sábado, 14 de janeiro de 2012

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA - REPORTAGEM PARA O JORNAL FUTURA



INTOLERÂNCIA RELIGIOSA 
REPORTAGEM PARA O JORNAL FUTURA

O crime da intolerância religiosa invade a cada dia mais o Brasil. Isso é assustador e merece muita atenção das autoridades e das religiões em geral. Temos que reverter este quadro. Hoje, as religiões que mais sofrem racismo e intolerância são as religiões de matrizes africanas e indígenas como o candomblé, a Jurema Sagrada, a Umbanda, o Jarê, o Tambor de Mina, o Batuque do RS etc. 

Isto tudo tem motivo claro: o racismo sofrido por negros e negras, por índios e índias. Como essas religiões pertencem a estas matrizes etno-culturais, são exatamente elas que mais sofrem toda sorte de crimes de discriminação, e abusos provindos principalmente de adeptos das igrejas evangélicas. Esta relação entre as citadas religiões não é recíproca. O povo das religiões de matrizes africanas e indígenas não tem no princípio de seus códigos de ética e teologia a perspectiva da violência contra outras formas de fé e de experiências religiosas. Como sempre em suas falas afirma o teólogo e professor Jayro Pereira de Jesus que estas religiões tem o princípio da xenofilia, e não da xenofobia, que afasta, que entende o outro como estrangeiro. 

Nossa religião agrega, protege e entende o diverso e o diferente. Este princípio chamado de xenofilia merece total apropriação em termos de consciência religiosa por parte do povo de terreiro. A compreensão mais ampla deste conceito irá nos ajudar a enfrentar de forma mais resiliente todo este processo de crimes das religiões contra a fé do negro e do índio.

Transcrevi e destaco as falas dos entrevistados nesta válida reportagem do Jornal Futura como forma de deixar mais acessível as informações que eles projetaram:
 
Professor Teólogo afro Jayro Pereira de Jesus:

“O povo da Umbanda e do Candomblé de sertã forma, histórico e secularmente, adquiriram o que a psicologia chama hoje de resiliência – Capacidade de suportar as violências históricas. E essa violência da intolerância religiosa é mais uma, ou seja, é um povo adepto calejado pelo processo histórico da violência simbólica e material que recrudesce com a intolerância religiosa e que, se comparado com a do passado, na cabeça de cada religioso afro, essa de hoje é muito amena”.

 Sacerdote Pai André:

“As pessoas aqui te discriminam, as pessoas aqui abusam de você, falam besteira na sua porta, colocam panfleto, jogam sal na sua porta, achando que o sal vai te defender de alguma coisa, ou te livrar de alguma coisa, não sei por que, nunca tive problema nenhum com sal, a não ser na pressão (arterial). A desunião do povo do candomblé também é que está colocando e dando espaço para que essas outras religiões venham e te detonem, por que se o povo do candomblé que tem nessa cidade se unissem e mostrassem o que é a religião, mostrasse a beleza que é o candomblé, não estaríamos vivendo isso hoje em dia”.

Boa leitura e reflexão. Vamos contribuir mais para uma maior divulgação de nossas religiões de terreiro. Salve a fumaça e abaixo a intolerância religiosa já!


Alexandre L'Omi L'Odò
Quilombo Cultural Malunguinho
alexandrelomildoo@gmail.com

7 comentários:

AXÉ DO VALE disse...

É hora de pensarmos em divulgar mais a nossa religião, de agir com mais afinco nas questões de torna-lá mais ainda visível. Mais é preciso, mudar certos critérios, é preciso mudar no agir dentro da própria religião, é preciso mudar conceitos doutrinários que ainda dificultam a existência e até mesmo a auto-aceitação.
Estou disposto a lutar para melhorarmos no que for preciso a nossa religião.

Por favor envie o seu e-mail para que eu possa manter contato.
kkdoilease@hotmail.com

Alexandre L'Omi L'Odò disse...

Salve irmão. É isso mesmo! Vamos em frnete para tornarmos possível um mundo melhor para nossas religiões. Salve a fumaça!

AXÉ DO VALE disse...

Há! Esqueci de dizer que também tenho um blog: AXEDOVALE.BLOGSPOT.COM. Nele,elogio, critico, defendo e divulgo as religiões de matriz africana e a nossa querida, amada, santa e sagrada JUREMA.

Marcelo disse...

Respeito muito as religiões africanas e as orientais, elas estão anos luz dos ocidentais cristãos que parecem os fariseus do século. Sou espírita e aprendi que não podemos exigir das pessoas aquilo que elas não tem. A Umbanda, em especial, conhece muito bem as pessoas e como é complicado essa figura chamada ser humano. O curioso é que não querem distribuir ou espalhar a verdade, mas tê-la para si, como se fossem os ungidos, os únicos legitimados e filhos de Deus. Se fosse assim, com todo respeito, eles não conhecem a passagem de Mateus 8:11-12 que aduz: "...Digo-vos que muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugares à mesa com Abrãao, Isac e Jacó no Reino dos Céus ao passo que os filhos do reino serão jogados para fora, nas trevas...". O prórprio Jesus já alertava que muitos padres, bispos, pastores que se acham os "doutores da lei" perderiam o seu lugar por conta de suas condutas. Assim, deixo apenas votos de perseverança e uma mensagem que me foi muito útil nesses casos. É a história de um guerreiro japonês que era muito conhecido e respeitado, mas que já estava com idade avançada. E de outro guerreiro, muito bom e bastante jovem, que pretendia desafiá-lo para se tornar o maior dos guerreiros. Acontece que esse jovem adotava como método o insulto, fazendo com que seus oponentes tomassem a iniciativa e por isso, ele antevia a decisão e conseguia neutralizar e atacar o adversário. Porém, no dia do combate com o seu oponente ele, por mais que ofendesse, não conseguiu com que ele caísse na sua artimanha e saiu possesso. O assistente então perguntou ao seu mestre porque não respondeu aos insultos. Este então lhe perguntou: " ... se alguém lhe manda um presente e o agraciado não recebe, seja porque não foi encontrado ou porque não aceita de quem é o presente?...". O aprendiz respondeu que com certeza era daquele que enviou o presente. O Mestre concordou e acrescentou:"... A mesma coisa ocorre com as ofensas, se não as aceitamos elas continuam com aqueles que as fizeram e irão acompanhá-los aonde quer que estejam. Só abriremos a nossa guarda se aceitarmos ou quisermos, por isso quanto mais tolerância menos problemas nós teremos, ao passo que eles...

Alexandre L'Omi L'Odò disse...

Perfeito Marcelo, bem lembrada a passagem bíblica.

As pessoas que nos aflingem com suas críticas, julgamentos e crimes contra a liberdade de culto, são em geral desconhecedores da bíblia. Na verdade, para que saber algo da bíblia? O povo tem que estar a margem do conhecimento para poder ser melhor manipulado. Portanto, sempre observo que uma ovelha é irracional e inerte até sentimentalmente...

Deixar as ofenças com as ovelhas, na verdade também é ser conivente com o racismo, a intolerância religiosa e também com o desfavorecimento no imaginário coletivo das pessoas que sempre vão nos identificar como maus etc. Isso deve ser combatido.

Entendo bem suas colocações ao nos retratar o conto do guerreiro japonês. Mas, infelizmente, ao que me parece esse tipo de postura não cabe no hoje, no ocidente capitalista. Mas é válido entendermos que deixar o mal com o outro sem se contaminar, é uma sabedoria transcendental absoluta. Até lá, devemos mesmo é meditar.

Axé e salve a fumaça!!

L'Omi.

Anônimo disse...

vejo que nossa religião alem de se muito criticada e apontada existe sacerdote que contribui que isso acontece se achando o próprio orixá o seu próprio Exu diante disso como você que defendi tanto vendo isso e como eu fui criada sabendo que a religião e humilde. Alexandre acompanhando seu blog tudo que você escrever nele vejo que procurando reunia mas pessoas seria melhor e muitos pai de santo não procura inova suas atitudes

Anônimo disse...

adorei o blog!!!!! Sensacional! achei muito bom trazer culturas diferentes para nossa alegria s2 <3

Quilombo Cultural Malunguinho

Quilombo Cultural Malunguinho
Entidade cultural da resistência negra pernambucana, luta e educação através da religião negra e indígena e da cultura afro-brasileira!