Mestre Galo Preto cantando com seu coral de ouro (Valéria, Jaene Jay e Mariana). Foto de Xirumba Amorim.
Mestre Galo Preto no Programa Som na Rural - "Nunca Fui Repentista de Rua"!
Convidado a participar da gravação do programa da TV Brasil, Som na Rural, o Mestre Galo Preto foi incitado a realizar uma de suas apresentações mais empolgantes e inéditas: cantar na praça; na Pracinha do Diário, no centro do Recife exatamente, local onde no passado se negou a cantar embolada e nunca o fez até a data de 26 de Janeiro de 2011, momento da gravação do Programa.
Palco e templo de históricos cantadores de coco e embolada, como o Mestre Preto Limão, irmão sanguíneo de Galo Preto, Curió, seu outro irmão sanguíneo já falecido, de Pinto e Rouxinol, Treme Terra entre inúmeros outros. Esta Pracinha, foi transformada em local de "trabalho" onde estes antigos Mestres fizeram a cidade se adaptar a cultura que foi muito bem aceita em seu tempo pelos amantes da música tradicional da terra.
Sambando e sapateando. Foto de Xirumba Amorim.
Com a arte da cantoria de rua, muito tradicional até a década de 80 naquele local, os repentistas emboladores "disputavam talento" com poesia de altíssimo nível e rimas incríveis. Realizavam momentos que levavam o público ao deliro ao assistir verdadeiras batalhas de inteligência poética.
Mas..., o Mestre Galo Preto fez um caminho inverso ao dos seus irmãos cantadores, decidiu ser artista de palco, de rádio e de televisão, decisão essa que o levou aos mais altos níveis da mídia nacional, trazendo-o reconhecimento pela sua arte, arte esta que eu considero genética, tendo em vista que todos e todas de sua família tinham o dom da cantoria e da arte do improviso rimado. pois mesmo no sendo geneticista, consigo perceber que a tradição de sua família é muito própria deles.
Galo nunca quis cantar e "passar o pandeiro" para pedir dinheiro, segundo ele "eu tinha vergonha, não achava que àquilo fosse pra mim", mas sempre respeitou e admirou seus irmãos que seguiram esta carreira.
Matéria do jornal Diário de Pernambuco - Recife, domingo, 14 de outubro de 1979. Caderno Gente. entrevista de Lêda Rivas.
Por ironia do destino, quem sabe, aos 75 anos de idade, cantou pela primeira vez em uma praça pública, a céu aberto com público o cercando para escutar o que em outrora foi naquele local motivo e ponto de parada para se ouvir a música dos pandeiros, do desafio de poesia, do coco, da embolada.
Não passou o pandeiro. Mas fez de fato uma linda apresentação em memória de todos os cantadores que por ali passaram. Falou isso na entrevista que concedeu ao Programa. O apresentador Roger de Renór, o entrevistou um dia antes dentro da Rural e no dia da gravação do show fez mais perguntas sobre a emoção dele em estar num local que no passado não o agradava... Daí o Mestre deu respostas emocionantes, que todos e todas puderam assistir na TV Brasil, entre os meses de junho e julho, acreditamos...
Público na Pracinha do Diário. Foto de Xirumba Amorim.
Público. Foto de Xirumba Amorim.
Ainda com a participação do coquista Zé Neguinho do Coco, o programa se propôs a realizar uma edição especial só sobre o coco e sua diversidade. Todo programa será pautado com entrevistas, falas e show.
Zé Neguinho do Coco e Mestre Galo Preto. Foto de Alexandre L'Omi L'Odò.
Zé Neguinho do Coco e a banda O Tronco da Jurema (do Mestre Galo Preto). Foto de Xirumba Amorim.
Eu, fui convidado pela produção da Rural, especialmente pela jornalista Alice Chitunda/Tila, responsável pelo núcleo de reportagem da Rural para ser um cicerone na entrevista à dona Ana Lúcia do Coco, do Alto do Sarapião, no Amaro Branco - Olinda. minha fala foi de pesquisador, que criou um roteiro sobre a história do coco no nordeste e sua migração ao litoral. Também foram pautadas as questões de gênero no coco, além da presença de mulheres protagonistas na cantoria desta cultura.
O Programa está rico em informações e musicalidade. De fato está imperdível esta produção local para a televisão mundial. O programa será transmitido a mais de 20 países e terá espaço na televisão nacional através da TV Brasil. Portanto, mesmo sem nunca ter tido cantado em uma praça, o Mestre Galo Preto realizou em sua carreira um sonho que no passado não foi aceito por ele, e que depois de tantos anos fincou seus pés como cantador de rua, colocando em seu vastíssimo currículo mais esta atividade histórica para ele e pra o coco.
Mestre Galo Preto e O Tronco da Jurema. Foto de Xirumba Amorim.
E como em uma matéria do passado ele disse: "Nunca fui repentista de Rua", hoje esta afirmação está terminantemente quebrada para o bem desta tradição que a cada dia está mais escassa na nossa cidade. Agradecemos a Roger de Renór e toda sua produção pela oportunidade e reconhecimento da importância da música do coco para o Brasil/mundo. Obrigado Tila em especial.
Roda de coco no final da gravação com os coquistas e reppers que estavam no local. Da esquerda para a direita: Adiel Luna, Zé Brown, Mestre Galo Preto, ..., Pinto e Zé Neguinho do Coco. Foto de Leandro Tavares.
Visitem o Facebook do Som na Rural:
Alexandre L'Omi L'Odò
Produção do Mestre Galo Preto
alexandrelomilodo@gmail.com
Um comentário:
O Mestre Galo Preto é dotado de um talento único, verdadeiro representante da cultura do coco e da negritude consciente brasileira. Sou Fã demais!
Altamira Neves - Paraná. sksivili
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