Memorial do milagre do Peixe Boi. Arte Alexandre L'Omi L'Odò.
O milagre de Iyemojá Ògúnté Mi - O Peixe Boi e a celebração à natureza
Na data de 12 de Dezembro de 2015 (data da festa de Iyemojá em nosso Ilé Iyemojá Ògúnté), tivemos a maior das confirmações da natureza. Ao entregar a Panela de Iyemojá ao mar, um lindo e enorme peixe-boi veio nos saudar na beira do mar e ficou pertinho de nossa mãe Ògúnté... Foi a maior prova que ainda existe Orixá na terra, que ainda existe axé e pureza em nossa religião.
Registro do aparecimento do Peixe Boi na madrugada do dia 12 de Dezembro de 2015 na beira mar da Praia de Olinda (por detrás dos Correios no Carmo). Na foto o irmão de axé Cristiano de Iyemojá. Foto de Alexandre L'Omi L'Odò.
Registro do aparecimento do Peixe Boi na madrugada do dia 12 de Dezembro de 2015 na beira mar da Praia de Olinda (por detrás dos Correios no Carmo). Na foto o irmão de axé Cristiano de Iyemojá. Foto de Alexandre L'Omi L'Odò.
Ele veio receber o presente e encaminhá-lo para a grande mãe Iyemojá. Acompanhou a oferenda que foi levada de barco até o fundo do mar e voltou para nos abençoar com seu carinho. Foi uma cena memorável e de puro encanto. Só quem vivenciou este momento guardará consigo o tamanho da força e beleza que teve. Um animal extremamente dócil... Nossas crianças ficaram encantadas... Afinal nunca tinham visto um peixe-boi pessoalmente... Ele brincou com todos e todas e deitou no colo de Ògúnté incorporada na nossa Iyá Máe Lu Omitòògùn.
Estamos todos muito agradecidos e emocionados com tamanho axé. Isso é tradição nagô, isso é amor e união. Ficamos muito felizes de ter vivido este momento de graça junto com nossa iyalorixá e família de axé.
Obrigado Mãe Lu Omitòògùn e Pai Paulo Braz Ifátòògùn pelo amor e dedicação a nossa religião. Sabemos que a fé e pureza que vocês tem dentro do culto possibilita milagres como este. "A natureza só se revela e se aproxima dos puros de coração", como sempre afirma nosso Babá Ifátòògùn. Isso pudemos confirmar na prática neste dia santo.
Nos encheu de vida o milagre e o encanto de Ògúnté Mi. Este fato entrou em nossa profunda memória histórica da tradição oral da casa e de nossa tradição como um todo.
Nossa iyalorixá supõe que o peixe boi poderia ter sido a materialização de Iyemojá... Que ela teria vindo agradecer a obrigação realizada com tanto amor. Ainda diz que "sabemos que ela se revela também em peixes e outros seres do mar, quando quer nos mostrar algo ou agradecer"... Nunca iremos saber o que aconteceu de fato. Mas sabemos que foi verdade este dia. É de encher os olhos d'água ao lembrar de tudo isso.
Ao chegarmos no terreiro, a festa foi maior do que havia sido antes. A comemoração da benção recebida teve saraivadas de fogos e muito toque de ilú para humildemente agradecermos tamanha graça. O terreiro veio abaixo com tantos gritos de "odò miiò" (saudação de iyemojá na tradição nagô)... Foi lindo ver o babá Paulo Braz dançando com Ògúnté e vibrando com ela a alegria de viver e de ser do axé. O dia amanheceu brilhando com tanta emoção. Nem consegui dormir... Tive que escrever este texto para registrar esta história real do povo de terreiro...
Odò Miiò Iyemojá!
Registro do aparecimento do Peixe Boi na madrugada do dia 12 de Dezembro de 2015 na beira mar da Praia de Olinda (por detrás dos Correios no Carmo). Na foto o irmão de axé Cristiano de Iyemojá. Foto de Alexandre L'Omi L'Odò.
Registro do aparecimento do Peixe Boi na madrugada do dia 12 de Dezembro de 2015 na beira mar da Praia de Olinda (por detrás dos Correios no Carmo). Na foto o irmão de axé Cristiano de Iyemojá. Foto de Alexandre L'Omi L'Odò.
Odò Miiò Iyemojá!
Detalhes doo fato:
Não é comum aparecer às margens de águas salgadas e poluídas este animal que tem o hábito de buscar águas limpas e doces. Mesmo que por algum motivo climático ou biológico ele tivesse aparecido ali, cabendo uma explicação científica, jamais este animal agiria como o fez. Ele veio receber a Panela de Iyemojá, levou ao fundo do mar acompanhando o barco e voltou seguindo os Ogans. Em sua volta ele foi direto para os braços de nossa mãe Ògúnté que estava sentada na beira do mar. Um misto de medo e profunda sensação de contemplação me tomou e não sabia como agir. Até puxei a "matéria" de nossa mãe, tentando protegê-la... Mas logo Iyemojá foi em direção ao peixe-boi e passou a saia por cima dele. Com uma expressão de carinho e profunda calma o animal ficou ali... Quieto. Mesmo não tendo a permissão para fotografar os Orixás, em uma rápida reflexão decidi tirar o celular do bolso e fazer este registro fundamental para preservar a memória visual deste momento complexo, raro e espiritual. As fotos não saíram muito boas devido a própria condição de iluminação do local que estava completamente escuro, e também por se tratar de um equipamento amador e consequentemente inapropriado para fotos nestas condições. as fotos ficaram ruins, mas foi o que deu para fazer na hora. Eu poderia ter levado o "carão" que fosse... Mas jamais me arrependeria de ter ousado em fotografar este momento. Só não fiz fotografias de Iyemojá junto ao peixe-boi por que só após ao "acordar" da mágica do momento pude racionalizar algo e pensar em fotografar... mas, infelizmente não era mais possível fazer este registro completo como merecia. Penso que foi tudo como Iyemojá quis...
Para mim e para todos os presentes, que inclusive estavam na praia participando de um coco (pessoas de fora, que não participaram das obrigações e que estavam ali se divertindo), este momento ficará marcado para todo sempre como o maior símbolo da presença do Orixá na terra. ainda há axé de verdade. Ainda há natureza viva que pode se revelar de forma tão contundente para nos afirmar sua aceitação ao nosso culto e fé.
Não é comum aparecer às margens de águas salgadas e poluídas este animal que tem o hábito de buscar águas limpas e doces. Mesmo que por algum motivo climático ou biológico ele tivesse aparecido ali, cabendo uma explicação científica, jamais este animal agiria como o fez. Ele veio receber a Panela de Iyemojá, levou ao fundo do mar acompanhando o barco e voltou seguindo os Ogans. Em sua volta ele foi direto para os braços de nossa mãe Ògúnté que estava sentada na beira do mar. Um misto de medo e profunda sensação de contemplação me tomou e não sabia como agir. Até puxei a "matéria" de nossa mãe, tentando protegê-la... Mas logo Iyemojá foi em direção ao peixe-boi e passou a saia por cima dele. Com uma expressão de carinho e profunda calma o animal ficou ali... Quieto. Mesmo não tendo a permissão para fotografar os Orixás, em uma rápida reflexão decidi tirar o celular do bolso e fazer este registro fundamental para preservar a memória visual deste momento complexo, raro e espiritual. As fotos não saíram muito boas devido a própria condição de iluminação do local que estava completamente escuro, e também por se tratar de um equipamento amador e consequentemente inapropriado para fotos nestas condições. as fotos ficaram ruins, mas foi o que deu para fazer na hora. Eu poderia ter levado o "carão" que fosse... Mas jamais me arrependeria de ter ousado em fotografar este momento. Só não fiz fotografias de Iyemojá junto ao peixe-boi por que só após ao "acordar" da mágica do momento pude racionalizar algo e pensar em fotografar... mas, infelizmente não era mais possível fazer este registro completo como merecia. Penso que foi tudo como Iyemojá quis...
Para mim e para todos os presentes, que inclusive estavam na praia participando de um coco (pessoas de fora, que não participaram das obrigações e que estavam ali se divertindo), este momento ficará marcado para todo sempre como o maior símbolo da presença do Orixá na terra. ainda há axé de verdade. Ainda há natureza viva que pode se revelar de forma tão contundente para nos afirmar sua aceitação ao nosso culto e fé.
Em minha trajetória dentro da religião de matriz africana e indígena, pude ter neste dia, a possibilidade de mudar minha vida e minha forma de ver e sentir a religião. Superei minhas expectativas de crença e fé.
Creio que algo desta magnitude jamais seria possível se não houvesse pureza e profunda dedicação e amor de nossos sacerdotes, Pai Paulo Braz Ifátòógún e nossa sacerdotisa Mãe Lu Omitòógún, que se dedicam profundamente à Casa e aos filhos e filhas. Duas pessoas de idade avançada de axé e biológica. irmãos sanguíneos que levam à frente a tradição nagô com o mais alto nível de responsabilidade e rigor na preservação dos elementos tradicionais que compõem nossa nação. Orgulho de ter o direito de viver um dia como este ao lado de minha família de axé que tanto amo.
Para resguardar a memória deste momento especial na vida de todos nós, fiz um pequeno quadro que registra essas fotos e um texto sobre o fato para ficar a mostra na parede do terreiro como marco histórico deste momento. Foto de Bárbara Costa.
Este texto só hoje pude concluir. Depois de basicamente um ano e alguns meses. Acordei com esta lembrança e ao olhar meu blog vi que a postagem ainda esta vem rascunho. Terminei o texto e disponibilizo para todas e todos. Esta memória não pode morrer jamais. Isso é história do Povo de Terreiro. Axé.
Alexandre L'Omi L'Odò
Egbomi ti Òsún e Juremeiro
Quilombo Cultural Malunguinho
alexandrelomilodo@gmail.com
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