sábado, 15 de agosto de 2009

Cinquenta Dias a Bordo de um Navio Negreiro.


UM LIVRINHO REALMENTE TERRÍVEL!

Não! Calma! Não vou falar de nenhum livro que anda aí anunciado pra virar best-seller, não! Eu, hein!? "Quem refresca bico de pato é lama" - já dizia minha Tia Sinhá. E "beira de penico não é cocada!", como repetia Vó Maria.

Quero falar de um livrinho de bolso, com apenas 121 páginas, definido como "terrível" no prefácio do mestre Alberto Costa e Silva, historiador que aprendeu, in loco, a amar a África, seus filhos, netos e bisnetos, mesmo os "misturados".

O livro chama-se "Cinqüenta dias a bordo de um navio negreiro", foi escrito pelo reverendo inglês Pascoe Greenfell Hill, narra acontecimentos passados a bordo de um navio negreiro capturado quando vinha de Moçambique para o Brasil, em 1842, já depois de proibido o tráfico atlântico.

Nele, a gente lê coisas assim:

"A tempestade aproximou-se, e eu e outros que estavam deitados no tombadilho recebemos o aviso através de pesadas gotas de chuva. A isso se seguiu uma cena de horror que é impossível descrever".

A cena descrita é a de cerca de 500 escravos se atropelando em busca de abrigo no exíguo porão do navio, o qual de tão quente emanava fumaça. Empurra daqui, pisa da li, o resultado foi esse:

"A previsão do espanhol sobre ontem à noite foi tristemente verificada hoje de manhã. Cinqüenta e quatro corpos esmagados e lacerados foram içados do tombadilho dos escravos trazidos para o passadiço e jogados ao mar."

Brabeza, esse tipo de cena se repete diversas vezes ao longo do livro. E o que é pior: vitimando dezenas de crianças e jovens mulheres indefesas.

Estamos lendo e ainda não chegamos ao fim do livrinho. Mas podemos garantir que é uma das coisas mais brabas que já lemos até hoje. Brabas como as que, por razões semelhantes (cobiça, busca de lucros fáceis, desumanidade, arrogância, complexo de superioridade etc.) ainda se repetem por aí, vez por outra, neste país grande, que não é de bolso, nem é de papel. Mas que é racista - é sim -, não temos a mínima dúvida!


*Cinqüenta dias a bordo de um navio negreiro' traz o relato do reverendo Pascoe Granfell Hill (1804-1882), que, em meados do século XIX, acompanhou a Marinha britânica na captura de um navio que transportava escravos negros para o Brasil. A liberdade, no entanto, só viria depois de uma outra longa jornada, na qual os africanos continuariam vivendo em condições precárias e de semi-servidão; na viagem que Hill descreve neste seu diário, entre Quelimane e Cidade do Cabo, 163 das 444 pessoas - das quais 213 eram crianças - que se encontravam nos porões. Em uma passagem particularmente forte, Hill descreve a imagem da manhã seguinte a uma tempestade em alto mar, na qual quatrocentos negros, teoricamente livres, foram obrigados a ocupar um porão de 70 m²...

Título: Cinquenta dias a bordo de um navio negreiro
Título Original:
Subtítulo:
Autor: Pascoe Grenfell Hill
Tradução:
Editora: Jose Olympio
Assunto: Relatos De Viagens E Aventura
ISBN: 850300884X
Idioma: Português
Tipo de Capa: BROCHURA
Edição: 1
Número de Páginas: 124
Valor: R$: 19.90

Texto extraído do Blog Meu Lote do companheiro e professor Nei Lopes.
Pesquisa de mercado e adaptação: L'Omi.

Alexandre L'Omi L'Odò.
Lendo...

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