da fazenda, separados pela estrada, o que restou da propriedade foi destruído, juntamente com os pés de jurema (as “cidades”) que lá existiam. O cenário é de devastação e indignação.
Outras Palavras
É possível reerguer a casa e o coreto a partir dos alicerces e parte do piso que foram mantidos, até mesmo reutilizando parte do material retirado das suas próprias ruínas (vale salientar que este pouco que restou deve-se à intervenção de pessoas de João Pessoa e Recife, que para lá se deslocaram assim que foram informados da destruição). Os pés de jurema e as raízes seculares estão sob os escombros de outras plantas, inclusive uma enorme mangueira, ambas derrubadas na mesma ocasião. Normalmente, ao lado dos antigos pés de jurema que compõem as cidades, e que com o tempo morrem, novos são plantados, garantindo, deste modo, a continuidade destes santuários. É possível, portanto, reconstruir, com a ajuda dos mestres locais, o santuário que lá existia. Uma vez recuperada a fazenda, ela deve finalmente receber os cuidados próprios de um patrimônio: placas informativas, segurança, manutenção, enfim, ser inserida em um projeto e uma discussão ampla, que inclua diversos setores da comunidade local, seus legítimos representantes, e que contribua com a implementação de uma educação patrimonial na região. Mas temos que agir rápido. Caso contrário, o Acais terá o mesmo destino de outros lugares considerados sagrados para os juremeiros de Alhandra, que, sob a omissão do Estado, desapareceram para dar lugar ao plantio da cana e outras lavouras.
Referências Bibliográficas
___________________________________________
¹ KOSTER, Henry. Viagens ao Nordeste do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1942.
² JOFFILY, Irenêo. Notas sobre a Parahyba. Rio de Janeiro: Tipografia do Jornal do Comércio, 1892.
³ FERNANDES, A. Gonsalves. O Folclore Mágico do Nordeste. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1938.
4 BASTIDE, Roger. Imagens do Nordeste Místico em Branco e Preto. Rio de Janeiro: Edições O Cruzeiro, 1945.
5 RAMOS, Artur. o Negro Brasileiro. Recife: Editora Massangana, 1988.
6 VANDESANDE, René. Catimbó. Dissertação apresentada ao P.I.M.E.S. do I.F.C.H da Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 1975.
7 SALLES, Sandro Guimarãe de. À Sombra da Jurema: a tradição dos mestres juremeiros na Umbanda de Alhandra. AntHropológicas. Vol. 15 (1), p. 99-121, Ed. da UFPE, 2004.
Sandro Guimarães de Salles PPGA/UFPE
engajados na resolução deste equivoco sinistro histórico, junte-se a esta luta, salve a Jurema e sua História.
Quilombo Cultural Malunguinho, 173 anos Resistindo!
alexandrelomilodo@hotmail.com
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Pastor que converteu criminoso é acusado de preconceito religioso contra o candomblé
Em seguida, o pastor aconselhou o criminoso arrependido a se entregar para a polícia. Lá chegando, porém, o próprio pastor caiu vítima de acusações criminais - por causa das tendências politicamente corretas. Ele foi denunciado pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) por prática de preconceito religioso contra as entidades do candomblé.
A denúncia, encaminhada para o juiz Flávio Marcelo Fernandes, da 37ª Vara Criminal da Comarca da capital, é de autoria da promotora Márcia Teixeira Velasco.
Citando a reportagem "Ladrão se entrega com Bíblia na mão" do jornal 'Meia Hora' (edição de 27 de novembro de 2007), a denúncia do MP-RJ diz que o pastor Isaías da Silva Andrade "praticou, de forma livre e consciente, discriminação ou preconceito de religião". Ao fazer uma declaração sobre Tico, o pastor disse:
"Ele estava possuído por uma legião de demônios, como o Exu Caveira e o Zé Pilintra. Fizemos uma libertação nele e o convencemos a se entregar hoje".
O pastor disse isso nas dependências da DC-Polinter, onde acompanhava a apresentação de Tico à polícia.
Na opinião da promotora, o candomblé e seus praticantes "foram atingidos diretamente com a declaração racista e discriminatória, eis que o denunciado vilipendiou entidades espirituais da matriz africana, com a espúria finalidade de proteção de autor de nefasto crime".
O processo foi auxiliado por Leonardo Chaves, subprocurador Geral de Justiça de Direitos humanos.
O caso, que está sendo acompanhado pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, é o primeiro onde um pastor é denunciado criminalmente por discriminar religiões afro-brasileiras como o candomblé. Se condenado, o pastor pode pegar de dois a cinco anos de detenção.
quarta-feira, 30 de julho de 2008
Malunguinho, primeira Divindade Negra Espiritual a ter uma lei estadual!
Mas é bom saber, que um guerreiro do passado (especialmente do século XIX), vem tomando por lei os seus direitos de ter sua história reconhecida pelo mesmo Estado que o assassinou, e também uma reparação a todos de seu Quilombo, os Quilombolas de Malunguinho, os Quilombolas da nossa Mata Norte dos meados do XIX, século de revoluções e transformações nacionais.
Hoje onde eram terras de resistência, de lutas por liberdade e por terras, existe um longo e calamitoso caos social, e o rio que foi também morto por este processo de exclusão das classes que construíram este país também grita por salvação e direitos de viver (a este oxum já está providenciando a devida reparação).
E hoje já podemos visualizar um futuro mais digno para toda esta história que em outroras foi fonte de história e orgulho para todos nós hoje.
O trabalho do Quilombo Cultural Malunguinho, vem despertando e cobrando a atenção do estado de Pernambuco para esta reparação histórica e também a este resgate da dignidade destas terras e rio que se estendem das margens do Rio Beberibe entre Olinda e Recife e se estende até o município de Goiana, sendo 12 municípios atravessados nesta larga dominação dos Quilombos do Líder Malunguinho até o seu simbólico fim territorial.
Um das grandes vitórias já alcançadas pelo Quilombo Cultural Malunguinho e outros movimentos em especial os terreiros de Jurema e Xangô (candomblé) de Pernambuco, foi a aprovação pela Assembléia Legislativa do Estado da lei 13.298/07 a lei da Vivencia e da Prática da Cultura Afro Pernambucana, proposta por nós destes movimentos e apresentada pelo Dep. Estadual Isaltina Nascimento.
Foi Ele mesmo que o fez. A lei foi aprovada e apresento por intero, e é como um recado da nossa Jurema Sagrada, que em seu bojo quer dizer o seguinte: Acredite, pois mesmo com todos contra nós a força da espiritualidade que é nossa parceira concretiza os nossos sonhos se eles tiverem mérito!
LEI Nº 13.298, DE 21 DE SETEMBRO DE 2007.
Institui no calendário oficial do Estado de Pernambuco a Semana Estadual da Vivência e Prática da Cultura Afro-Pernambucana.
O PRESIDENTE DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO:
Faço saber que tendo em vista o disposto nos §§ 6º e 8º do artigo 23, da Constituição do Estado, o Poder Legislativo decreta e eu promulgo a seguinte Lei:
Art. 1º Fica instituída a semana do dia 18 de setembro como a Semana Estadual da Vivência e Prática da Cultura Afro-Pernambucana, como reconhecimento do resgate histórico do líder quilombola Malunguinho, morto em combate em 18 de setembro de 1835.
Art. 2º As comemorações da Semana Estadual da Vivência e Prática da Cultura Afro-Pernambucana, ocorrerão no período de 12 a 18 de setembro.
Art. 3º A Semana Estadual da Vivência e Prática da Cultura Afro-Pernambucana poderá ser comemorada através da realização de atividades sobre a História da África e História Afro-Brasileira; Cultura de resistência do povo negro no Brasil; História das religiões de matriz africanas; História dos Quilombos no Brasil e em Pernambuco; Relações de Gênero e Transgêneros; discriminação e preconceito racial.
Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 5º Revogam-se as disposições em contrário.
em 21 de setembro de 2007.
GUILHERME UCHÔA
Presidente
QUILOMBO CULTURALMALUNGUINHO HISTÓRICO E DIVINO, 173 ANOS RESISTINDO!QUILOMBO.CULTURAL.MALUNGUINHO@GMAIL.COM
SALVE MALUNGUINHO NA JUREMA E NA HISTÓRIA DE PERNAMBUCO!
Alexandre L'Omi L'Odò.
domingo, 20 de julho de 2008
Malunguinho, Negro Guerreiro/Divino de Pernambuco
Pernambuco no século XIX viveu vários movimentos políticos. Da Revolução de Goiana, a Junta de Beberibe (1821), a Rebelião dos Romas (1829) e outros movimentos de libertação.
Um dos movimentos de maior representatividade foi o dos negros do Quilombo de Malunguinho, quilombo "urbano ou semi-urbano", localizado nas terras conhecidas atualmente, como Engenho Utinga no município de Abreu e Lima, liderava outros quilombos da Mata Norte, tornando-se o principal centro estratégico de resistência. Entre os anos de 1814 a 1837, implementaram varias ações contra o poder local constituído, naquele momento fragilizado pelos conflitos internos pelo poder e soberania.
Os Malunguinhos desenvolveram técnicas de guerrilha, conhecidas até hoje, como os estrepes, espécie de lança, feita em madeira bem afiada, que enterradas em buracos escondidos na mata, continham os invasores dos quilombos, desenvolviam e organizavam ações de colaboração mutua com outros quilombos.
Enfrentado inúmeras adversidades, superioridade bélica e política dos colonizadores e do poder local, que protagonizam sangrentas batalhas contra os refugiados, estes homens e mulheres lutaram com dignidade para desenvolver a vida social e econômica negra da época.
Malunguinho Histórico - Malunguinho é o título dado aos líderes quilombolas pernambucanos que no século XIX fizeram ferver a capital na luta por seus direitos. O último Malunguinho que se tem registro é o João Batista, um dos maiores lideres da historia do quilombo, assassinado em emboscada cruel na cidade de Igarassú, chamada ainda na época de Maricotinha, ficando sua morte como marco crucial para a destruição total do Catucá em 18 setembro 1835.
Os relatos da existência dos quilombos do Catucá estão ainda hoje no Arquivo público estadual de Pernambuco, em manuscritos, jornais da época, documentos de terras, mapas e relatórios da polícia provinciana documentos de todo o século XIX.
Malunguinho Divino - “Ele é preto, ele é bem pretinho, salve a coroa do Rei Malunguinho!”, esse cântico ainda soa nos terreiros de jurema nas localidades do Catucá. Vivo no imaginário religioso do nordeste, em especial no culto da Jurema Sagrada de Pernambuco, ele, ou eles, são conhecidos como Caboclo, Mestre e Exu.
Alexandre L'Omi L'Odò