Alexandre L'Omi L'Odò em épocas de sua iniciação para Oxum. Foto de Aluísio Moreira.
Mais um ciclo anual dedicado à Oxum
Este é um mês que dedico a reflexão de meu papel sacerdotal e que disponho-me a mergulhar nas práticas rituais dedicadas à minha Mãe. Abro-me à experiência do amor das águas... A água ama a terra. Dá vida a tudo... semeia a alegria por onde passa, refresca as almas, fertiliza os sexos, abençoa a existência, nos possibilita tudo.
Oxum é generosidade e amorosidade. É poder absoluto, contudo, é acolhimento e sabedoria. Oxum vive no fundo dos segredos das águas doces... O doce de sua bênção é inesecivel. Quem é tocado pelo amor de Oxum, jamais será a mesma pessoa. Oxum lava a alma e purifica, renova e harmoniza.
Essa foto foi feita há 13 anos, pela oportunidade de minha iniciação na nação jeje nagô de Pernambuco. Era um neófito feliz. Continuo feliz por ser eternamente uma iyawo de Oxum (ser iyawo significa ser a esposa do Orixá. Àquela pessoa iniciada para cuidar da tradição, como se cuida de quem se ama eternamente). Continuo cuidadando... Cuido de mim, dos meus afilhados, dos amigos e amigas, das pessoas que amo, de todos que posso... Cuido de Oxum. Ela mora em mim, dentro do meu Ori, ela caminha comigo todas as horas. Sou feliz por ter casado com minha mãe. Sou a pessoa mais feliz de meu universo, um eterno iniciante, buscador de bons caminhos para mim e para tudo que acredito. Vivo o tempo de meu axé com desapego ao tempo... O tempo de axé pra mim não é tempo, é água de rio, que corre e abre caminhos, que fura pedras, mas não tem vaidade.
Inicia-se dia 22 de Julho minha contagem regressiva para as celebrações de meus 14 anos de axé. Esse novo ano que inicia, vai ser lindo, caminhando de mãos dadas com as pessoas que amo e que acreditam em meus sonhos coletivos. Ubunto.
Difícil tem sido seguir sem meu Mestre maior Pai Paulo Braz Ifátòògùn, sua ausência me deixa inseguro, como se não pudesse aprender mais nada... Me sinto ainda uma criança perdida, contudo, seu Egun tem sido o mesmo Mestre de sempre, só que de uma forma distante... A saudade machuca, mas seguirei seus princípios, e levarei à frente nossas tradições. Tenho duas folhas para semeia o mundo, não o decepcionarei.
Meu maior consolo é a existência de minha iyalorixá Maria Lúcia Felipe Tia Lú, depositária de todo saber e axé. Nas mãos de suas águas estou entregue, e navegaremos juntos até o mais absal segredo, até o mais profundo amor.
Adupé! Agò kolofé iyámi Osùn!
Oré iyéiyé oooooooooooo!
Sigamos nos banhando de alegria na vida.
Alexandre L'Omi L'Odò
Quilombo Cultural Malunguinho
alexandrelomilodo@gmail.com
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