quinta-feira, 31 de maio de 2012

Fogo Segredo


 Carnaval de Recife 2007. Foto de Alexandre L'Omi L'Odò.

Fogo Segredo.

Nunca mais havia percebido teu reflexo no tenro espelho dos egos
Guardado dentro de grades de água
Nas superfícies do mais fundo ínfimo
Com ares de céus livres de olhos

Vi-te como uma surpresa
Que surgiu do imaginável
Do fogo segredo
Que ninguém sabe pra onde vai...

Vi pedras atiradas
Os tetos todos trincaram
A chuva veio ao cais
Curvou-me a lembrança
Portanto estavas de fato lá...

Como algo estranho
Me levei a ver uma foto
Sem lembrar dos dias nem das horas
Dos presentes passados incolores
Dos silenciosos surdos dos tambores
Da fria queimadura do tempo

Vi teu sorriso mudado...
Até mais bonito e mais feio
Sem definição certa nem incerta
Porém estavas lá
Na minha surpreendente imaginação
Nas cores do som preto do trovão seco
No intacto conto dos mares doces...

Feliz aniversário Rita!
31/05/2012.


Alexandre L'Omi L'Odò
alexandrelomilodo@gmail.com

quinta-feira, 24 de maio de 2012

"Vamos Salvar a Jurema" Ato Político em defesa dos Pés de Jurema da Mestra Jardecilha em Alhandra/PB.


"Vamos Salvar a Jurema"
Ato Político em defesa dos Pés de Jurema da Mestra Jardecilha em Alhandra/PB. 

 A partir da atitude e chamado de João Paulino, neto carnal da Mestra Jardecilhapar (conheça a história da Mestra Juremeira neste link: http://qcmalunguinho.blogspot.com.br/2012/05/sos-mestra-jardecilha-allandrapb.html), nós do QCM - Quilombo Cultural Malunguinho, decidimos nos organizar em Pernambuco com o Povo da Jurema para ajudar nesta luta de todos nós. Querem destruir/matar os antigos Pés de Jurema (Cidades dos mestres) deste terreiro histórico e, já foram derrubados criminosamente 3. Não podemos deixar acontecer o que ocorreu com o ACAIS, que foi destruído de forma covarde por pessoas intolerantes. Temos que cuidar de nossos patrimônios materiais e imateriais, defender nossa história! Vamos lutar juntos neste encontro de ciência, fé e fumaça! Sobô Nirê! 

Informações e Roteiro (Ler com atenção): 

06h: Saída do Memorial Zumbi dos Palmares (Largo do Carmo do Recife).

08h: Celebração da missa na igrejinha do Acaes de nossa Senhora Menina.

09:30h: Toré de Jurema em volta da “cidade” (tumulo) do Mestre Flósculo, celebrando a memória dos nossos ancestrais e chamando a força da Jurema para esta luta.

12:00h: Almoço (por conta de cada um).

14:00h: Visita ao templo da Mestra Jardecilha. Ver os pés históricos de Jurema.

17:00h: Retorno a Recife.


É importante que os juremeiros e juremeiras que decidirem participar vão de roupa adequada ao culto à Jurema e levem seus instrumentos, "gaitas", fumos e firmações.

O valor de R$ 25, deve ser pago a organização do ato político até o dia 05 de junho. O dinheiro deve ser entregue em mãos. é importante dizer que este valor será para pagar o ônibus contratado para esta viagem interestadual.

São apenas 50 lugares no ônibus. Portanto, quem desejar ir deve nos enviar um email para quilombo.cultural.malunguinho@gmail.com com os dados: 

Nome Completo
RG
Nome do Terreiro que Participa
Fone

Será divulgado aqui a listagem das pessoas que vão. E da mesma forma também será dito quando encerrar as inscrições.

Dúvidas, entrar em contato com:

Alexandre L'Omi L'Odò - 81. 8887-1496 (Oi)
João Monteiro - 81. 9428-4898 (Claro)


Alexandre L'Omi L'Odò
Quilombo Cultural Malunguinho

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Querem deturpar as discussões sérias sobre a Jurema Sagrada

Preacas (arcos-e-flechas de guerra) de Caboclo na Jurema. Foto de Laila Santana.

  Querem deturpar as discussões sérias sobre a Jurema Sagrada

É claro que as discussões religiosas e políticas entorno da Jurema Sagrada são coisas recentes no campo do diálogo e autoconhecimento do povo de terreiro. Se muito, tem dez anos que este tipo de discussão vem sendo fomentada e levada pelo QCM - Quilombo Cultural Malunguinho, entidade que nos meados de 2004 iniciou um processo de fortalecimento destas temáticas a partir do personagem negro Malunguinho, que é uma divindade da Jurema Sagrada e também um herói negro/índio da história de Pernambuco. Neste tempo (2004), a entidade chamava-se ainda de Grupo de Estudos Malunguinho, que tinha como objetivo promover encontros entre a academia e do povo de terreiro para discutirem juntos temas da teologia, história, cultura, política e transcendência, entre outros temas, no espaço do Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano, o APEJE. Neste local repousam parte fundamental da documentação histórica de todo Estado de PE.

Hoje vemos disfarçada de discussão uma série de críticas destrutivas a este trabalho histórico do QCM. Coisas como, “Vocês querem ser os donos da Jurema”, “Vocês são o IMETRO da Jurema”, “Malunguinho pra baixar nos terreiros vai ter que pagar pedágio a vocês”, e mais um monte de absurdos que só explicitam o despreparo total e o nível de discussão de nosso povo em encarar temáticas e problematizações objetivas sobre religião e ética em nosso meio.

Recentemente, um caso chamou muito a atenção da mídia na internet, em especial no facebook, uma rede social virtual. Um de nossos irmãos da Jurema postou uma fotografia onde expunha um homem “manifestado” com a Mestra Paulina, vestido como mulher, sendo segurado por mais 3 homens. A princípio, sabemos que as práticas da Jurema dentro dos terreiros tem se transformado de forma bastante estranha e descaracterizada nos últimos anos. E também compreendemos que estas transformações são fruto da péssima formação dentro dos terreiros. O que impera hoje neste meio é o ego e a auto-lógica de fazer e recriar a religião de forma irresponsável, descompromissada com a ancestralidade e a história. Uma espécie de auto-recriação do mundo espiritual, mítico, místico e religioso...

Como quase não há mais pessoas antigas dispostas a ensinar, os mais jovens se sustentam na lógica de fazer a coisa por suas próprias mãos, ou por suas próprias lógicas psicológicas... E é óbvio que isso deturpa a tradição. Isso degenera o patrimônio imaterial que é a Jurema e também vulgariza uma prática ancestral de cura e de cosmovisão de mundo.

Dentro deste contexto, ao criticarmos na internet certos tipos de absurdos afro indígenas teológicos, somo nivelados a baixarias distintas por parte de pessoas que enxergam estas críticas provocativas nossas como algo ofensivo e destrutivo meramente. Não avaliam nem racionalizam o sentido de contribuir na tentativa de reconstrução da identidade perdida nem da lógica de irmanação que propomos com estas atitudes. Sempre empobrecem a temática dizendo assim: “Vão cuidar de suas casas”... Querendo dizer para não nos metermos na vida deles... Como se a religião fosse uma coisa particular de cada casa... E ainda se vitimizam, afirmando que os perseguimos, fazendo um jogo para esconder seus equívocos.

Esta lógica de individualização cosmológica é absurda e até criminosa. Como pode eu dizer que dentro de minha casa eu posso fazer o que quero com a Jurema, sendo a Jurema uma religião de todos e todas? Partindo destas observação, podemos abrir um precedente enorme de discussões intelectuais e religiosas sobre o tema.

Entendemos as limitações postas historicamente para todo povo indígena e negro neste país. Compreendemos onde estamos e com quem estamos, mas isso não pode ser considerado um elemento válido para pormos panos mornos nestas discussões. Não podemos ser omissos com o sério problema da ameaça de extinção que nossa religião está sofrendo. Temos que reagir.

Muitos afirmam: “Deixa isso pra lá, esse povo é tudo burro e ignorante”... Ou ainda dizem: “Vocês são doidos em falar certas coisas, se fosse eu ficava calado”. Não acreditamos nestas afirmações, sabemos que este povo tem saber e ciência, portanto, condições de crescer nas discussões e entendimentos sobre a própria religião. Para nós, o preocupante, assim como afirmou Martin Luther King é: “O que me (nos) preocupa não é o grito dos fortes e sim o silencio dos fracos”... E, é este silêncio que nos condena ao lugar dos fracos e oprimidos, atmosfera que não queremos nos inserir nem nos manter. Assim como revela o provérbio: “O silêncio é a virtude dos fracos”, podemos interpretar que o grande silencio que paira sobre este tema por parte de pessoas sérias da religião advém de sua condição de histórico-psicológica de inferioridade, descrença e despreocupação total com o futuro da religião. Isso sim nos estimula a tentar muito mais ainda trazer a Jurema para um espaço de discussão ampliado. Para tentar contribuir concretamente para salvá-la. Vamos tentar fazer isso em futuros (breves) projetos nossos que pretendem trazer todo este povo pela primeira vez para contribuir em um pensamento coletivo da nossa gente.

Chega de palavras presas, de dores engolidas a seco, de perdoar o erro dos amigos por pura falta de amor e respeito à Jurema. Temos que falar, respeitando claro, as pessoas. Sempre respeitamos.

Portanto, pedimos aos amigos e amigas que se unam entorno desta questão nossa. Vamos discutir, fomentar mais diálogos, ajudar as pessoas a compreender mais os nossos problemas e tentarmos juntos vencer estes absurdos que só nos expõem ao ridículo e ao infortúnio.

Enquanto uns dizem na internet que vão “colocar mais fotos de mestras travestidas e fechando”, temos que dizer que a Jurema é uma beleza desconhecida ainda por eles mesmos.

Salve a fumaça e vamos transcender este limite da ignorância! Abaixo a omissão.
"Vamos salvar a Jurema, que é de nossa obrigação"!
Sobô Nirê!


Alexandre L’Omi L’Odò.
Quilombo Cultural Malunguinho
alexandrelomilodo@gmail.com

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Palestra Joe Beasley



Palestra Joe Beasley 

Numa parceria entre a Fundação Joaquim Nabuco, o Consulado Norte-americano e a Faculdade Maurício de Nassau, será realizada no próximo dia 11/5/2012, no auditório Benicio Dias,  a palestra "Conectando os pontos, assegurando a verdadeira liberdade" para alem do século XXI  do lider ativista do Movimento dos Direitos Civis nos EUA, Senhor Joe Beasley. 
O norte-americano Joe Beasley, uma das lendas vivas do Movimento dos Direitos Civis nos EUA, nasceu nas plantações do estado da Georgia em 1936. Viveu em um mundo racialmente segregado. Atualmente é presidente da Fundação que tem seu nome e da African Ascension (Ascensão Africana): projeto criado por ele para construir uma rede relacionamentos entre descendentes africanos ao redor do mundo no sentido de fomentar iniciativas. É também Diretor Regional da Rainbow/PUSH Coalition: organização com fins sociais criada pelo também conhecido líder ativista dos Direitos Civis, reverendo Jesse Jackson. Já exerceu várias funções ao longo de sua vida, inclusive servindo a aeronáutica dos EUA durante 21 anos em missões em muitos países. No Brasil, foi um instrumento importante na formação da Universidade Zumbi dos Palmares em São Paulo. 

Contamos com sua presença!

Serviço:

Palestra com Joe Beasley
Local: Faculdade Mauricio de Nassau 
Data: 11/05/2012
15h
Grátis


Alexandre L'Omi L'Odò
Quilombo Cultural Malunguinho
alexandrelomilodo@gmail.com

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Lançamento do Resultado do Mapeamento dos Terreiros de Recife e Região Metropolitana - 07/05/2012


Lançamento do Resultado do Mapeamento dos Terreiros de Recife e Região Metropolitana - 07/05/2012

É com muita alegria, embora a demora, que acontecerá o lançamento oficial pelo MDS do livro Alimento: Direito Sagrado - Pesquisa Socioeconômico e Cultural de Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiros. Este importante evento acontecerá na Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP, Rua do Príncipe 610, no Bloco G, no auditório G1, no Centro do Recife. A publicação traz todo o resultado da pesquisa realizada em Recife e sua Região Metropolitana em 2010.

Foram mais de 1400 terreiros visitados pelos pesquisadores no período de três meses. 

Portanto, se faz fundamental a presença do Povo de Terreiro neste momento de celebração e reflexão sobre os resultados revelados no livro.

Ainda será entregue um CD com todos os terreiros e fotos mapeados.

Visitem o site e baixem o livro gratuitamente:

Site do Mapeamento:

Baixe aqui o livro: 


Serviço

O quê? - Lançamento oficial do Mapeamento dos Terreiros de Recife e RM
Quando? - Dia 07/05/2012
Que horas? Às 16h.
Local: UNICAP - Rua do Príncipe 610, no Bloco G, no auditório G1, no Centro do Recife.
Grátis. 


Alexandre L'Omi L'Odò
Quilombo Cultural Malunguinho
alexandrelomilodo@gmail.com

Quilombo Cultural Malunguinho

Quilombo Cultural Malunguinho
Entidade cultural da resistência negra pernambucana, luta e educação através da religião negra e indígena e da cultura afro-brasileira!