Digitalização da matéria do Diário de Pernambuco de 13-07-2012, Caderno Vida Urbana
Terreiros foram invadidos
Os principais alvos da revolta da população do Brejo da Madre de Deus foram os terreiros de culto afro-brasileiros e até um centro doutrinário espiritualista cristã do Agreste. A delegacia do município só registrou um caso de depredação, mas a reportagem da TV Clube/Record flagrou pelo menos quatro ocorrências. Populares afirmaram que sete terreiros de umbanda foram invadidos e saqueados em São Domingos e em Santa Cruz do Capibaribe.
O Vale do Amanhecer, centro de doutrina espiritualista cristã, também foi alvo da ira da população. Um funcionário do templo, Emanuel Jonas da Silva, chegou a ser agredido pelos populares e prestou depoimento à polícia. O centro só no foi incendiado porque policiais militares conseguiram que os manifestantes atearem fogo. O grupo ainda conseguiu saquear o centro e destruir objetos do local. "As pessoas estão invadindo os espaços aleatoriamente. Muitos não conhecem a história das religiões e estão cometendo injustiças". Apontou o delegado Antônio Dultra.
Para o coordenador nacional de formação da Rede Afro LGBT Carlos Thomás, a revolta da população do Brejo da Madre de Deus está atingindo e difamando as outras religiões. "Estão destruindo todos os terreiros do Agreste. Vão matar nosso povo por falta de conhecimento. Essas pessoas que mataram a criança nada têm a ver com a religião africana. É preciso diferenciar para que injustiças não sejam cometidas", ressaltou. "As religiões de matrizes africanas e indígenas não têm rituais que evolva sacrifício humano. O preconceito em relação a essas crenças ainda é muito grande", completou.
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A fala do professor Carlos Tomaz que também é membro do Quilombo Cultural Malunguinho reverberou bastante e foi positiva para contribuir na quebra dos preconceitos de grande parte da população não só do agreste pernambucano como de todo Brasil. A partir desta matéria podemos perceber a mídia se preocupando em consultar pessoas sérias de nossa religião para dar melhores consultorias sobre o tema. Se isso tivesse sido feito antes poderia ter evitado a revolta da população leiga que saberia distinguir religião de matrizes africanas e indígenas de magia negra ou culto macabro com sacrifícios humanos.
Alexandre L'Omi L'Odò
Quilombo Cultural Malunguinho
alexandelomilodo@gmail.com
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