GALO PRETO_ ONDE OS MESTRES AINDA CANTAM
Por Zeca Gutierres
Um galo preto, que ficou sem cantar durante décadas, decidiu levantar a crista no alto de seus 76 anos e volta a ciscar no terreiro da música popular pernambucana. Tomaz Aquino Leão, o Mestre Galo Preto, ficou conhecido nos anos de 1970 – freqüentou os programas de Chacrinha e de Flávio Cavalcanti e fez parceria com um monte de gente famosa, até com Dercy Gonçalves. Sumiu por décadas até voltar ao batente com o retorno do coco-de-roda na cultura do Estado em que nasceu. “O Jackson do Pandeiro já cantava o coco, assim como Luiz Gonzaga. Mas agora o gênero voltou a se tornar popular e aproveito esta boa fase para mostrar minha arte”, diz o senhor muito bem-vestido, na estica, simpático e cheio de memórias para contar.
Mas como o povo do Sudeste reconhece o tal coco? “Para começo de conversa, o coquista não é um homem culto. Ele aprende a cantar em rodas espalhadas pelo interior do Estado e trabalha em cima da improvisação. E o coco, propriamente dito, é uma dança, uma das tantas brincadeiras do nordestino, como a ciranda, o maracatu e o caboclinho”, ensina.
Galo Preto, que não gosta do título de “mestre” (“prefiro ser aluno, porque estou sempre aprendendo”), vem de uma família de repentistas e recebeu o apelido do irmão mais velho, quando tinha 6 anos. “Eu quis brigar com ele, que retrucou: “Este galo preto tá bravo demais...’.” Começou a inventar música aos 12 anos, já com o batismo consumado, e hoje, aos 76 anos, o coquista e embolador tem shows programados no Brasil e no exterior.
Um de seus últimos trabalhos foi uma letra para uma campanha do governo do Estado contra a AIDS. “Explicaram para mim como se pega, combate-se e também a maneira de não contrair a doença, e criei uma música para a campanha, que virou um documentário, que diz: ‘procure se proteger / Quem usa o preservativo não pega o HIV / A AIDS não pega no beijo, nem no aperto de mão / Não pega no assento do banheiro, nem no da condução...’ ”, canta o bamba.
Natural de Bom Conselho, usa um pandeiro com um galo preto desenhado. “Quando voltei a trabalhar, nestes últimos anos, foram fazer uma pesquisa e descobriram por fotos muito antigas que o meu pandeiro tinha um galo preto desenhado”, conta o coquista, que não perdeu tempo em apresentar o filho, Telmo Anum, como sucessor de seus versos, mas com um estilo, digamos assim, mais universal.
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Texto em Inglês:
GALO PRETO: WHERE MASTER STILL CROW_
A black rooster, silent for decades, hás decided to Begin crowing again. From the height of his 76-years of age, Mestre Galo Preto (roughly translated, Master Black Rooster) has returned to perch over the popular music scene in Pernambuco. Born Tomaz Aquilo Leão, He earned fame in the four corners of Brazil during the 1970 – He was on television shows like Chacrinha and Flávio Cavalcanti, and collaborated with loads of famous people, even with Dercy Gonçalves.
Then he disappeared for decades before returning to the scene, involved in the coco-de-roda culture of his home state. “Jackson do Pandeiro, Who is from my generation, already sang the coco, as did Luiz Gonzaga. Right now the genre has seen a comeback and I’m using the opportunity to show people my talent in singing and playing. In truth, I sing everything, coco, ciranda, forró..” explains the well-dressed, friendly man with a thousand stories to tell.
But how can people from other parts of Brazil recognize this ‘coco’? “In the first place, the coco Singer is not generally a well-educated man. He learns to sing in the music circles of the heartlands, and works with improvisation. The coco is in fact a dance, a playful game played by northeasterners, like the ciranda, maracatu and caboclinho”, He clarifies.
Galo Preto, Who doesn’t much like the title ‘master’ (I prefer to be called a student, because I AM constantly learning), hails from a family of repentistas, or rhyming poets.his older brother gave him the nickname when He was 6 years old. “I wanted to fight him, and He teased me, saying ‘The black rooster is angry, is He?” He began writing his own songs when He was twelve years old and today, at 76, this embolador has live shows scheduled all over Brazil and abroad. One of his latest taks was writing the words to a government anti-AIDS campaing. “They explained to me how its transmitted, how its fought and how to prevent it, and I made up a song about it, which has become a documentary. The words go: ‘Procure se proteger / Quem usa o preservativo não pega o HIV / A AIDS não pega no beijo, nem no aperto de mão / Não pega no assento do banheiro nem no da condução...’”, (Protect yourself / wear a condom and you won’t get HIV / You don’t catch AIDS from kissing or shaking hands / Not from a toilet seat or on the bus...”) Galo Preto switches his pandeiro from hand to hand effortlessly, mid flow, and is moved by the confidence and skill present in his verses.
He was Born in the Pernambuco city of Bom Conselho, and his pandeiro has a drawing of a black rooster. “When I came back to work, these past few years, people were researching and discovered old photographs from my childhood where I had a black rooster drawn on my pandeiro. So I adopted the symbol once again,” says this charmer. He introduced us to his son, Telmo Anum, as the seccessor of his work, albeit it with a more modern catch that befits the new generation of musicians from Pernambuco.
Link para o site da Revista ffw>> mag!:
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Publico aqui matéria da revista internacional ffw>> mag! n° 29 de janeiro de 2012. Com o tema "Pernambuco - Beleza em Estado Bruto. A revista trouce diversas matérias e fotografias de artistas da terra, entre eles o estimado Mestre Galo Preto, onde na página 71, mostra um pouco de sua história e sabedoria. Com fotos de Renata Main e reportagem de Zeca Gutierres, as matérias com os artistas pernambucanos nos envolvem completamente. Entre eles o Siba Veloso, o Naná Vasconcelos e a maravilhosa Selma do Coco. Boa leitura. Visite: www.myspace.com/mestregalopreto
Alexandre L'Omi L'Odò
Produção do Mestre Galo Preto
alexandrelomilodo@gmail.com
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