Digitalização da Matéria do Jornal Aqui PE de sábado e domingo, 06 e 07 de outubro de 2012. Cidades 5.
Novo nome em oferenda a Oxum
Estudante conseguiu na justiça o direito de acrescentar L'Omi L'Odò à identidade que recebeu ao nascer
Marcionila
Teixeira
marcionilateixeira.pe@dabr.com.br
Ele
nasceu Alexandre Alberto Santos de Oliveira, mas agora, aos 32 anos, comemora o
que considera um renascimento. Em uma decisão inédita na justiça, passou a se
chamar oficialmente Alexandre L’Omi L’Odò Alberto Santos de Oliveira. O L’Omi
L’Odò é uma homenagem a Oxum, Orixá do candomblé, e significa, em língua
yorùbá, das águas do rio. Desde
criança, Alexandre se identifica com a Jurema, religião de matriz indígena do
Nordeste do Brasil, que se relaciona com o Candomblé e a Umbanda nos espaços de
terreiro. Para ele, acrescentar o nome é o maior ebó, ou seja, oferenda, que já
fez a Oxum, de quem se considera filho na religião afro.
A
decisão é do juiz Cláudio Cavalcanti, da 1° Vara da Família e Registro Civil de
Olinda. O magistrado considerou que o pedido se justifica porque a Lei dos
Registros Públicos permite que a pessoa pode somar ao pré nome o apelido ao
qual tenha atrelada a sua imagem pública, como é o caso de Luiz Inácio Lula da
Silva e Xuxa. “No entanto, fiz uma resalva. No pedido ele queria retirar o
sobre nome Oliveira que é do pai, pois alegou que já tinha Alberto, também da
família paterna. Mas entendo que os sobrenomes da família devem ser
preservados, pois Alberto é prenome”. Explicou o juiz.
Essa
seria a primeira vez que uma decisão judicial muda um nome a partir de uma
justificativa religiosa do solicitante. O magistrado, no entanto, disse que a
religião não pesou tanto em sua sentença e sim o que diz a lei. “Ele conseguiu
provar na justiça que é conhecido publicamente assim a mais de dez anos quando
foi batizado no candomblé. Também apresentou inúmeras notícias com seu nome e
trouxe testemunhas comprovando o fato. O próprio direito abre exceção ao
princípio da imutabilidade do nome”, explicou o juiz.
Entre
outras condições para ter o nome alterado na justiça, a pessoa precisa provar
que é exposta ao ridículo. Uma outra situação que prevê mudança é o casamento e
a adoção. Alexandre, que € estudante de história da Universidade Católica de
Pernambuco e coordenador do Quilombo Cultural Malunguinho, disse que toda
comunidade tradicional de terreiro está comemorando a decisão. “Trata-se de uma
vitória de todo povo de terreiro, que agora um precedente na justiça”, afirmou.
Para
a professora do departamento de história da UNICAP Zuleica Dantas, com
pós-doutorado em ciências da religião, a mudança soa positiva para a religião.
“O nome é identidade, reúne a construção da pessoa enquanto identidade e como
representante de um determinado lugar. No caso de Alexandre, tem uma
perspectiva mítica, ligada à ancestralidade dele”, analisou a professora. Como
cultuador da Jurema, Alexandre é chamado de juremeiro, e, dentro do culto, é
considerado egbomi, ou seja, um irmão mais velho.
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Publico aqui texto integral da matéria de jornal digitalizada do Aqui PE de sábado e domingo, 06 e 07 de outubro de 2012. Cidades 5. Este jornal custa 0,25 centavos e é o mais popular e que tem maior consumo entre as maiorias pobres de Pernambuco. Geralmente este "jornal" publica matérias sensacionalistas e de muito mal gosto. Recentemente no caso do menino Flânio de 09 anos do Brejo da Madre De Deus, ao qual foi degolado em suposto ritual macabro, este mesmo jornal vinculou o nome das religiões de matrizes africanas e indígenas de forma completamente racista e preconceituosa. Felizmente a Comissão de Acompanhamento Contra Intolerância Religiosa de Pernambuco interviu de forma concreta contra estes atos absurdos que só estimularam a população à violência que levou a destruição de 7 terreiros de Jurema e Candomblé no distrito de São Domingos no Brejo da Madre de Deus... Hoje ver eles publicando uma matéria como esta nos dias que mais se vende o jornal em todas as localidades é um sinal positivo que nossos trabalhos tem dado frutos. Toda população da periferia de Peixinhos, onde moro, viu e leu a matéria. Isso foi importante, tendo em vista que uma informação deste porte dificilamente chegaria ao conhecimento das populações menos favorecidas ao acesso à mídia e meios de comunicação. Peço obrigado à jornalista Marcionila Teixiera pelo belo trabalho de acompanhamento de todo este processo meu na justiça e pela coragem em permitir que seu texto entrasse nesta edição do Aqui PE. Axé e salve a fumaça!!
Sobô nirê!
Alexandre L'Omi L'Odò
Juremeiro e Egbomi
alexandrelomilodo@gmail.com
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