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Um registro fidedigno de uma tradição bicentenária.
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Os Ilús (Iyàn, Melè e Melè Nkó), Agbè, Gàn, Palmas e Vozes, chamam as divindades africanas pra brincar na terra com seus adoradores e filhos a pelo menos 10.000 anos...
Alujá, Bata, Ego, Ebotá, Ijexá, Nagô, Jeje, Barra Vento, Sete Pancadas... Ritmos nossos que soam do Sítio de Tia Inês Ifatinuké... (a fundadora desta tradição em Pernambuco).
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Tudo começou assim: Uma festa de Orixá, em uma tarde no terreiro mais tradicional de Pernambuco. Ali se encontravam grandes personalidades religiosas da tradição Nagô Egbá, ou Obá Omi, a tradição de Pai Adão, um antigo sacerdote que imprimiu sua dignidade e força espiritual no imaginário da tradição afro descendente do Brasil durante sua gestão religiosa na casa de Iyemanjá Ogunté, na Estrada Velha de Água Fria.
A proposta era captar a sonoridade e os cânticos sagrados deste povo.
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O resultado desta mistura técnica de qualidade atenciosa e do real axé (força) da musicalidade dos orixás, gerou um surpreendente e esperançoso CD, que traz inéditos cânticos secretos, até então jamais ouvidos.
Cânticos para Ossain, para Orunmilá, para todos os Orixás, enchem nossos ouvidos de dúvida e interesse, de alegria e ritmo forte, cadente e vibrante.
Trazendo também a participação da última filha viva do babalorixá Pai Adão, a Tia Mãezinha, filha de Xangô, uma das iniciadas mais antigas vivas do Estado, nos revela aspectos particulares da relação de gosto por cânticos de seu pai, que logo na segunda faixa do CD, canta uma das toadas mais importantes cantada por ele, em sua época.
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O Cd tem todo um visual adequado e bem elaborado por seus artistas gráficos, o André Hosoi e Fabiana Queirolo, que no conteúdo agregaram o texto bem abalizado do atual Babalorixá do Sítio, o senhor Manoel Nascimento Costa, o Manoel Papai, Ogunté Farã, que traz dados históricos e informações essenciais sobre o contexto que se refere o disco. Todos os cânticos são na língua Yorùbá, e sendo assim, a tradução também feita pelo Sr. Manoel Papai nos leva a um conhecimento aprofundado desta tradição que muito o Brasil deve reparação e reconhecimento, sendo o próprio CD um material também didático e desmistificador.
Realmente vale a pena escutar este belo fonograma, pois se não há mercado no Brasil que o consuma, com certeza os melhores ouvidos, atenciosos a novidades musicais mundiais vão consumi-lo como um disco que é indispensável a qualquer acervo de qualidade.
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Xoxo obé xoxo obé - *Nosso pedido será atendido
Odara coma eyó - Legbará limpe o caminho
Odara coma eyó - Legbará limpe o caminho
Xoxo obé odara koma seke - Exú não age ás pressas
Odara baba ebó - Ele toma todo tempo que precisa.
Odara baba ebó - Ele toma todo tempo que precisa.
* (Toada para Exú. **Não é uma tradução literal)
Ficha Técnica:
Fonograma: Sítio de Pai Adão, Ritmos Africanos no Xangô do Recife
Direção geral: Manoel Costa Papai
Direção/Produção Musical: Renata Amaral
Direção Técnica: André Magalhães
Captação e Administração: Amélia Cunha
Produção Executiva: Patrícia Ferraz
Gravações Adicionais: Estúdio Fábrica, por Marcílio Moura e André Magalhães/ Recife, julho de 2005.
Mixado e Masterizado no Estúdio Zabumba, SP, por André Magalhães. Patrocínios: Governo do Estado de Pernambuco-Secretaria de Cultura/Fundarpe - Funcultura- Pernambuco.
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*Alexandre Alberto Santos de Oliveira (*L'Omi L'Odò)
(alexandrelomilodo@gmail.com)
Aluno 1º período de Produção Fonográfica- AESO Barros Melo
Manhã.
Trabalho da cadeira de Indústria Fonográfica. Profª.: Débora Nascimento
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