Texto Original:
Política de Igualdade Racial
Ao se ler os jornais nesse período de instalação do novo mandato presidencial, com a primeira mulher presidenta da República, verifica-se invariavelmente que as matérias com relação às posses dos ministros do governo federal mereceram relevantes coberturas das mídias em geral, com exceção da posse da ministra de Política de Promoção da Igualdade Racial, Dra. Luiza Bairros em que as notícias se ativeram a notas epigráficas. Trazendo a questão para o governo do Estado de Pernambuco, a percepção é a de que a política das relações étnico-raciais é tratada e decidida aqui no âmbito das relações domésticas familiares à revelia das organizações do movimento social negro, ficando denotada nessa prática ainda fortes resquícios da sociologia colonial da casa grande e senzala. O homicídio de jovens afrodescendentes no Estado é assustador e por isso tem que se cuidar para que o Pacto pela Vida, não se converta no Pacto pela Vida Eterna a ponto de se configurar numa política efetiva de extermínio consentido. Enfim, a política de promoção de igualdade racial do Estado de Pernambuco é inquestionavelmente medíocre, de caráter personalista e autopromocional com requintes de excentricidade em que as realizações de natureza insipiente e folclórica têm acabado por banalizar, desmerecer e descredibilizar a questão racial de forma a aviltar a dignidade do povo negro desse Estado que precisa ser consubstanciada e que de acordo com a ministra Luiza Bairros: “é preciso potencializar as ações para consolidar a cidadania negra” (DP, Política, p. A8, 4/1/2011).
Jayro Pereira de Jesus
(Teólogo da Religião Afro)
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