Imagem de Malunguinho trunqueiro, conhecido como Malunuginho Exu. Foto de Marisa Vianna.
Hoje Malunguinho é tema de um desfile da Escola de Samba Viradouro – carnaval do RJ 2025
Hoje é um dia interessante na história de luta pelo reconhecimento do Reis Malunguinho como herói nacional e divindade da Jurema Sagrada. A Escola de Samba Unidos da Viradouro escolheu esse guerreiro da luta por liberdade da população negríndia e reforma agrária em Pernambuco, como sua personagem principal.
Há mais de 20 anos ininterruptos, nós que construimos essa história, que perpassou por inúmeros encontros, debates, teses e dissertações, shows, Kipupas, seminários, filmes, documentários, projetos, etc., vemos a nossa frente um dos sonhos realizados: Malunguinho ser tema de uma escola de samba do RJ.
Imagem de Malunguinho Caboclo. Foto de Marisa Vianna.
Claro que o processo que envolveu a construção das coisas, não perpassou por nós, assim como por muitos que realmente fizeram essa história ter tamanho valor e reconhecimento para que pesquisadores da Escola quisessem o tema pra si. Esse desfile é fruto de muito trabalho de minha vida inteira (quase), dedicadas a construção desse processo que ainda está muito longe de se concluir.
São seis leis Malunguinho implementadas, uma no Estado e outras cinco nos municípios. Foram várias escolas a executar a lei, vide Professora Célia Cabral, mal lembrada... A tese do professor PhD em história e titular da UFPE Marcus Carvalho que foi fundamental pra tudo isso... O KIPUPA que revolucionou o povo da Jurema... Vozes pouco ouvidas... Contudo está aí, hoje é o dia... Dia de ver a interpretação que a viradouro dará ao Reis Malunguinho.
Imagem de Malunguinho Mestre. Foto de Marisa Vianna.
Não concordamos que ele seja mensageiro de três mundos. Muito menos que ele veio da África e se encontrou com os índios, onde aprendeu os segredos da Jurema... A história é outra, contudo, a romantização do tema perpassa pelo caráter umbandista de lidar com o sagrado do outro. Mas isso é um tema muito longo... Abordaremos na devida hora.
Lamento por muitas coisas, e também celebro por outras. Que seja um lindo desfile, e que Reis Malunguinho, trovão/raio que traz a resposta, seja justo com a história e com tudo que envolve ela.
É super engraçado ver pessoas que não construíram nada efetivamente nessa história, participando do desfile... Mas essa é sempre a lógica do capitão do mato. E isso não é sobre a Escola.
Malunguinho Reis. Rara imagem encontrada nos terreiros mais aintigos de jurema. Foto de Marisa Vianna.
Hoje terá telão no terreiro Casa das Matas do Reis Malunguinho, para os discípulos assistirem com seus próprios olhos mais um grande fato no processo de legitimação desse Reis na historia do pais.
As quatro imagens aqui apresentadas,mostram a múltipla face dessa divindade, que é quatro em um. Ascendeu ao panteão da Jurema com uma função única: ser o mesmo herói que foi em vida, defensor do terreiro e das |Sete Cidades da Jurema, cujo ele é guardião e chaveiro, detentor da chave que não abriu senzalas, mas sim abre e fecha os caminos sagrados que levam aos reinos dos encantos mestres. Ainda há muito o que estudar sobre Malunguinho. poucos conhecem seu complexo culto. São muitas vozes dos terreiros que o salvaguardaram, cada uma com uma ciência mais linda que a outra. Esse estudo, continuo com muito entusiasmo, pois além de ser tema de mina futura tese de doutorado, é meu destino, àquelo que amo, pois afinal, Malunguinho é meu guardião, patrono, protetor e amigo de todas as horas. Sou seu discípulo devotado absolutamente.
Detalhe da conta de Jurema do sacerdote Alexandre L'Omi L'Odò. Foto de Marisa Vianna.
As imagens contidas nessa postagem, foram registros feito pela fotógrafa baiana Marisa Vianna, que me enviou com muito carinho.
Mais informações científicas, encontram-se no livro pré lançado "Malunguinho - pressupostos juremológicos para sua compreensão na Jurema Sagrada, 2023, Casa das Matas doo Reis Malunguinho e Quilombo Cultural Malunguinho, de autoria de Alexandre L'Omi.
Sobô Nirê Mafá!
Trunfa Riá!
Saramunanga Cipopá!
Alexandre L'Omi L'Odò
Quilombo Cultural Maluguinho
alexandrelomilod@gmail.com