Espaço internacional de discussão e troca de saberes. Local para estreitar nossas negras discussões e lucubrações sobre a Música Percussiva (Yorùbá/afro-descendente e nordestina) e as religiões das matrizes indígenas e africanas, além de todo o seu imaginário histórico, social, cultural e pedagógico. Local de exposição de vivências práticas com a religião negra!!!
Seminário Religiões de Matrizes Africanas e Indígenas
Abrindo o mês da Consciência Negra na UNICAP
O Seminário, pretende revelar aos participantes as diversas faces destas religiões brasileiras que são mistificadas e satanizadas pela sociedade, que sem possibilidade de terem acesso à informações reais teológicas, criam uma imagem completamente equivocada sobre estas tradições seculares.
Com a perspectiva de mostrar o Candomblé e suas diversas nações, o culto da Jurema Sagrada, a Pajelança, o Jarê, o Candomblé de Caboclo entre outras formas religiosas com uma metodologia epistemologicamente afrocentrada e indocentrada, todas as exposições serão focadas no significado teogônico, teosófico e histórico de cada uma, focando essencialmente no modelo principal do candomblé (culto aos Orixás) e na Jurema Sagrada do Nordeste, que tem papel fundamental nos terreiros de Pernambuco.
Trazendo como convidado especial o teólogo da religião de matriz africana e indígena, o professor e sacerdote Jayro Pereira de Jesus (Oxoguian Kalafor), baiano e profundo militante histórico do movimento negro e de terreiro do Brasil, a discussão se aprofundará com um dos maiores pensadores da religião afro no nosso país.
Sob a regência do professor Vanderlei Lain, escritor do livro Nova Consciência: A Autonomia Religiosa Pós-Moderna (Libertas, 2008) e professor da cadeira de Humanidade e Transcendência do curso de História da UNICAP, o seminário será o âmbito mais propício para uma boa conversa séria sobre fé, religião e religiosidade e filosofias de vida, mentalidades.
Abrindo o mês de novembro, o Mês da Consciência Negra, este evento que tem apoio do Quilombo Cultural Malunguinho e da UNICAP, promete promover muitas discussões relativas a realidade contemporânea do negro e índio na sociedade.
Expondo os conteúdos teremos Alexandre L'Omi L'Odò, aluno do curso de História, Alice Barbosa, aluna do curso de Direito, Marcelo Carrilho, do curso de Engenharia e o Fagner Nascimento, aluno do curso de História, todos da Universidade Católica de Pernambuco, que embora sejam de cursos distintos, discutirão o tema em grupo.
Em meio ao Feriadão e o dia de Finados, os Orixás, Caboclos, Mestres, Exús, Trunqueiros e Eguns, farão a festa na Universidade!
Serviço
Seminário Religiões de Matrizes Africanas e Indígenas Dia 01 de Novembro de 2010 Às 13h no Bloco G sala 703 - 7° andar Evento Gratuito Contatos: alexandrelomilodo@gmail.com 81. 8887-1496
"Se wo were fi na wo Sankofa a yenkyi".
Alexandre L'Omi L'Odò
Sacerdote Iyawò L'Osún e Juremeiro Aluno do curso de História
Faixa e procissão pelo centro de Camaragibe. Oxum Padroeira da cidade de Camaragibe - PE Uma questão de luta para a preservação dos mananciais e do ecossistema!
No dia 31 de julho de 2010, no município de Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife, numa tarde que o sol fazia manha no céu, nos dando luzes avermelhadas, confortáveis aos olhos dos camaragibenses e outros que ao centro comercial da cidade chegaram para participar do evento que o povo de terreiro daquela região realizou, nos iluminou de forma transcendente o fato histórico para a comunidade do candomblé, jurema, umbanda, enfim, aos cultuadores de Orixás e Jurema, que ocorreu naquela tarde.
Materializando em forma de passeata pública, da Avenida Doutor Belmínio Correia até a Queda D'água, na Vila da Fábrica, numa cachoeira de acesso arriscado, levando a Cesta da Oxum, acompanhados pelo Afoxé Iyámi Balé Jilé, da Mameto Balé Jiná, a Mãe Nadja de Angola, do bairro do Ibura, no Recife, os sacerdotes e sacerdotisas, iniciados, neófitos e admiradores das diversas manifestações afro indígenas religiosas, além de representações políticas e governamentais, levaram ao conhecimento geral do povo da cidade a informação de que o Orixá Oxum, havia se tornado padroeira da cidade, por motivos de ideologia e preocupação ecológica, pois Oxum, sendo o Orixá dos rios e das águas doces, foi eleita pelo coletivo de sacerdotes e sacerdotisas do município, como ícone da preservação dos rios e mananciais da cidade após vasta consulta ao Ifá (jogo de búzios) e a diálogos com povo de terreiro da localidade.
Pai Gilmar de Ògún. Um dos organizadores e idealizadores do evento.
O Mapeamento dos Terreiros de Recife e Região Metropolitana, revelou cerca de 60 terreiros na cidade, tendo outros 5 que apareceram depois do processo da pesquisa ter finalizado. Contudo, podemos ver um bom número de templos dedicados ao culto dos Orixás e da Jurema na localidade, revelando sua expressiva força afro indígena religiosa.
A cidade, cortada pelo Rio Capibaribe, e tendo diversos mananciais, além de cachoeiras, sofre forte processo de poluição por parte de fábricas, lixo das comunidades e a total falta de políticas públicas de preservação do ecossistema local, fato este, que coloca o povo de terreiro em situação crítica de preocupação, pois sem água no há axé, sem água não há vida, sem rio, Oxum, a dona da fertilidade humana, da gravidez, das crianças e gestação e, da fertilidade da terra, morre, some, é afastada de seu domínio mítico teológico natural. Pensando em reverter este processo de autodestruição coletiva, os babalorixás, iyálorixás, juremeiros e juremeiras, e todos das religiões afro indígenas, inteligentemente resolveram criar atividades que trouxessem esta realidade à consciência coletiva do povo e dos poderes públicos, provocando assim uma discussão maior sobre o tema.
Mesmo com sérias dificuldades de comunicação e articulação com o poder público local, que não atendeu às reivindicações oficiais dos sacerdotes e sacerdotisas, como segundo o Pai Gilmar de Ògún, um dos organizadores e coordenadores do evento informou, foram enviados 5 ofícios solicitando apoio ao evento, como carro de som bom, trio elétrico e estrutura de logística e segurança para a caminhada, mas em quase nada foram atendidos, pois o carro de som foi de péssima qualidade, atrapalhando o melhor desenvolvimento das atividades e falas, além da pouca segurança e a falta até de água para os participantes beber. Isso mostra o retrato real de uma gestão não preocupada com temas de tão profunda urgência e importância. Os organizadores, acreditam inda que como o evento foi realizado e organizado por pessoas de terreiros, na maioria negros e negras de candomblé, a dificuldade foi maior, pois sabe-se da forte influência evangélica dentro dos órgãos da prefeitura. Contando com o apoio da Fundação de Cultura de Camaragibe, na pessoa de Rejane, o evento aconteceu na força coletiva do axé, força que rege o povo de terreiro, energia que transcende as dificuldades e nos ajuda junto com Exú, a realizar todas as coisas.
Alexandre L'Omi L'Odò falando sobre a importância do povo de terreiro se organizar e compreender sua história, para se defender da satanização da religião pelos evangélicos.
A convite dos organizadores do evento, os representantes da Pesquisa Socioeconômica e Cultural dos Povos de Matrizes Africanas, do MDS- Ministério do Desenvolvimento Social, UNESCO e Fundação Palmares, o Rafael Barros de MG da Filmes de Quintal, coordenador da pesquisa em Pernambuco, os pesquisadores, João Vitor, Alex Nagô e Alexandre L'Omi L'Odò, participaram ativamente do evento, com direito a fala no local.
Pai Djair de Oyá.
Com muita fé e presença de lideranças antigas dos terreiros da cidade como o Pai Djair de Oyá, que com um discurso muito bem fundamentado na afrocentricidade e na consciência negro religiosa, colocou em ordem o pensamento dos presentes, discursando de forma inflamada e cheia de força, reivindicando os direitos à natureza e a liberdade religiosa para o povo de terreiro que sofre todos os dias o racismo e a intolerância. Mãe Graça de Xangô, representante da Umbanda, falou e fez em forma de repente seu discurso defendendo nossa liberdade. Outras lideranças se manifestaram e o Iyawò Alexandre L'Omi L'Odò, tomou a fala a convite dos organizadores e falou do conceito de satanização que as igrejas neopentecostais cotidianamente vem tentando de forma agressiva e criminosa estigmatizar os terreiros e suas práticas. A fala foi muito forte e provocou manifestação de evangélicos que de longe assistiam ao evento. Dentre eles, um que com a Bíblia na mão, veio até o L'Omi e disse que a bíblia prova em um versículo que não recordo que Jesus diz que somos demônios por praticarmos a religião dos negros. esta situação de intolerância religiosa pública, gerou revolta em todos presentes, que juntaram-se e quase tomam medidas agressivas contra o intolerante racista que logo sumiu do local correndo como um covarde. L'Omi, assumiu mais uma vez a fala e colocou ordem na situação que mostrou de forma prática como se dá a satanização da religião negro indígena.
Mameto Nadja de Angola e Alexandre L'Omi L'Odò, instantes depois da intolerância religiosa cometida pelo evangélico.
Passado o fato inusitado, o corpo de sacerdotes se reuniu entorno da Cesta de Oxum, feita e decorada pelo Babalorixá Djair de Oyá, e a celebração à Oxum iniciou com muita força e visível alegria dos presentes pela vitória de no hoje poder manifestar sua fé nas ruas, sem que a polícia venha agredir e reprimir.
Mãe Graça de Xangô, discursando sobre a importância ed Oxum.
Cânticos para Oxum.
Cantando toadas à Oxum, a gira (xirê) formou-se grande e expressiva em plena praça pública de Camaragibe, ato inédito na cidade, que assistiu atenta a interessante louvação. Os prédios dos arredores encheram-se de espectadores nas janelas, os funcionários das lojas saíram para ver a gira e os ônibus que por ali passavam , paravam para assistir o culto rico em dança, ritmo e música dos candomblecistas e juremeiros ali.
Oxum se fez presente, atendendo o chamado de todos. A chuva que levemente caiu nas cabeças dos sacerdotes, prova da aceitação da homenagem à ela. A vibração foi muito forte sobre o cântico:
"Mo r'ómi màá jó- Vejo água, danço Mo r'ómi màá 'yò- Vejo água, sou feliz àgbàdo mi l'ore òjò- O meu milho é amigo da chuva"*
Xirê para Oxum.
Às 17h a procissão saiu em direção à Queda D'água, no bairro Vila da Fábrica. O transito da avenida principal da cidade foi interrompido e o cortejo com todos seguiu cantando, dançando e louvando Oxum nas ruas, proclamando ela como padroeira da cidade, informando a todos e todas a importância da preservação das águas da cidade.
Xirê para Oxum.
Mesmo os organizadores não tendo respostas da câmara dos vereadores da cidade, para que houvesse uma tramitação de lei municipal para oficialmente o município intitular Oxum como padroeira da cidade, o povo de terreiro o fez, com toda legitimidade e consciência, mostrando sua articulação e poder de discutir na altura que exige a crítica pública efetivando de forma real a intitulação popular de Oxum como Orixá feminino Padroeira de todo Camaragibe, Padroeira das águas doces que brotam do chão da cidade, camará da salvação da vida na terra!
A discussão sobre o tema pretende seguir com a realização de outros eventos. Oxum sempre encabeçando as discussões, como centro ético da preservação da natureza e das águas doces. Pai Gilmar de Ògún registra em entrevista por telefone que a luta continuará devido a importância que o rio tem para o povo de terreiro, conseqüentemente a todo ser vivo.
Òóré yeye o! (Mãe da bondade)**
Veja o vídeo deste momento:
Alexandre L'Omi L'Odò. Iyawò de Osún. alexandrelomilodo@gmail.com
_________________________________ *Oriki extraído da bibliografia: CARVALHO, José Jorge de. Cantos Sagrados do Xangô do Recife. Brasília: Fundação Cultural Palmares. 1993. pag. 96 e 97.
**Saudação à Oxum. Extraída da bibliografia: Beniste, José.As águas de Oxalá: (àwon omi Ósàlá). Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002. Pág. 127.
--> Agradeço ao Pai Gilmar de Ògún pela entrevista dada a mim por telefone e, por ter repassado informações que contribuíram muito para este texto/relatório. --> Agradeço à João Vitor que dês do primeiro momento me ajudou tmabém com informações sobre o evento, tendo sido ele o pesquisador que me convidou junto com o Rafael Barros para ir ao evento. --> As fotos são de autorias diversas. Os autores: Alexandre L'Omi L'Odò, João Vitor e Rafael Barros. O Vídeo foi filmado por Rafael Barros. --> Mesmo tendo passado tanto tempo depois do evento, só hoje Oxum me deu condições de escrever sobre este evento que ao meu ver foi historico e merece ser copiado em outras cidades.
No domingo do dia 19 de Setembro de 2010 aconteceu o V Kipupa Malunguinho Coco na Mata do Catucá, ocasião que tive o prazer de acompanhar e que comento brevemente a seguir.
Gira dentro da mata sagrada de Malunguinho.
O encontro organizado pelo Quilombo Cultural Malunguinho chegou à sua quinta edição com o objetivo de “homenagear e reconhecer Malunguinho, líder negro que elevou-se à divindade na Jurema, assumindo a patente de Rei da Jurema, se firmando na tradição oral e teológica nordestina como defensor espiritual”, como os próprios organizadores o definem.
Neste dia, Juremeiros que por vezes são também da Umbanda e/ou do Candomblé se reuniram para cantar, dançar, comer e homenagear Malunguinho, compondo uma diversidade religiosa muito bonita. Enquanto os ônibus chegavam aos poucos, as oferendas foram sendo colocadas no altar dedicado a Malunguinho, onde todos contemplavam e ajudavam nas preparações, cortando e dispondo as frutas em cestas e fumaçando-as para abençoá-las. Alguns desciam dos ônibus cantando pontos de Jurema e de homenagem a Malunguinho e outras entidades.
Para a grande maioria não era a primeira vez no encontro. Entre os presentes haviam neófitos no culto da Jurema e também pessoas que nasceram dentro da Jurema e que consideram-se juremeiros natos. Como nos disse Toninho de Malunguinho, um juremeiro nato é “aquele que é voltado à cultura e ao culto da Jurema por uma linhagem de família”.
Para alguns a Jurema é a primeira religião brasileira. Nessa concepção, ser juremeiro é ter preocupação com a natureza, é buscar o saber e a espiritualidade que essa proporciona. Ela é o saber da natureza. Para os juremeiros, a linha da Jurema e seus mestres têm ciência, ela ensina a viver, ilumina, enfim, doutrina. Dentre os vários significados associados à ciência da Jurema estão as ideias de conhecimento, complexidade, prática, consciência, auto-aprendizado, busca, saber, doutrina, procura de verdades. A Jurema é também o culto aos ancestrais índios e escravos.
Mestres na Jurema Sagrada. Seu Aílton de Trapiá.
E o Kipupa para as pessoas com quem conversei é a chance de reafirmar essa crença, entrar em contato e reforçar essa energia viva da mata. Segundo conta o pesquisador João Monteiro, o local do encontro foi escolhido em função dos recados do próprio Malunguinho, sendo a mata do encontro o provável centro de onde foi seu reinado.
Dentre os significados de Malunguinho para os participantes, encontram-se:
- "Guerreiro, Capitão da Mata, Chefe dos Quilombos".
- "Um mestre, uma pessoa libertadora".
- "A Jurema é Malunguinho"
- "Tem que ter Malunguinho para abrir a Jurema"
- "Malunguinho está presente na vida de muitos desde a infância".
- "Malunguinho nos torna irmãos na Jurema".
Depois das muitas preparações e falas oficiais, a abertura ritual do encontro foi extremamente forte e alegre. Após semanas, dias, muitíssimas horas de preparação, o início do V Kipupa representou o auge da concentração das energias de diversas pessoas e espiritualidades para que tudo desse certo. Nos rostos das pessoas presentes só se via alegria e felicidade. Os juremeiros jogavam sua fumaça para cima abençoando esse dia, elevando o recado da Jurema.
Malunguinho na mata é rei.
Procissão para entrar na Mata. Pai Tonho de Jaboatão.
Procissão e levando as oferendas.
E assim ele também foi no Kipupa, onde todos dançavam e cantavam para louvá-lo e homenageá-lo. E Malunguinho se fez presente, fosse incorporado nos médiuns ou na fluidez da energia que circulava entre as pessoas. A procissão para a mata se deu liderada pelo sacerdote Juremeiro Sandro de Jucá e a fumaça das ervas preparadas por Ary Banto. Todos seguiam em fila se concentrando para que a festa continuasse em meio à natureza, lugar de elementos tão caros a qualquer juremeiro. Lá todos puderam beber da bebida preparada da Jurema e abençoada por suas entidades.
Juremeiros, músicos, coquistas consagrados, políticos, população local, sacerdotes, estudantes, fotógrafos, cinegrafistas, historiadores, antropólogos e outros representantes da academia como o Doutor João José Reis da UFBA, vindos de vários cantos, vários lugares. Só por esse feito o encontro já merece o nome de Kipupa, uma reunião que agrega várias pessoas de diferentes origens e interesses que se juntam sob a energia espiritual da Jurema sagrada e de uma de suas entidades maiores, Malunguinho. Caboclo? Mestre? Tronqueiro ou mesmo um Exú… Cada juremeiro tem com Malunguinho uma relação única e muito pessoal, mas para todos ele representou nesse dia alegria e união.
Salve Malunguinho da Jurema sagrada!"
Entrando na Mata. Juarez e Ary Banto abrindo os caminhos.
Oferendas.
Oferendas.
Oferendas entregues à Jurema e Malunguinho. Mel dos Caboclos.
Tocadores de Ilú. Ogans.
Fé na fumaça da Jurema.
Malunguinho.
Malunguinho.
Confraternização de cumpadres na Jurema.
Mestres na Jurema.
Toninho de Malunguinho.
02 de Outubro de 2010.
Pedro Stoeckli.
Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais (2008) tendo realizado intercâmbio na faculdade de Sociale Wetenschappen - Vrije Universiteit Amsterdam (2006). Atualmente é bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e mestrando em Antropologia Social na Universidade de Brasília sendo orientando do antológico professor doutor José Jorge de Carvalho. Tem experiência na área de Antropologia, com ênfase em Antropologia e Religião, atuando principalmente nos seguintes temas: transe, corpo e consumo. ______________________________ Publico aqui, texto e fotos de Pedro Stoekcli, amigo de Belo Horizonte, atualmente morando em Brasília. A idéia deste texto a princípio era que ele, vindo de outro Estado, acadêmico que nunca havia participado de um ritual de Jurema, escrevesse suas impressões sobre o que vivenciou no V Kipupa Malunguinho. Assim o fez com muito sucesso e primor. As fotos são presentes para nós, povo da Jurema, que ao nos ver em tão sencível registro, marcamos na memória momentos de união, fé e celebração em mais um Kipupa, que ficou registrado na nossa história pessoal e coletiva. Peço aqui o muito obrigado a ele em nome do Quilombo Cultural Malunguinho, pela força dada, pelo empenho na pesquisa e por ter se incerido de corpo e alma na fumaça da consciência de nossa Jurema Sagrada.
Cansei de ir ao supermercado e encontrá-lo cheio. O alimento está barato demais. O salário dos pobres aumentou, e qualquer um agora se mete a comprar, carne, queijo, presunto, hambúrguer e iogurte. Cansei dos bares e restaurantes lotados nos fins de semana. Se sobra algum, a gentalha toda vai para a noite. Cansei dessa demagogia. Cansei de ir em Shopping e ver a pobreza comprando e desfilando com seus celulares. O governo reduziu os impostos para os computadores. A Internet virou coisa de qualquer um. Pode?
Até o filho da manicure, pedreiro, catador de papel, agora navega...
Cansei dos estacionamentos sem vaga. Com essa coisa de juro baixo, todo mundo tem carro, até a minha empregada. "É uma vergonha!", como dizia o Boris Casoy. Com o Serra os congestionamentos vão acabar, porque como em São Paulo, vai instalar postos de pedágio nas estradas brasileiras a cada 35 km e cobrar caro. Quero aumento da gasolina na calada da noite.
Cansei da moda banalizada. Agora, qualquer um pode botar uma confecção. Tem até crédito oferecido pelo governo. O que era exclusivo da Oscar Freire, agora, se vende até no camelô da 25 de Março e no Braz. Vergonha, vergonha, vergonha... Cansei dessa coisa de biodiesel, de agricultura familiar. O caseiro do meu sítio agora virou "empreendedor" no Nordeste. Pode? Cansei dessa coisa assistencialista de Bolsa Família. Esse dinheiro poderia ser utilizado para abater a dívida dos empresários de comunicação (Globo, SBT, Band, RedeTV, CNT, Folha SP, Estadão etc.). A coitada da "Veja" passando dificuldade e esse governo alimentando gabiru em Pernambuco.
É o fim do mundo. Cansei dessa história de PROUNI, que botou esses tipinhos, sem berço, na universidade. Até índio, agora, vira médico e advogado. É um desrespeito... Meus filhos, que foram bem criados, precisam conviver e competir com essa raça.
Cansei dessa história de aeroportos lotados. Hoje qualquer Zé Mane está viajando. Parece rodoviária. No tempo bom de viajar de avião só tinha pessoal bem arrumado e não existia fila pra nada. Estou até pensando em comprar um avião. O problema é que o imposto do governo Lula é muito alto para este tipo de operação.
Cansei dessa história de Luz para Todos. Os capiaus, agora, vão assistir TV até tarde. E, lógico, vão acordar ao meio-dia. Quem vai cuidar da lavoura do Brasil? Diga aí, seu Lula...
Cansei dessa história de facilitar a construção e a compra da casa própria (73% da população, hoje, tem casa própria, segundo pesquisas recentes do IBGE). E os coitados que vivem de cobrar aluguéis? O que será deles?
Cansei dessa palhaçada da desvalorização do dólar. Agora, qualquer um tem MP3, celular e câmera digital. Qualquer umazinha, aqui do prédio, vai passar férias no Exterior. É o fim...
Vou votar no Serra.
ansei, vou votar no Serra, porque quero de volta as emoções fortes do governo de FHC, quero investir no dólar em disparada e aproveitar a inflação. Investir em ações de Estatais quase de graça e vender com altos lucros. Chega dessa baboseira politicamente correta, dessa hipocrisia de cooperação.
O motor da vida é a disputa, o risco... Quem pode, pode, quem não pode, se sacode. Tenho culpa eu, se meu pai era mais esperto que os outros para ganhar dinheiro comprando ações de Estatais quase de graça? Eles que vão trabalhar, vagabundos, porque no capitalismo vence quem tem mais competência. É o único jeito de organizar a sociedade, de mostrar quem é superior e quem é inferior.
Eu ia anular, mas cansei. Basta! Vou votar no Serra. Quero ver essa gentalha no lugar que lhe é devido.
Quero minha felicidade de volta !!!
Jussara Botelho Franco _________________________________________ Bom, como eu sou uma pessoa que moro em Peixinhos, convivo com todas as dificuldades de meu bairro pobre, não voto em Serra, pois ele representa o atraso e a falta de luz para ser presidente do Brasil.
Serra Tiririca. Uma das formas de campanha dele, pra ver se ganha popularidade, cuidado com o engodo.
Seja mais um a não dar seu digno voto a este Serra! Serra já diz tudo, corta e desagrega.
Campanha Dilma 13!! Para o Brasil seguir avançando e crescendo!
Alexandre L'Omi L'Odò. Cidadão pernambucano de terreiro alexandrelomilodo@gmail.com
Povo de Santo Um documentário cheio do axé da consciência negra!
O documentário "Povo de Santo" 53min" produzido pela Omi-dudú, nos traz a possibilidade de conhecer de forma muito aprofundada e qualificada a tradição, história, dificuldades sociais e teologia das religiões de matrizes africanas da Bahia. Com sacerdotes e sacerdotisas renomados e renomadas de terreiros significativos do candomblé baiano, o média metragem nos envolve nos caminhos dos Orixás, nos traz mensagens de vida e nos fortalece com a força do axé que emana dos intrevistados. Também com pesquisadores e líderes de movimentos sociais e entidades do movimento negro, o intertexto desta produção se completa com falas que mostram o quanto é importante entendermos as raizes negras, a história dos negros no Brasil e na África negra, além de nos conscientizar contra o racismo e a intolerância religiosa.
Destaco a fala sempre consciente e profundamente antropológica/de terreiro do companheiro Vilson Caetano, antropólogo e pós-doutor que tive oportunidade de conhecer em uma mesa sobre "Comunicação e povo de terreiro" que participei como palestrante no X Alaiandê Xirê, no terreiro de Pai Air de Ogian, o Pilão de Prata em 2008, na cidade do Salvador, quando ainda a Agbení Xangô, Cléo Martins, do Axé Opo Afonjá coordenava e dirigia o evento (tempos bons...).
Assistam, enriqueçam suas mentes, rediscutam seus conceitos e vamos discutindo! Aqui segue todo documentário, destribuídos em 6 postagens do Youtube.
Argumento e Direção:Wilson Militão e Manoel Passos Pereira Roteiro e Pesquisa: Manoel Passos Pereira Direção de Fotografia: Wilson Militão Assistente de Fotografia: Robson Santana Assistente de Produção: Sue Ribero Sonorização: Robson Santana Montagem: Amina Alakija Finalizaço: Michelle Rodrigues Músicas: OBO ADDY Drum Talk Music Of The Kings
Alexandre L'Omi L'Odò Juremeiro e Iyawò de Oxum 81 8887-1496 alexandrelomilodo@gmail.com
Sacerdote juremeiro e do culto aos Orixás (Egbomi), é mestrando em Ciências da Religião pela UNICAP, graduado em licenciatura plena em História, pela Universidade Católica de Pernambuco - 2014.
É membro do Comitê Nacional de Respeito à Diversidade Religiosa da Presidência da República, e do Conselheiro de Políticas Culturais do Recife. Milita nos campos das políticas públicas.
Tem experiência na área de educação, com ênfase em educação social, artística, musical e afro indígena teológica. Desenvolve trabalhos nas áreas de pesquisa, reconhecimento e preservação de patrimônio imaterial.
Tem publicado artigos científicos sobre temas relacionados a religiosidade da jurema sagrada, nos âmbitos de sua teologia e história. Ensina língua, história e cultura yorùbá, do coco e da Jurema sagrada. Desenvolve carreira de artistas e produz filmes/documentários.
É coordenador geral do Quilombo Cultural Malunguinho e desenvolve projetos de pesquisas com povo de terreiro.
Realizador há 10 anos do Kipupa Malunguinho (encontro nacional dos juremeiros), tem estimulado uma movimentação política de fortalecimento do Povo da Jurema entorno de sua história e religiosidade.