Alexandre L'Omi L'Odò batendo pateó para Oxum (2005). "Assim que começa, respeito à sua essência". Foto de Aluísio Moreira.
Bariká fun mi o! Oito anos de Oxum
O Rio nunca seca!
O Rio nunca seca!
Todo dia 26 de julho bato meu pateó ("paô" - palmas) e bato minha cabeça para meu Orixá, Oxum, a dona do meu caminho de Odú para celebrar meu aniversário de iniciação no Orixá. São oito anos de iniciado hoje, dia muito importante para mim... Dia de reencontrar-me e de refletir sobre o que nestes anos todos tenho contribuído para o avanço de minha religião e de minha vida pessoal. Sou Iyawò e juremeiro, tenho nestas duas religiões (Culto Nagô/Jeje e Jurema Sagrada) minha vida livre e aberta para o auto-conhecimento e o fortalecimento de minha própria natureza. Me sinto muito feliz em poder comemorar tal data com saúde, com prosperidade e proteção espiritual.
O ano de 2012 me trouxe grandes mudanças. Mudanças imprescindíveis no caminho sacerdotal. Mudanças que Oxum e Malunguinho me deram como grande presente para eu poder aprender muito mais sobre minha religião e meu caminhar. Me preparo para ser um babalorixá, e para isso precisava aprender mais do Nagô e da Jurema Sagrada com pessoas velhas e de grande saber como Pai Paulo Ifátòógún e Mãe Lu Omitòógún, mestre e mestra do nagô pernambucano e, Mãe Terezinha Bulhões e Dona Dora, mestras na Jurema Sagrada que tanto preso. Estes zeladores hoje guardam pelo meu Orixá e pela minha Jurema com muito amor, fé, força e respeito. Isso também me deixa muito mais feliz, pois sei que estou nas mãos de pessoas históricas e éticas teologicamente.
Comemoro esta data agradecendo os 18 anos que fui integrante do Ilé Oyá T'Ogún, casa de Mãe Lúcia de Oyá, mulher negra, forte e competente que me iniciou com muito carinho e afeto no Orixá. Felizmente ou infelizmente nosso caminho se separou definitivamente, mas ainda resguardo respeito por ela e por nossa história juntos. Ela sabe o quanto contribuí para seu caminho também...
A foto acima (do parceiro Aluísio Moreira), representa muito para mim. Ela significa o respeito aos mais velhos e mais velhas, aos ancestrais e divindades africanas e indígenas, a mim e ao universo. Quando batemos cabeça ou "paô", ou pedimos a benção para um Orixá, sacerdote e ou sacerdotisa estamos reverenciando não apenas a eles, mas a nós mesmos e a nossa tradição que merece se manter viva em seus conceitos e princípios fundamentais. Bater cabeça é entrar em contato com a terra, com aquilo que nos sustenta toda vida e que nos mantém vivos eternamente, pois sempre voltamos de alguma forma à vida por causa da terra... Vivemos um ciclo contínuo de voltas...
Mais uma vez Bariká fun mi o!!!!
(Parabéns para mim)
Adupé Osún.
Alexandre L'Omi L'Odò
Iyawò e Juremeiro
alexandrelomilodo@gmail.com