sexta-feira, 1 de novembro de 2024

As leis Malunuginho e suas micro-histórias

As leis Malunguinho e suas micro-histórias

As leis Malunguinho, que são em número 06 até o presente momento no Estado de Pernambuco, nasceram a partir da luta política do Quilombo Cultural Malunguinho (@qcmalunguinho) em prol do povo de terreiro e da educação negíndia.

Para fortalecer a lei federal 10.639/03, que prevê o ensino da história da África e dos afro descendentes nas instituições escolares e demais locais de formação, foi pensada a Lei Estadual da Vivência e Prática da Cultura Afro Pernambucana 13.298/07, revogada e relocada na lei estadual 16.241/17, a Lei Malunguinho, que prevê uma semana de atividades dedicadas à memória do líder negro Malunguinho e tudo que esteja ligado a temática afro indígena.

 

Lei Malunguinho 13.298/07. Acervo Quuilombo Cultural Malunuginho e Casa das Matas do Reis Malunguinho.

Esta lei mãe, que serviu de modelo para as demais leis, acrescentou no calendário de comemorações de Pernambuco o quilombola Malunguinho e consequentemente a Jurema Sagrada como uma possibilidade oficial para debate, atividades escolares, eventos, caminhadas, etc.  A lei nasceu com a força afro indígena com apoio do deputado Isaltino Nascimento.

A celebração da aprovação e homologação desta lei, aconteceu no plenário central da ALEPE em 2007, sendo historicamente a primeira gira do povo de terreiro neste local, o mesmo que em 1835 mandou exterminar Malunguinho. O ilú bateu forte e a fumaçada do Reis Malunguinho reinou neste dia, registrando na história oficial de Pernambuco esse ato inédito até então.

Seguindo nosso exemplo, nasceu quase que simultaneamente a lei municipal de Olinda - 5591/2007, que perpassou também pelo Quilombo Cultural Malunguinho e foi parida para fortalecer a estadual.

Lei Malunuginho de Olinda 5591/2007. Acervo Quilombo Cultural Malunuginho e Casa das Matas do Reis Malunguinho.

Unindo-se a este movimento em defesa da educação negríndia, nasceu a do município de São Lourenço da Mata - 2.285/2009, aprovada com total apoio e articulação da instituição Afro Educação, do professor Alexandre Dias e Carlos Alberto. Também houve celebração na Cidade, seguida de anualmente vários eventos provindos dela.

Leu Malunguinho de São Lourenço da Mata, nº 2.285/2009. Acervo Quilombo Cultural Malunguinho e Casa das Matas do Reis Malunguinho.

No município de Goiana, único a ter o Quilombo do Catucá oficialmente reconhecido na esfera federal, no distrito de São Lourenço de Tejucupapo, aprovou de forma silenciosa, afinal não sabemos como foi a articulação, a lei - 2.294/2015, que instituiu no calendário escolar da Cidade, o dia 18 de setembro para atividades em torno da memória de Malunguinho e toda sua luta. Um detalhe importante, é que só em 2024 que tomamos, nós e as lideranças do Quilombo do Catucá, ciência da existência dessa lei.

Lei Malunguinho da Cidade de Goiana (Mata Norte de Pernambuco), Nº 2.294/2015. Acervo Quilombo Cultural Malunguinho e Casa das Matas do Reis Malunguinho.

Em março de 2019, seguindo a corrente de luta, nasceu a de Recife - 18.562/2019, que foi proposta pelo vereador Ivan Moraes Filho, que me convocou para ampliar as perspectivas da lei e dando um nome mais completo, incluindo os povos indígenas nela entre outros parágrafos mais adequados ao tempo atual. Foi a Lei municipal da Vivência e Prática da Cultura Afro-indígena Pernambucana.

Lei Malunguinho do Recife, Nº 18.562/2019. Acervo Quilombo Cultural Malunguinho e Casa das Matas do Reis Malunguinho.

Em dezembro de 2019, foi aprovada a Lei Municipal de Vivência, Prática da Religião, Cultura e Tradições Afro-indígenas de Igarassu - 3.164/2019, articulação também do Quilombo Cultural Malunguinho com lideranças locais da Cidade, como Gilmar Kaya Ngongo e Diviol Lira.

Lei Malunuginho da Cidade de Igarassu, Nº 3.164/2019. Acervo Quilombo Cultural Malunguinho e Casa das Matas do Reis Malunguinho.

Em meio a isso tudo, conseguimos articular a instituição do nome de Estrada de Malunguinho em uma via rural de longa extensão que se inicia no final da avenida Santa Catarina, no cruzamento de acesso à barragem da COMPESA, no Rio Utinga, exatamente nas coordenadas 7º52’20.7”S – 34º5525’9”W, seguindo o curso do Rio Utinga até a divisa com a Cidade de Abreu e Lima. Esta via não fora nominada até então, cabendo-nos argumentar e incluir na Lei Orgânica da Cidade mais esse avanço em homenagem à memória do Reis Malunguinho, garantindo a perpetuação do nome desse líder em órgãos oficiais. Todo o entorno do Rio Utinga, fora Catucá na primeira metade do século XIX, e via de fuga desses quilombolas.

Já houveram muitas atividades ao longo dos anos nas escolas públicas. As que mais se destacaram foi o EREM Mariano Teixeira que durante 12 anos realizou a lei Malunguinho com a força da Professora Célia Cabral e no EREM Cândido Duarte, que até hoje tem o Núcleo Malunguinho de pesquisa que realiza anualmente diversas atividades utilizando essas leis. O professor Rodrigo Correia, leva com muito afinco este trabalho. Toda essa movimentação foi profundamente estudada na dissertação de mestrado “Malunguinho na aula é Reis – perspectivas para uma educação contra colonial, do mestre e doutorando em antropologia Henrique Falcão.

Alguns já chegaram a dizer que essas leis são inúteis, pois não se realizam no Estado de forma ampla. Discordamos veementemente, pois as leis estão aí pra serem realizadas por quem desejar, assim como são por diversas pessoas que inclusive as incluem em seus projetos. Pena não terem orçamento previsto, grande deficiência delas, mas o argumento que elas oferecem é histórico e oficial, podendo servir para realizarmos qualquer projeto, na escola ou fora dela, nos terreiros, nos espaços públicos, etc.

Um erro corriqueiro de percepção sobre o dia 18 de setembro, como data comemorativa, deu-se a partir da lei estadual 13.298/07, pois nela se afirma que esta data teria sido o dia que Malunguinho teria sido morto em combate, e isso não é verdade. A data de 18 de setembro, configura do dia da comunicação do assassinato em combate cruel do Malunguinho João Batista, podendo o mesmo ter sido morto dias, semanas ou até meses antes, levando em consideração que os comunicados escritos demoravam muito a serem oficializados devido a logística geográfica e de condições diversas da época. Na lei ficou esse erro, devido à falta de compreensão de quem a redigiu em 2007. Após aprovada, ficou ali este equívoco de interpretação que não condiz com os fatos históricos de fato.

Outro equívoco muito comum é achar que o Malunguinho João Batista, o último a ser derrotado no Catucá em 1835, teria sido o mais relevante. Mesmo sendo famigerado e muito citado nas documentações, o Malunguinho mais importante e que teve sua cabeça colocada a prêmio pelo maior valor pedido pela cabeça de um negro escravizado na época (100 mil-réis) foi o possível primeiro e mais poderoso de todos os Malunguinhos, morto em 1829.  

Sobre a história desse grande líder negro temos muito o que debater. As leis Malunguinho foram construídas para fortalecer a luta, e assim conseguimos. Em 2025 até uma Escola de Samba do RJ do grupo especial, a Unidos da Viradouro irá dar sua interpretação da história de Malunguinho. Vejam até onde conseguimos chegar com um trabalho realizado há pelo menos 20 anos atrás. São inúmeros os documentários, textos, fotos do Kipupa Malunguinho, teses, dissertações, TCC’s, projetos, desfiles, homenagens, CD, etc. A partir do Quilombo Cultural Malunguinho muito se conseguiu registrar para ajudar na preservação da memória da luta por liberdade do Quilombo do Catucá.

Malunguinho sempre esteve vivo! Continua mais forte que nunca. Vivo nos terreiros, na história e nas leis. Nenhuma entidade ou divindade da Jurema chegou a ter esse privilégio. Queremos que mais histórias saiam do ostracismo branco e venham para nosso mundo nos educar e empretecer e indigenecer nossas vidas, mentes, corações e ações.

Sobô Nirê Mafá Reis Malunguinho!

Triunfa Riá!

Saramunanga Cipopá!

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Alexandre L'Omi L'Odò

Quilombo Cultural Malunguinho

alexandrelomilodo@gmail.com

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

CD Sobô Nirê - meu labor da mata será lançado dia 16/10 em todas plataformas digitais

Capa do CD Sobô Nirê - meu labor da mata. Arte de Wellington Tatoo.

CD Sobô Nirê – meu labor da mata

O CD Sobô Nirê - meu labor da mata é um documento fonográfico criado para propiciar um diálogo da tradição dos cânticos sagrados de Malunguinho com a contemporaneidade e as artes de forma livre, criativa e fundamentada numa pesquisa séria. As toadas do Reis Malunguinho, divindade do panteão da Jurema Sagrada, atravessaram séculos, sendo cantadas cotidianamente nos terreiros através das entidades incorporadas e dos juremeiros e juremeiras. Sucessos tradicionais mais que centenários repetidos de forma ritual em quase todo Nordeste. Sim, toadas são sucessos musicais que atravessam gerações sem precisar da indústria fonográfica, e que podem transcender os espaços sagrados dos terreiros para invadir as plataformas digitais de música sendo reinterpretadas através de artistas ligados ou não à Jurema. Afinal, assim como a fumaça, a arte é livre.

As toadas cantadas na umbanda, candomblé e Jurema, povoam o imaginário da música popular brasileira desde a década de 1940, não sendo qualquer novidade as interpretações livremente artísticas, incluindo efeitos digitais, guitarras, e demais instrumentos, respeitando a liberdade poética de cada artista. Baden Power, Vinicios de Moraes, Clara Nunes, entre outros e outras artistas e sacerdotes, como Pai Edu do Alto da Sé de Olinda, Joãozinho da Gomea, gravaram discos, cd’s, fitas k7, etc, preservando a memória desses cânticos que embalam nossas vidas inteiras, seja dentro dos terreiros ou fora deles.

Há 10 nos guardado na gaveta (2014-2024), esperando ser aprovado em editais públicos de fomento à cultura (pleiteamos mais de cinco vezes, sem sermos aprovados), decidimos encerrar as expectativas com apoios dos governos e vimos à público divulgar este trabalho feito com tanto amor e fé, com tanta dedicação dos artistas envolvidos, que merece ser ouvido deliberadamente e ecoar por todos os meios possíveis, levando a mensagem da Jurema do Reis Malunguinho pro mundo.

O CD Sobô Nirê- Meu labor da mata contém 13 faixas com um mix entre toadas tradicionais e músicas inéditas com criações e arranjos que trazem a identidade sonora de cada artista pernambucano integrante do projeto.  O processo de captação, pós-produção e finalização foi realizado no Estúdio Peixe Sonoro (CTCD Nascedouro de Peixinhos/ITEP), a pesquisa histórica e a articulação cultural artística ficaram a cargo do Pesquisador historiador, mestre em ciências da religião e juremeiro Alexandre L’Omi L’Odò, Quilombo Cultural Malunguinho, que concebeu o projeto e participou em todas suas instâncias de realização, sendo o produtor fonográfico da obra. A produção musical esteve a cargo do músico percussionista Rinaldo Aquino, Ogan e L’Omi. A produção geral ficou a cargo do jornalista e juremeiro Ricardo Nunes, que com maestria dedicou todo seu suor para a realização deste projeto. A pesquisa foi extraída do livro ainda no prelo, “Malunguinho e seus cânticos sagrados na Jurema”, que contém mais de cem toadas registradas nos mais de 20 anos de pesquisa realizada por L’Omi.  

A proposta inicial era realizar um CD com toadas de Malunguinho, reunindo grande parte de seu arsenal musical na Jurema. Quando o projeto chegou nas mãos de Selma Leite (CTCD Nascedouro de Peixinhos) para gravação Estúdio Peixe Sonoro. Aprovado pelo seu mérito histórico e cultural de preservação de nossas raízes, ela sugeriu a ampliação e o convidasse de outros artistas para criar um universo maior que valorizasse ainda mais o trabalho. Assim foi feito e aceito. Projeto aprovado em um dos editais do Estúdio Peixe Sonoro, conseguiu realizar uma integração valiosa de artista que dedicaram sua criatividade e talento para dar vida a algo inédito e o resultado ficou admirável. Todos os músicos, grupos e pessoas partícipes deste trabalho cederam seus direitos autorais de imagem e som para o projeto.

Este projeto foi assinado como produção do Selo Fonográfico Peixe Sonoro, contando com uma produção colaborativa entre o CTCD Nascedouro de Peixinhos e os artistas convidados: Karynna Spinelli, Bojo da Macaíba, Coco dos Pretos, Bongar, Lucas dos Prazeres e Chinelo de Iaiá, e juremeiros e juremeiras convidados para gravar as faixas com toadas. Pai Vado de Pau Ferro, Pai Marivaldo Cabuêta, Cristina do Arraiá, Mãe Rosa do Palácio de Yemanjá, Thúlio do Bongar, entre outras pessoas contribuíram contando em faixas diversas, umas que estão no CD e outras que no futuro virão à público.  

A capa

Desenhada e pintada a punho pelo artista plástico, tatuador e ogan Wellington Nascimento da Silva, o renomado Wellington Tatoo (@manguedemim), a capa traz elementos que retratam o imaginário do Reis Malunguinho na Jurema Sagrada. Utilizando-se de suas cores rituais, verde, vermelho e preto, para dar o tom correto ao trabalho, traduzindo sua cromociência, os desenhos imprimem seus símbolos mais fortes, a estrela de sete pontas, ou estrela de Malunguinho que é destaque principal da arte. Adornada por sete chaves que representam as chaves que abrem ou fecham os portões sagrados das sete principais Cidades da Jurema, aludem ao poder espiritual que essa divindade tem no contexto juremológico da religião, dono das chaves mestras dos encantos. Ao centro, tem sua imagem em destaque, a mesma que podemos ver nos terreiros, quando é cultuado como Exu/trunqueiro (o garotinho preto sentado à espreita, observando quem vem e quem vai). Essa imagem, é a mesma desenhada por Flávio Felipe de Carvalho Filho em 2016, para compor as ilustrações da dissertação de mestrado Juremologia (L’Odò, p. 272, 2017). A pintura que faz a moldura dessa capa, traz elementos tribais africanos e quatro flechas, que cercam, dão forma e sentido semiótico ao que quer falar a arte: Malunguinho é negríndio.

A saudação “Sobô Nirê”, enigmática afirmação secreta e única na tradição da Jurema para uma divindade, afinal não há outra entidade ou divindade que tenha uma saudação só sua como Malunguinho, traz sua mais importante reverência, ainda pesquisada e não traduzida publicamente. O sub título “Meu Labor da Mata”, é um trecho de sua toada: “Malunguinho é meu labor, meu labor da mata... Oh meu labor da mata”, cantada por vezes pelos mais velhos como “oh meu amor da mata”, sendo uma das toadas de melodia e ritmo mais interessantes desta divindade, e também que afirma sua importância na mata sagrada, onde ele é o labor, a força, o ser pujante, a máquina que faz moer toda Ciência dentro dos segredos mestres.

Ficha técnica

Produção fonográfica: Alexandre L’Omi L’Odò.

Selo e estúdio: Peixe Sonoro.

Produção executiva: Selma Leite.

Produção geral: Ricardo Nunes

Técnicos de som: Peixe Sonoro

Produção musical: Rinaldo de Aquino, Alexandre L’Omi L’Odò e Pedro Santos

Produção Artística, pesquisa, articulação, direção artísitica: Alexandre L’Omi L’Odò.

Pós-produção, mixagem e masterização final: Alexandre L’Omi L’Odò, Marinho, Léo D.

Artistas: Grupo Bongar, Lucas dos Prazeres, Chinelo de Iaiá, Bojo da Macaíba, Coco dos Pretos e Karynna Spineli.

Juremeiros e juremeiras envolvidos: Cristina do Arraiá, Pai Marivaldo Cabuêta, Mãe Rosa do Palácio de Yemanjá, Juliana Barbosa, Ogan Rinaldo Aquino, Ogan Thúlio da Xambá.

Capa: Wellington Nascimento da Silva.

Serviço:

O CD Sobô Nirê - meu labor da mata, estará acessível gratuitamente em todas as plataformas digitais em 16 de outubro de 2024. Após o lançamento, também disponibiliraremos no YouTube.

Alexandre L'Omi L'Odò

Quilombo Cultural Malunuguinho 

alexandrelomilodo@gmail.com 

quinta-feira, 6 de junho de 2024

A Pequena Juremeira - websérie em 3 capítulos

A Pequena Juremeira – websérie em 3 capítulos

Lançamento 08 de junho de 2024 com exibição e debate presencial


Helô (11), a Pequena Juremeira, é uma criança de terreiro, que desde os seus três anos de idade participa intensamente da tradição da Jurema e do Candomblé no terreiro Casa das Matas do Reis Malunguinho. Com uma inteligência notável e criatividade fora do comum, ela se destaca por compor sozinha, e sem a orientação de seus pais, toadas para as entidades, orações e desenhos sobre sua fé. 

Ela gosta de organizar suas vestimentas religiosas, criar ilustrações sobre sua vivência no terreiro, tocar maracá, cantar e pensar sobre sua própria religião. Já nasceu com o dom, afinal de contas os mais velhos já diziam: “quem é bom já nasce feito, e quem quer fazer não pode”.

A partir de alguns vídeos produzidos por ela de forma amadora, onde aparece cantando suas próprias toadas, nasceu a ideia desta websérie, que registra em 3 episódios sua originalidade e linguagem próprias para lidar com o universo da Jurema Sagrada e símbolos afroindígenas de seu terreiro.

Este é um trabalho audiovisual para crianças, mas pessoas de todas as faixas etárias também poderão se emocionar com a beleza da fala dessa criança tão especial.


Em cada episódio, propomos os seguintes conteúdos:

1º - Nasci para a Jurema (09’47): traz Welica, mãe de Helô, contando a história da Pequena Juremeira Helô e a sua própria história. Mostra alguns de seus cânticos e desenhos trilhando os caminhos da mata sagrada do Catucá onde Malunguinho, seu padrinho na Jurema Sagrada, guia todos os caminhos. Entre fumaçadas e histórias, receitas de ervas, entidades e divindades, o episódio transborda amor e emoção;

2º – Toadas e maracás (12’52): Helô canta parte de sua produção de toadas autorais e outras, demonstrando seus conhecimentos sobre os caboclos e demais entidades. Em sua fala, podemos ver seu amor e compreensão do sagrado da Jurema. Também mostra sua relação na escola com a religião e seu modo próprio de lutar contra o racismo religioso, em prol do respeito à diversidade religiosa.

3º – Minhas roupas de Jurema (11’42): A Pequena Juremeira vai à casa de sua avó Cida, onde apresenta suas roupas e adereços costurados com muito carinho pela vovó, que a ensina essa arte, fazendo de Helô sua aprendiz. A emoção de Cida transborda em ver, na mata sagrada, essa criança com tanta força, ciência e fé na espiritualidade da Jurema de sua própria família, e cantando as toadas que ela mesma compôs para sua pombojira, Boca da Mata, e a pombojira de sua avó, Rosa. Ela ainda fala de sua concepção de Exu, mostrando os saberes que adquiriu no terreiro.


Sobre o projeto

Helô, tem em sua mãe Welica, proponente do projeto, o melhor exemplo a ser seguido. Com muito carinho, cuidado e liberdade, essa criança prodigiosa quer apresentar ao mundo seu próprio imaginário, seu terreiro e suas entidades e divindades. Cheia de sensibilidades, os 3 episódios vêm para somar na luta pela difusão dos saberes tradicionais para crianças de terreiro. No intuito de salvaguardar os conhecimentos e vivência da Jurema Sagrada, religião de matriz afroindígena, a websérie A Pequena Juremeira vai emocionar e mostrar que o racismo e a intolerância religiosa nunca terão mais força que o acolhimento e amor negríndios dos terreiros. A espiritualidade em Helô manda seu recado para as futuras gerações de forma amorosa e sensível.

Este projeto, idealizado e coordenado por Alexandre L’Omi L’Odò, sacerdote de Helô, nasceu em plena Pandemia, em conjunto com seus pais, e submetido ao edital da lei Aldir Blanc, aprovado consequentemente em 2022 A continuidade da religião, com força, sabedoria, respeito e ciência, é o recado maior desse trabalho. Ver uma criança ter tamanho potencial de forma inata, nos dá a esperança e a certeza de que estamos contribuindo da forma correta na continuidade da tradição e religião de matriz africana e indígena. Helô é também essa esperança, essa fumacinha de fé que ilumina nossas vidas e se espalha no universo levando a força da Jurema para o mundo por meio dessa série feita com muito amor e carinho por todos nós.


Ficha técnica

Apresentação: Heloísa Vitória

Toadas autorais: Heloísa Vitória

Concepção, roteiro e direção:  Alexandre L'Omi L'Odò

Direção, produção executiva e artística: Wélica Silva

Assistente de produção: Henrique Falcão

Assistente de produção:  Oliver Matheus

Assistência técnica: Ronaldo Francisco

Assistência técnica: Wedison Custódio da Silva

Trilha Sonora:  Alexandre L'Omi L'Odò, DL

Trilha Sonora incidental: Cd Sobô Nirê - meu labor da Mata

Figurino e Direção de arte – Cida Ferreira

Fotografias: Acervo Quilombo Cultural Malunguinho e Casa das Matas do Reis Malunguinho

Translades: Diviol Lira

Realização: Quilombo cultural Malunguinho e Casa das Matas do Reis Malunguinho

Imagens: Adriano Lima e Johnson Silva/ Angola Filmes

Edição: Adriano Lima e Alexandro Lopes

Incentivo: Lei Aldir Blanc 2022


Serviço:

Lançamento da série A Pequena Juremeira

Dia 08 de junho de 2024

Exibição no canal de youtude de Alexandre L'Omi L'Odò - https://www.youtube.com/channel/UCg4oBW3OvcJxh8jbYOn3YaA  https://www.youtube.com/channel/UCg4oBW3OvcJxh8jbYOn3YaA 

Haverá exibição pública no Terreiro Casa das Matas do Reis Malunuginho, com debate. Gratis e aberto ao público.


Alexandre L'Omi L'Odò

Quilombo Cultural Malunguinho 

alexandrelomilodo@gmail.com

Quilombo Cultural Malunguinho

Quilombo Cultural Malunguinho
Entidade cultural da resistência negra pernambucana, luta e educação através da religião negra e indígena e da cultura afro-brasileira!